- EM DIA COM O MACHADO 460:
- A evolução pede passagem...
Mens
agitat molem (A mente move a matéria) –
Virgílio, Eneida, VI, 727. Apud ANDRADE, Hernani Guimarães. A
mente move a matéria. São Paulo: FE Ed. Jornalística Ltda, 2005.
Estive refletindo sobre a época atual.
Muitas pessoas negam que o mundo evoluiu, moralmente, nos últimos milênios.
Isso não é novidade, pois já há quem não creia que o Cristo tenha encarnado na
Terra. Negam a história de milhares de cristãos, cruelmente assassinados, mas
criticam os absurdos cometidos pela Igreja, quando esta passou a fazer parte do
Estado e, consequentemente, da política. No entanto, a Igreja foi criada pelos
que sucederam aos mártires cristãos. Outras pessoas pregam a anarquia dos
sentidos, pois, segundo seu juízo, ninguém sairá vivo do mundo. Confundem o
cérebro, órgão de manifestação do pensamento, com a mente, faculdade da alma
que comanda esse órgão.
Tanto umas quanto outras afirmam que
todas as filosofias antigas e modernas nada mais são que manifestações de
ideias de alguns seres humanos criativos, que desejam manter-se no controle da
situação e submeter os fracos às suas elucubrações mentais. Os objetivos são o
poder e a riqueza.
Hoje, porém, a consciência humanitária
atingiu estágio jamais alcançado. Como exemplo, temos o avanço extraordinário dos
meios de comunicação, que nos permitem ver e falar, instantaneamente, com
alguém que esteja no outro lado da Terra. A liberdade de manifestação do pensamento
e o respeito às diferenças são muito maiores do que em priscas eras, em especial
nos países democratas. Mulheres têm seus direitos e dignidade mais respeitados,
preconceitos são combatidos, e animais têm seus defensores.
Atualmente, famílias de classe média vivem
mais confortavelmente que monarcas de dois séculos atrás. A educação tem
alcançado um número de pessoas nunca antes atingido, e a medicina oferece
especializações médicas para a terapia de cada órgão corporal. Tratamentos com
choque elétrico a doentes mentais foram substituídos por remédios potentes;
implantes dentários substituem dentaduras postiças; cirurgias oculares corrigem
deficiências visuais; vacinas antiviróticas obtêm resultados altamente
eficazes; próteses mecânicas permitem que portadores de necessidades
especiais levem vidas normais; serviços públicos e privados contratam essas
pessoas etc. etc.
O que falta aos que negam a evolução
humana é o estudo e a fé nas três revelações divinas anunciadas há milênios,
desprovidas dos preconceitos provenientes das falsas ideologias. Estudo para
comprovarem suas manifestações ao longo dos séculos. Fé para libertarem-se dos
condicionamentos causados pelos negativistas de todos os tempos, que ainda
vivem sob o jugo das paixões e da profunda ignorância espiritual.
Embora sempre tenha havido revelações
locais, destinadas a coibirem a brutalidade dos diversos povos, imperam no
mundo três principais revelações divinas: a primeira, representada pelos Dez
Mandamentos, teve em Moisés seu revelador; a segunda tem em Jesus Cristo a
figura central; e a terceira, prometida por este para ficar eternamente entre
nós, é o Espiritismo, também chamada Doutrina dos Espíritos, cuja direção
central é a de Jesus.
Reflitamos
nestas palavras de Allan Kardec, ao se referir ao "caráter da revelação
espírita" no capítulo primeiro d'A Gênese:
O
Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de
Moisés, é a consequência direta da sua doutrina. À ideia vaga da vida futura,
acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa
o espaço, e com isso precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma
realidade à ideia. Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que
ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte. Pelo Espiritismo, o
homem sabe de onde vem, para onde vai, por que está na Terra, por que sofre
temporariamente e vê por toda parte a Justiça de Deus. Sabe que a alma progride
incessantemente, através de uma série de existências sucessivas, até atingir o
grau de perfeição que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um
mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com a mesma aptidão para progredir,
em virtude do seu livre-arbítrio; que todas são da mesma essência e que não há
diferença entre elas, senão quanto ao progresso realizado; que todas têm o
mesmo destino e alcançarão o mesmo fim, mais ou menos rapidamente, conforme seu
trabalho e boa vontade.
Diz ele
ainda que não há quem esteja deserdado, nem quem seja mais favorecido, pois
Deus não privilegiou a criação de seus seres. Tudo evolui, todos estamos
submetidos à lei do amor, da justiça e do trabalho; não há quem esteja
destinado ao mal e ao sofrimento eternos. Demônios, do grego daimónium,
são Espíritos imperfeitos, que tanto praticam o mal, quando encarnados, quanto
o praticam no mundo espiritual. Eles também estão sujeitos à lei do progresso. E
os chamados anjos nada mais são do que Espíritos que aproveitaram essa lei no
bem incessante. Enfim, conclui Kardec, todos somos filhos das próprias obras,
mas ninguém é deserdado pelo Pai, que preside toda a Criação: Deus!
Saúde,
paz e bem, amigos leitores!
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