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sábado, 4 de novembro de 2017



Em dia com o Machado 289 (jÓ)


— Sim, Joteli, agora lhe contarei outra história mal justificada... É o caso do técnico que foi chamado para consertar um computador defeituoso de determinada empresa e cobrou um valor muito alto pelo seu conserto, valendo a pena comprar outra máquina em vez de consertar a defeituosa.
            A simples troca de um parafusinho fez o computador voltar a funcionar. Terminado o serviço, ante o preço escorchante cobrado, a gerência da empresa questionou o técnico desta forma:
            — Tudo isto só pela troca de um parafuso do computador?
            E foi-lhe respondido o seguinte:
            — Pela troca do parafuso, o custo é de um por cento do valor cobrado, mas pelos conhecimentos técnicos para saber qual peça precisava ser trocada, mais 99 por cento...
            — Essa história é ridícula, Machado, com todo o meu respeito à competência do profissional, o que ele fez é estelionato...
            — Também penso assim, Joteli, mas nesta época materialista, qualquer explicação serve para tentar justificar uma ação má. Nem todo o mundo conhece seus direitos...
            — O que acabo de ouvir está relacionado à hipocrisia. E a humildade, Bruxo?...
            — Nessa grande empresa, vagara o cargo de diretor-geral, em virtude da renúncia do então ocupante da função. Muitos ambicionavam esse posto, mas para tal desiderato era preciso aprovar, em eleição, alguém de alto saber, aliado à boa convivência, dedicação extrema e muita cordialidade. Também, ali, criticava-se muito o orgulho... alheio.
            Um dos postulantes ao cargo, pessoa de vastos conhecimentos, demonstrara aos funcionários da empresa sua competência, dedicação e humildade tão acentuadas, que não houve quem contestasse sua eleição para o cargo vago. Tão logo foi satisfeito seu desejo, essa pessoa passou a dedicar-se diuturnamente à elevação do conceito da empresa na cidade.
            Mas teve um porém...
            — Que porém, Machado?
            — Não mais conseguindo ocultar seu desejo íntimo de mudança na empresa, contrário ao de todos os seus diretores veteranos, tentou impor sua vontade sem qualquer justificativa plausível. Ainda mais, teve a infelicidade de dizer a um de seus funcionários, muito influente, o seguinte: “Agora vocês vão saber quem sou eu...” Caiu a máscara. A falsa virtude ruiu e, com ela, foi também ao chão o diretor-geral daquela empresa, que não foi reeleito para a gestão seguinte.
            Moral da história: humildade é algo que precisamos cultivar sempre e não por conveniência pessoal. Antes de recomendá-la a outrem, é preciso refletir se nossos próprios atos são coerentes com essa virtude.
            Por fim, não se esqueça disto, Joteli: quem é humilde é simples, mas não simplório e nem hipócrita.
            Adiós!



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