Estudo d'O Livro dos Espíritos
174. Tornar a viver na Terra constitui uma necessidade?
“Não; mas, se não progredistes, podereis ir para outro mundo que
não valha mais do que a Terra e que talvez até seja pior do que ela.”
Comentário
Os Espíritos nos informam que se não nos esforçarmos para evoluir
em amor e conhecimento, ficaremos estacionados na mesma posição espiritual,
pois não há retrocesso no adiantemento do Espírito. Entretanto, pode ocorrer de
Espíritos preguiçosos ou insistentes no mal serem degredados para mundos
inferiores ao em que eles estejam encarnados, como vem ocorrendo com o nosso
planeta.
175.
Haverá alguma vantagem em voltar-se a habitar a Terra?
“Nenhuma
vantagem particular, a menos que seja em missão, caso em que se progride aí
como em qualquer outro planeta.”
a)
Não se seria mais feliz permanecendo na condição de Espírito?
“Não,
não; estacionar-se-ia e o que se quer é caminhar para Deus.”
Comentário
Quando
um Espírito alcança evolução espiritual que o coloca muito acima daquela em que
estão os Espíritos encarnados na Terra, não há mais necessidade de que ele
reencarne aqui, salvo em missão, o que ocorre com diversos Espíritos que
continuam atuando em nosso planeta por amor a inumeráveis pessoas. Mas até que
atinja a pureza, todos terão que reencarnar, ainda que em mundos muito mais
felizes do que a Terra, pois é na matéria que o Espírito mais contribui com a
obra de Deus.
176.
Depois de haverem encarnado noutros mundos, podem os Espíritos encarnar neste,
sem que jamais aí tenham estado?
“Sim,
do mesmo modo que vós em outros. Todos os mundos são solidários: o que não se
faz num faz-se noutro.”
a)
Assim, homens há que estão na Terra pela primeira vez?
“Muitos,
e em graus diversos de adiantamento.”
b)
Pode-se reconhecer, por um indício qualquer, que um Espírito está pela primeira
vez na Terra?
“Nenhuma
utilidade teria isso.”
Comentário
Os
mundos são solidários, dizem-nos os Espíritos que colaboram com Jesus no
adiantamento da Terra. Daí, é possível que alguns de nós já tenhamos encarnado
e reencarnado em outros mundos. Como nosso foco deve ser no que fazer para
nosso adiantamento em amor e sabedoria, não há nenhum interesse em saber se já existimos
noutros mundos nas inumeráveis reencarnações que já pudemos ter.
177.
Para chegar à perfeição e à suprema felicidade, destino final de todos os
homens, tem o Espírito que passar pela fieira de todos os mundos existentes no
Universo?
“Não,
porquanto muitos são os mundos correspondentes a cada grau da respectiva escala
e o Espírito, saindo de um deles, nenhuma coisa nova aprenderia nos outros do
mesmo grau.”
a)
Como se explica então a pluralidade de suas existências em um mesmo globo?
“De
cada vez poderá ocupar posição diferente das anteriores e nessas diversas
posições se lhe deparam outras tantas ocasiões de adquirir experiência.”
Comentário
A
resposta dos Espíritos, como sempre, é lógica. Não há necessidade que habitemos
todos os mundos do Universo, haja vista o nível evolutivo semelhante entre
diversos mundos, como vemos na informação sobre a escala dos mundos:
primitivos, de expiação e provas, felizes e celestes ou divinos, conforme
consta n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 3, item 4.
178.
Podem os Espíritos encarnar em um mundo relativamente inferior a outro onde já
viveram?
“Sim,
quando em missão, com o objetivo de auxiliarem o progresso, caso em que aceitam
alegres as tribulações de tal existência, por lhes proporcionar meio de se
adiantarem.”
a)
Mas não pode dar-se também por expiação? Não pode Deus degredar para mundos
inferiores Espíritos rebeldes?
“Os
Espíritos podem conservar-se estacionários, mas não retrogradam. Em caso de
estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no
meio conveniente à sua natureza, as existências mal-empregadas.”
b)
Quais os que têm de recomeçar a mesma existência?
“Os
que faliram em suas missões ou em suas provas.”
Comentário
Os
Espíritos não retrogradam em sua condição evolutiva, mas podem permanecer
estacionados no mal, utilizando de modo errado seu livre-arbítrio. É quando
Deus, por intermédio dos Espíritos elevados, bane tais Espíritos malévolos para
mundos inferiores, onde muito terão de expiar, mas também poderão aproveitar
sua nova situação para auxiliar o progresso dos seres que habitam tais mundos.
