Em
dia com o Machado 126 (jlo)
Está aqui do meu lado o
poeta Gregório de Matos Guerra, a quem pedi uma entrevista sobre o grave
momento que atravessa nosso país, às vésperas das eleições para Governador e
Presidente, em segundo turno.
Machado:
— Gregório, o que você acha do nosso governo?
Gregório:
— Respondo-vos com ligeira adaptação da
primeira estrofe do meu famoso poema "A cada canto um grande trambiqueiro":
A
cada canto um grande trambiqueiro,
Que
quer nos governar pela Dilminha.
Não
sabem governar sua cozinha
E
querem governar o brasileiro.
Machado:
—
Mas Boca do Inferno, você não aprova
a escuta feita pelos aliados?
Gregório:
—
Continuo, com a segunda estrofe adaptada do meu soneto:
Em
cada porta um esquentado olheiro,
Que
a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa,
escuta, espreita e esquadrinha,
Para levar ao foro
eleitoreiro.
Machado:
—
Entretanto, Boca de Brasa, não há,
aqui, políticos honestos?
Gregório:
—
Até que os há, porém,
Há candidatos desavergonhados,
Que trazem pelas
mãos os homens pobres,
E põem nas palmas toda
picardia.
Machado:
—
Mas e o povo, o que pensa disso?
Gregório:
—
Estupendas usuras nos mercados,
Todos,
os que não roubam, muito pobres,
E
eis o país cuja sede é Brasília.
Nada
mais lhe foi perguntado e nada mais me foi dito. Matos Guerra cumprimentou-me
de chapéu e se afastou discretamente, sob os olhares furiosos dos encarapuçados
e dos equivocados, além, naturalmente, dos que tremem só em pensar que terão de
ficar de chapéu na mão após a eleição.
Fazer
o quê, político leitor? Estuda e trabalha muito, em frentes diversificadas,
ainda que na política, e não ficarás a ver navios, quando o povo exigir governantes
que saibam governar a cozinha deste país continental, que já foi chamado Terra
de Santa Cruz, mas que, de tanto levar pau, virou Brasil...
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