Em
dia com o Machado 321 (Jó>
Bom dia, amigos!
Quando eu tinha quatorze anos, trabalhei
numa loja de materiais elétricos, no Rio de Janeiro. Como costuma ocorrer com
crianças e jovens, nessa época, eu observava atentamente as atitudes dos mais
velhos. O gerente da loja, guapo descendente de italiano, atendia a todos com
extrema gentileza. Principalmente às jovens e bonitas clientes. Quase sempre, ele
elogiava a beleza da moça e solicitava dela o número de telefone, após vender-lhe
lâmpadas, fios de eletricidade etc.
Algumas vezes, era atendido com um
amável e promissor sorriso; noutras ocasiões, a jovem esquivava-se da “cantada”
do belo jovem. Na época, ele devia ter uns trinta e poucos anos. Era, porém,
discreto e sabia preservar o seu conceito e o da loja que gerenciava.
Cinquenta e dois anos após, acompanhado
da esposa, parei o carro em semáforo aqui de Brasília e presenciei algo que
jamais pensara ser possível ocorrer. Vi jovem bonita abrir a janela de seu
carro e pedir, em voz alta, a outro jovem que parara pouco adiante: — Oi,
bonitão, passe-me seu telefone. Quero ficar com você, gostosão.
O bonitão,
de seu carro, negava-se a atendê-la, mas ela insistia: — Oi, gostoso, que tal ir para a cama comigo?
O jovem, entretanto, não quis saber de conversa com ela. O sinal abriu, ela foi
por um lado da rua, e ele dirigiu em sentido contrário ao dela.
A leitora e o leitor hão de rir do que
acabei de narrar. No mundo atual, muitas vezes, os papéis se invertem.
Antigamente, a iniciativa da conquista era do jovem apaixonado, e a donzela
pretendida, mesmo sentindo atração por ele, não facilitava a conquista.
Atualmente, a banalização sexual chegou a tal ponto que não há respeito nem mesmo
às pessoas do mesmo sexo. Isso deve-se tanto aos avanços tecnológicos e
científicos, quanto às influências das teorias materialistas humanas na Terra.
Para que a ciência alcance seu objetivo
de tornar nossa vida melhor, entretanto, o caminho sempre foi o da mensagem do Evangelho em espírito e vida. Este está
redivivo nas palavras dos Espíritos superiores, que foram encarregados pelo
Cristo de nos conscientizar do propósito de cada existência na Terra e das consequências
de nossos atos.
Nada há, em nossa vida, que não traga resultados.
Costumo dizer que o tempo é nosso
advogado, e a consciência, nosso
juiz. Se nossos atos bons prevalecem, o advogado é de defesa; caso contrário,
será o promotor que atuará contra nós. O juiz equânime, que tudo sente, tudo vê
e tudo julga com implacável justiça, chama-se consciência, tribunal divino.
Somente quando nos assegurarmos de que a
vida real é a do espírito, estaremos preparados para espiritualizar a matéria e
não para materializar o espírito. Então perceberemos a importância da ética em
nossos atos.
Explica Allan Kardec, no capítulo 23,
item 8 d’O Evangelho segundo o
Espiritismo:
A vida espiritual é, realmente, a
verdadeira vida, é a vida normal do Espírito; sua existência terrestre é
transitória e passageira, espécie de morte, se comparada ao esplendor e
atividade da vida espiritual. O corpo não passa de vestimenta grosseira que
reveste temporariamente o Espírito, verdadeira algema que o prende à gleba
terrena, do qual ele se sente feliz em se libertar.
Tal afirmativa não
abona o desinteresse completo pelas nossas necessidades orgânicas e tampouco
justifica o suicídio, que provoca sofrimentos inenarráveis ao desertor da
existência terrena, no mundo espiritual. Além de afastá-lo do ingresso nesse
mundo feliz da espiritualidade por tempo indeterminado. Seu objetivo é conscientizar-nos
sobre a importância de atribuirmos valor relativo à matéria, em especial ao
nosso corpo, que devemos respeitar e não submeter ao jugo das paixões animais.
Somente assim alcançaremos a verdadeira
felicidade, a baseada na sanção positiva de nossa consciência, após ouvir o advogado
tempo. Agimos no bem? O tempo é
nosso defensor. Nossos atos visaram ao
mal? Entra em cena o tempo promotor.
O veredito consciencial é sempre
justo, e nunca dorme.
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