Em
dia com o Machado 294 (jó)
—
Amigo Joteli, parabenizo-o pela sua seleção de doze crônicas minhas nas quais
abordo o Espiritismo. Aprovo ipsis litteris
sua crítica ao texto dessas crônicas em sua tese aprovada pelo egrégio
Departamento de Pós-Graduação em Literatura da UnB no ano passado.
—
É, Machado, já se vai um ano do término de minha aventura maravilhosa ali.
Comecei pela especialização, em seguida, cursei o mestrado e, finalmente, o
doutorado. Não digo isso por vaidade, nem para me exaltar orgulhosamente, mas
para incentivar quem deseja conquistar um ideal a perseverar nesse propósito.
Em todos esses cursos, você esteve presente. Obrigado, Bruxo!
—
Relate-me como se deu sua saga pelo conhecimento literário, Jó.
—
Comecei minha luta por esse objetivo ainda jovem. Não fui aluno de graduação da
UnB; mas, com perseverança, após cerca de quinze anos de estudos, somente ali,
sempre com muita humildade, cheguei ao que queria, graças a Deus. Antes de
ingressar na literatura, cursei todas as matérias do curso de linguística
aplicada da UnB. Fui aprovado, mas não selecionado para o mestrado desse curso.
Então, percebi que minha realização estaria na literatura, em especial na
divulgação do riquíssimo material literário espírita, ainda tão pouco conhecido
nos meios acadêmicos.
—
Desconhecido e discriminado, Joteli; quando somos jovens, e mesmo na idade
madura, nem sempre respeitamos a opinião alheia na defesa de nossos pontos de
vista. Principalmente, se caímos no erro de apenas analisar um dos lados da
questão. Desse modo, o parecer de Eugênio Gomes sobre meu uso da Bíblia, para
fins literários, exclusivamente, pode ser acrescido também do Espiritismo.
Entretanto,
quando se analisam todas as crônicas de minha abordagem à nova doutrina,
percebe-se a passagem de uma crítica acerba, e mesmo extremada, a outra, mais
tolerante e até com o reconhecimento de que “o Espiritismo se ocupa de altos
problemas” (A semana, 29 dez. 1895).
Em
texto anterior, defendo a liberdade religiosa, principalmente após a extinção
da religião do Estado.
Desde que a porta fica
assim aberta a todos, em que me hei de fundar para meter na cadeia o
Espiritismo? Responder-me-ás que é uma burla; mas onde está o critério para
distinguir entre o Evangelho lido pelo presidente Abalo, e o do meu vigário é
mais velho, mas uma religião não é obrigada a ter cabelos brancos. Há religiões
moças e robustas. Curar com água? Mas o já citado padre Kneipp não faz outra cousa,
e o Código, se ele cá vier, deixá-lo-á curar em paz (A semana, 27 out. 1895).
E, então, ainda confundia fenômenos, por
ela estudados, com a doutrina... A grande certeza proporcionada pelo
Espiritismo é a de que nosso retorno à vida física tem sempre o objetivo de
“expiação, melhoramento progressivo da humanidade” (questão 167 d’O Livro dos Espíritos – LE). Isso explica
haver no mundo tanta desigualdade social.
— Realmente, amigo Bruxo, se a existência
fosse única, inúmeros problemas decorrentes da sorte de pobres e ricos, sãos e
aleijados, ignorantes e sábios, bons e maus, enfim, jamais encontrariam
solução.
— Depois, a reencarnação não é para
sempre, não é mesmo, Joteli?
— Exatamente, Machado, na questão 168 do
LE, lemos que “[...] Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem
mais [o espírito] necessidade das provas da vida material”. Na questão 170
dessa obra, somos esclarecidos de que, após sua última encarnação, o espírito
se torna “[...] bem-aventurado; puro espírito”. É nisso que está o sentido da
vida, ainda tão incompreendido e questionado por muitas pessoas.
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