179.
Os seres que habitam cada mundo hão todos alcançado o mesmo nível de perfeição?
“Não;
dá-se em cada um o que ocorre na Terra: uns Espíritos são mais adiantados do
que outros.”
Comentário
Não
sendo todos os Espíritos criados ao mesmo tempo e também havendo aqueles que
melhor aproveitaram seu tempo na aquisição da sabedoria, pela prática do amor e
do conhecimento, o grau de perfeição é diferente, sendo, portanto, uns “mais
adiantados do que outros”, como é informado acima.
180.
Passando deste planeta para outro, conserva o Espírito a inteligência que aqui
tinha?
“Sem
dúvida; a inteligência não se perde. Pode, porém, acontecer que ele não
disponha dos mesmos meios para manifestá-la, dependendo isto da sua
superioridade e das condições do corpo que tomar.” (Veja-se: “Influência do
organismo”, cap. VII, Parte 2a.)
Comentário
Os
conhecimentos adquiridos por cada Espírito jamais se perdem, mas pode acontecer
que, renascendo em corpos com limitações, o Espírito fique, por algum tempo,
sem condições de manifestar seus conhecimentos.
181.
Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
“É
fora de dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de
matéria para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos
material, conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos. É isso o que
assinala a diferença entre os mundos que temos de percorrer, porquanto muitas
moradas há na casa de nosso Pai, sendo, conseguintemente, de muitos graus essas
moradas. Alguns o sabem e desse fato têm consciência na Terra; com outros, no
entanto, o mesmo não se dá.”
Comentário
Todos
os Espíritos têm corpos, mas quanto mais grosseiro é o estado do mundo em que se
esteja encarnado, mais densos são esses corpos. Em mundos superiores, nosos
sentidos limitados e instrumentos materiais não permitiria enxergar os corpos eterizados
das entidades elevadas que ali encarnam.
182.
É-nos possível conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
“Nós,
Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos
achais. Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem
todos estão em estado de compreendê-las e semelhante revelação os perturbaria.”
Comentário
Ainda
hoje, a ciência da Terra não possui condição de identificar o estado físico e
moral dos mundos mais evoluídos do que o nosso. Um exemplo disso é Júpiter cujo
estado físico é tão etéreo, bem como dos Espíritos que ali encarnam que, para
nós, é como se ali não existisse condições de vida. O que ocorre é que o homem
na Terra ainda tem por parâmetro de avaliação as leis que aqui vigem. Nos
mundos elevados, a matéria é, por assim dizer, quintessenciada, fugindo à nosso
observação.
À
medida que o Espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima igualmente
da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar
penosamente pela superfície do solo, menos grosseiras se lhe fazem as
necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam
mutuamente para se nutrirem. O Espírito se acha mais livre e tem, das coisas
longínquas, percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só
pelo pensamento entrevemos.
Da
purificação do Espírito decorre o aperfeiçoamento moral, para os seres que eles
constituem, quando encarnados. As paixões animais se enfraquecem e o egoísmo
cede lugar ao sentimento da fraternidade. Assim é que, nos mundos superiores ao
nosso, se desconhecem as guerras, carecendo de objeto os ódios e as discórdias,
porque ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que seus
habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos
lhes dá, fazem que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem
temor, como simples transformação.
A
duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de
superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto
menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam.
Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da
Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos.
183.
Indo de um mundo para outro, o Espírito passa por nova infância?
“Em
toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão
obtusa como no vosso mundo.”
Comentário
Em
todos os mundos, quando encarnado, o Espírito passa por um período de infância,
enquanto seu corpo não se desenvolve. Mas em mundos elevados a infância do corpo
do Espírito é bastante curta. Um Espírito encarnado ali, tem na infância a
inteligência de uma pessoa adulta aqui na Terra. Quando, excepcionalmente, tais
Espíritos encarnam em nosso mundo, em missão, já nos primeiros anos de sua
existência demonstram uma inteligência muito acima da média. Segundo a revista
Exame, o QI médio de uma pessoa é 100, mas o mais novo membro da Mensa é um
menino cujo QI é 160. Seu nome é Joseph Harris-Birtill. Com pouco mais de dois
anos, esse menino já lia livros inteiros. Em todos os tempos, renasceram na
Terra gênios que, desde os primeiros anos, já tinham QI muito acima da média,
como Mozart, Beethoven, Einstein etc. São Espíritos que renascem entre nós em
missão.