Páginas

quinta-feira, 2 de março de 2023

 


Por aqueles a quem tivemos afeição

 

(62) Prefácio

 

            Como é horrível a ideia do nada! Como são dignos de lástima os que creem que a voz do amigo que chora o seu amigo se perde no vácuo, sem encontrar o menor sinal de resposta! Jamais conheceram as afeições puras e santas os que pensam que tudo morre com o corpo. Que o gênio, depois de iluminar o mundo com a sua poderosa inteligência, é uma combinação de matéria que se extingue como um sopro para sempre; que do ser mais querido, como o pai, a mãe, um filho adorado, não restará mais do que um punhado de pó, que o tempo dissipa sem volta!

            Como pode um homem de bom coração ficar indiferente a esse pensamento? Como a ideia de um aniquilamento absoluto não o gela de horror, e não o faz pelo menos desejar que assim não seja? Se até agora a razão não foi suficiente para dissipar suas dúvidas, eis que o Espiritismo o vem fazer, através das provas materiais da sobrevivência da alma que nos proporciona, e consequentemente da existência dos seres de além-túmulo. Por isso, por toda a parte essas provas são recebidas com alegria. A confiança renasce, pois o homem sabe, de agora em diante, que a vida terrestre é apenas uma rápida passagem, que conduz a uma vida melhor; que seus trabalhos neste mundo não ficam perdidos para ele, e que suas mais santas afeições não são destruídas sem qualquer esperança (caps. 4, item 18 e 5, item 21).

 

(63) Prece

 

            Digne-se, ó! meu Deus, acolher favoravelmente a prece que lhe dirijo pelo espírito de fulano! Faça-lhe perceber as suas luzes divinas, e facilite-lhe o caminho da felicidade eterna! Permita que os bons espíritos levem até ele minhas palavras e meu pensamento.

            E você, que me era caro neste mundo, ouça a minha voz que o chama para dar-lhe uma nova prova da minha afeição! Deus permitiu que você fosse libertado antes de mim, e eu não poderia lamentá-lo sem egoísmo, porque isso equivaleria a desejar que continuasse sujeito às penas e aos sofrimentos da vida. Espero, pois, resignado, o momento da nossa união, nesse mundo mais feliz, ao qual chegou antes de mim.

            Sei que nossa separação é apenas momentânea, e que, por mais longa ela possa parecer- me, sua duração se apaga ante a eternidade de venturas que Deus promete a seus eleitos. Que sua bondade me livre de fazer qualquer coisa que possa retardar esse instante desejado, e que assim me poupe a dor de não o encontrar, ao sair do meu cativeiro terrestre.

            Oh! Como é doce e consoladora a certeza de não haver, entre nós, mais do que um véu material, que o esconde às minhas vistas; de que  você pode estar aqui, ao meu lado, a me ver e ouvir como outrora, talvez ainda melhor do que antes; de que não me esquece, da mesma maneira como não o esqueço; de que os nossos pensamentos constantemente se encontram, e de que o seu me segue e me ampara sempre!

            Que a paz do Senhor esteja com você!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Caminhos Paz: Nossa homenagem ao Dia da Europa (Irmão Jó)   Superada uma guerra mundial Com milhões de judeus sacrificados, Era tempo de ...