Em
dia com o Machado 316 (jÓ>
Boa
noite, amigos! Hoje teceremos algumas palavras sobre a família.
No
capítulo 4 d’O Evangelho segundo o
Espiritismo, Allan Kardec informa-nos que os laços familiares não se
destroem com a reencarnação, pois ampliam a família universal. Não nos separam,
como poderia ocorrer, caso alguns de nós fossem para o céu e outros para o
inferno, de acordo com a doutrina da Igreja.
Aos
que se contrariam com a possibilidade reencarnatória, afirmando que, desse
modo, a parentela aumenta muito, o Codificador do Espiritismo explica que esse
“é um temor egoísta”, por provar, em quem o sente, imensa falta de amor, ante a
possibilidade deste se expandir a uma grande quantidade de pessoas. Os pais que
apenas possuem um filho amam-no tanto quanto se tivessem dois ou mais, explica
Kardec.
É
verdade que pode renascer, no lar, alguém que, como se diz popularmente, “não é
da família”. Isso serve de prova para uns e de adiantamento para outros,
explica-nos o mestre lionês[1].
Diz ele que, desse modo, “os maus melhoram-se pouco a pouco, ao contato com os
bons e por efeito dos cuidados que destes recebem. O caráter deles abranda-se,
seus sentimentos depuram-se, as antipatias apagam-se” (op. cit., it. 19).
A
grande missão dos pais é educar seus filhos no sentido moral e espiritual. E
isso é de fundamental importância, em especial nos sete primeiros anos de vida
da criança, quando sua alma ainda está tomando posse completa do corpo, e o ser
é mais maleável à influência dos adultos.
Hoje
em dia, com o avanço das ideias materialistas, é preciso cuidado redobrado de
pais e responsáveis pela educação dos seus filhos. Segundo Lima, as crianças
aprendem muito mais com o que observam outrem fazer do que com o que lhes é
dito. E exemplifica com o caso, bastante comum, de mãe, ensinando: “Filhinha,
não minta, mentira tem perna curta. É desagradável, prejudica as pessoas. A
criança ouve isso o dia todo: não minta, não minta”[2]
À
noite, entretanto, prossegue Lima, o telefone toca, a filha atende, diz que a
ligação é para a mãe. Esta considera-se ocupada e assopra no ouvido da criança:
“Diz que a mamãe não está”.
Essa
cena repete-se várias vezes, ao longo do tempo, e a filha aprende que o que se
faz é bem diferente do que se diz. Com o tempo, pode julgar isso normal.
É
por esse motivo que precisamos repetir, para nós mesmos, incansáveis vezes esta
frase de Kardec: “O verdadeiro espírita se reconhece pela sua transformação
moral e pelo esforço que emprega para domar suas más inclinações”[3].
Parafraseando Santo Agostinho[4],
devemos analisar, sempre, o que fazemos ao próximo; em especial, o que
mostramos às nossas crianças, e procurarmos corrigir, a todo momento, nossos
erros.
Se,
no dia a dia, ou mesmo durante o culto do
evangelho no lar, realizado em minha casa, junto de meus filhinhos, comento
sobre a necessidade do perdão ilimitado, como proposto por Jesus, e, no
convívio com pessoas que me ofenderam, demonstro odiá-las, minhas pequenas
testemunhas, reforçadas por meus atos, vão crescer acreditando ser mais fácil
não perdoar...
Se
escrevo ou falo sobre a tolerância religiosa e critico a religião alheia, meus
filhos poderão descrer da eficácia de minha crença.
Se
sou consumidor de fumo ou de bebida, é contraditório dizer às crianças que tais
vícios devem ser evitados.
Se
passo a vida comentando erros alheios, de nada adianta dizer aos meus filhos
que é pecado falar das faltas de alguém.
Se
condeno a procura por bens materiais supérfluos e a usura, mas passo a vida
acumulando riquezas, apenas em benefício próprio, minha ambiciosa conduta
desmente minhas palavras.
Se
possuo noções filosóficas ou políticas diferentes das de outras pessoas, a quem
considero estúpidas, apenas por não
pensarem como eu, de nada servem minhas palavras sobre a necessidade de
respeitar as ideias alheias.
Desse
modo, a incoerência, o egoísmo e a falta de amor ao próximo ressaltarão, para
nossas crianças, de nossas atitudes, muito mais que de nossas palavras.
Pensemos
nisto e reflitamos: se queremos que o mundo melhore, é preciso nosso esforço
sincero em, tanto pelo exemplo como pela palavra, investirmos na educação. E
isso começa, sobretudo, dentro de nós, e continua dentro de nossos lares, ante
os olhares atentos de nossos filhos.
[1]
Allan Kardec nasceu na cidade de Lyon, na França.
[2]
LIMA, Simão Pedro. Viver melhor: uma
abordagem espírita. Goiânia: FEEGO, 2016, p. 175.
[3]
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. 17, it. 4.
[4]
_____. Allan. O Livro dos Espíritos,
q. 919a.
É isso mesmo. Nosso planetinha vai evoluir pouco a pouco pela melhoria de cada um de nós.
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