13.5.11 Benefícios retribuídos com ingratidão
Guia Protetor
Sens, 1862
Que devemos pensar das pessoas que, tendo sido pagas com ingratidão por seus benefícios, não fazem mais o bem por medo de encontrar ingratos?
Essas pessoas têm mais egoísmo do que caridade, porque fazer
o bem somente para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer
desinteressadamente, e somente o bem desinteressado é agradável a Deus. São também
orgulhosas, porque se comprazem na humildade do beneficiado, que vem colocar a
seus pés seu testemunho de reconhecimento. Aquele que busca na Terra a
recompensa do bem que faz, não a receberá no céu, mas Deus a reservará para o
que não a procura no mundo.
Devemos sempre ajudar aos fracos, mesmo sabendo-se de
antemão que aqueles a quem fazemos o bem não nos serão gratos. Saibam que, se
aquele a quem prestam um serviço esquecer o benefício, Deus terá este mais em
conta do que se vocês fossem recompensados pela gratidão daquele. Deus permite
que às vezes vocês sejam pagos com a ingratidão, para provar sua perseverança
em fazer o bem.
Quem sabe, aliás, se esse benefício, esquecido, momentaneamente,
não produzirá mais tarde bons frutos? Fiquem certos, portanto, de que essa é
uma semente que germinará com o tempo. Infelizmente, vocês não veem nunca além
do presente; trabalham para si mesmos e não pelos outros. Os benefícios acabam
por amolecer os corações mais endurecidos; eles podem ficar esquecidos aqui na,
Terra, mas quando o Espírito se livrar do corpo, ele se lembrará, e essa
lembrança será o seu castigo. Então, ele lamentará a sua ingratidão, desejará reparar
sua falta, pagar sua dívida noutra existência, aceitando mesmo, frequentemente,
uma vida de devotamento ao seu benfeitor.
É assim que, sem o suspeitarem, vocês terão
contribuído para o progresso moral do beneficiado, e reconhecerão então toda a
verdade desta máxima: um benefício nunca se perde. Mas vocês terão também
trabalhado para si mesmos, pois terão o mérito de haver feito o bem com
desinteresse, sem desanimar com as
decepções.
Ah, meus amigos, se vocês conhecessem todos os laços que, na vida atual, os ligam às suas existências anteriores; se pudessem abarcar a multidão das relações que aproximam os seres uns dos outros, para seu progresso mútuo, vocês admirariam muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que lhes permite renascer para chegarem a Ele.
Tradução livre da 3ª ed. francesa pelo prof. dr. Jorge Leite de Oliveira
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