Em
dia com o Machado 289 (jÓ)
— Sim, Joteli, agora lhe contarei outra
história mal justificada... É o caso do técnico que foi chamado para consertar
um computador defeituoso de determinada empresa e cobrou um valor muito alto
pelo seu conserto, valendo a pena comprar outra máquina em vez de consertar a
defeituosa.
A simples troca de um parafusinho fez
o computador voltar a funcionar. Terminado o serviço, ante o preço escorchante
cobrado, a gerência da empresa questionou o técnico desta forma:
— Tudo isto só pela troca de um
parafuso do computador?
E foi-lhe respondido o seguinte:
— Pela troca do parafuso, o custo é
de um por cento do valor cobrado, mas pelos conhecimentos técnicos para saber
qual peça precisava ser trocada, mais 99 por cento...
— Essa história é ridícula, Machado,
com todo o meu respeito à competência do profissional, o que ele fez é
estelionato...
— Também penso assim, Joteli, mas
nesta época materialista, qualquer explicação serve para tentar justificar uma
ação má. Nem todo o mundo conhece seus direitos...
— O que acabo de ouvir está
relacionado à hipocrisia. E a humildade, Bruxo?...
— Nessa grande empresa, vagara o
cargo de diretor-geral, em virtude da renúncia do então ocupante da função.
Muitos ambicionavam esse posto, mas para tal desiderato era preciso aprovar, em
eleição, alguém de alto saber, aliado à boa convivência, dedicação extrema e
muita cordialidade. Também, ali, criticava-se muito o orgulho... alheio.
Um dos postulantes ao cargo, pessoa
de vastos conhecimentos, demonstrara aos funcionários da empresa sua
competência, dedicação e humildade tão acentuadas, que não houve quem
contestasse sua eleição para o cargo vago. Tão logo foi satisfeito seu desejo,
essa pessoa passou a dedicar-se diuturnamente à elevação do conceito da empresa
na cidade.
Mas teve um porém...
— Que porém, Machado?
— Não mais conseguindo ocultar seu
desejo íntimo de mudança na empresa, contrário ao de todos os seus diretores
veteranos, tentou impor sua vontade sem qualquer justificativa plausível. Ainda
mais, teve a infelicidade de dizer a um de seus funcionários, muito influente,
o seguinte: “Agora vocês vão saber quem sou eu...” Caiu a máscara. A falsa virtude ruiu e, com ela, foi também ao
chão o diretor-geral daquela empresa, que não foi reeleito para a gestão
seguinte.
Moral da história: humildade é algo
que precisamos cultivar sempre e não por conveniência pessoal. Antes de
recomendá-la a outrem, é preciso refletir se nossos próprios atos são coerentes
com essa virtude.
Por fim, não se esqueça disto,
Joteli: quem é humilde é simples, mas não simplório e nem hipócrita.
Adiós!
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