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domingo, 18 de dezembro de 2022

 


27.6 Instruções dos espíritos

 

            Modo de orar, de V. Monod, e felicidade da oração, de Santo Agostinho, são as instruções que serão tratadas nos próximos dois subitens (frase nossa).

 

27.6.1 Modo de orar - V. Monod. Bordeaux, 1862 

 

            O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar seu retorno à atividade diária, é a oração. Quase todos vocês oram, mas quão poucos sabem realmente orar! Que importa ao Senhor as frases que vocês ligam maquinalmente umas às outras, porque já se habituaram a repeti-las, porque é um dever que têm de cumprir e que lhes pesa, como todo dever?
            A prece do cristão, do espírita, principalmente, de qualquer culto que seja, deve ser feita no momento em que o espírito retoma o jugo da carne, ela deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundidade, num impulso de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia. Pela noite transcorrida, durante a qual lhe foi permitido, embora não guarde a lembrança disso, retornar junto aos amigos e aos guias, para nesse contato haurir novas forças e mais perseverança. Ela deve elevar-se humilde aos pés do Senhor, para recomendar-lhe sua fraqueza, para suplicar-lhe seu amparo,  sua indulgência,  sua misericórdia. Deve ser profunda, porque é sua alma que deve elevar-se ao Criador e deve transfigurar-se, como Jesus no Tabor, para chegar até ele branca e radiante de esperança e de amor.
            Suas preces devem encerrar o pedido das graças de que vocês necessitam, mas de que necessitam realmente. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que abrevie suas provas, que lhes dê alegrias e riquezas. Peçam-lhe antes os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digam, como dizem muitos dentre vocês: Não vale a pena orar, porque Deus não me atende. O que pedem a Deus, na maioria das vezes? Já se lembraram de pedir sua melhoria moral? Oh, não, muito pouco! O que se lembram de pedir é  sucesso para seus empreendimentos terrenos, e depois exclamam: Deus não se preocupa conosco; se se preocupasse, não haveria tantas injustiças. Peçam, pois, antes de tudo, para se tornarem melhores, e verão que torrentes de graças e consolações se derramarão sobre vocês! (cap. 5, it. 4).
            Orem incessantemente, sem para isso procurarem seu oratório ou caírem de joelhos nas praças públicas. A prece diária é o cumprimento dos seus deveres, dos seus deveres sem exceção, de qualquer natureza que sejam. Não é um ato de amor para com o Senhor assistirem seus irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? Não é um ato de reconhecimento elevar a Ele seu pensamento, quando uma felicidade lhes chega, quando evitam um acidente, ou mesmo quando uma simples contrariedade lhes toca de leve a alma, e dizem mentalmente: Seja bendito, meu Pai!? Não é um ato de contrição, se humilharem ante o Juiz Supremo, quando sentirem que faliram, mesmo que seja por breve pensamento, para lhe dizer: Perdoe-me meu Deus, porque pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dê-me a força de não tornar a falir e a coragem de reparar a minha falta!?
            Isto independe das preces regulares da manhã e da noite, e dos dias consagrados; mas, como veem, a prece pode ser feita em todos os instantes, sem interromper seus trabalhos. Dita assim, ela ao contrário os santifica. Tenham a certeza de que um só desses pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por seu Pai celestial do que as longas preces repetidas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e naquela hora convencional às quais vocês são chamados maquinalmente.

            Tradução livre.

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