Em
dia com o Machado 295 (jÓ)
— Amigo Machado, que dizem os espíritos
celestes em relação à Bíblia?
— Ah, meu caro Jó, esse é um tema da
mais alta transcendência. Embora o Antigo Testamento (AT) seja considerado a
palavra de Deus ao povo hebreu e, por extensão, a toda a humanidade, o Senhor
jamais se comunica diretamente com os seres humanos. Isso, entretanto, não tira
a importância dessa obra, desde que observado seu aspecto de legislação
temporal.
Deus é Espírito, já dissera Jesus à
samaritana. E, como Inteligência Suprema que nos criou simples e ignorantes,
mas fadados à perfeição, ao longo dos milênios, à medida que algum de nós
atinge elevada condição espiritual e se identifica com Ele, tal entidade recebe
sua incumbência de representá-lo em cada um dos inumeráveis orbes do Universo.
São os chamados profetas, messias ou cristos, como é o caso de Jesus.
Na Terra, dentre muitos profetas que
nos trouxeram revelações transcendentes, temos, na Índia, Sidarta Gautama, o
Buda; na China, Confúcio e Lao-Tsé; na Pérsia, Zoroastro; na Grécia, Sócrates e
Platão... Entretanto, num período bastante obscuro, há cerca de 1.600 anos
a.C., Moisés recebeu mediunicamente os X
Mandamentos, cuja síntese maravilhosa
foi proposta pelo fundador, governador e protetor desde planeta azul:
Jesus Cristo, a serviço de quem estão todos os chamados profetas.
— Então, a Bíblia não é o único
livro sagrado, Machado?
— Não, Jó, pois embora esses
profetas, em sua época, tenham trazido ao mundo mensagens de cunho elevado,
todos eles foram intérpretes humanos que, ao lado de grandes verdades,
impuseram suas ideias pessoais. Daí terem surgido as leis genéricas que
contradizem a Lei única de Deus: a Lei do Amor. Esta, ninguém, como o Cristo,
pregou e exemplificou de modo mais perfeito.
Estas palavras de Jesus confirmam
sua identificação apenas com a Lei de Deus: “Não vim modificar a Lei e os
profetas” (Mateus, 5: 17); mas também disse: “Ouvistes o que foi dito: olho por
olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mal; mas, se
alguém vos bater na face direita, oferecei-lhe também a outra” (id., 5: 38-
39).
Mesmo nessas últimas palavras,
devemos entender o sentido simbólico. Caso contrário, seríamos massacrados
pelas criaturas ainda embrutecidas da Terra. E o esclarecimento do sentido do oferecimento da outra face, proposto por
Ele, nós tivemos na passagem evangélica em que um dos criados do sumo sacerdote
o esbofeteia e, ruborizado de vergonha, ouve do Cristo esta repreensão: “Se
falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?” (João,
18: 23).
O Antigo Testamento é o clamor
humano aos céus; e o Novo Testamento é a resposta de Deus, por seu Filho e
nosso irmão maior: Nosso Senhor Jesus Cristo! No primeiro caso, a lei estava
enfocada na justiça; no segundo, no amor. E, sendo Deus Amor, não são d’Ele
decisões e palavras como estas:
Então,
arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a Terra, e pesou-lhe em seu
coração. E disse Deus: Destruirei, de sobre a face da Terra, o homem que criei
e, com ele, o animal, até o réptil e até a ave do céu; porque me arrependo de
os haver feito (Gênesis, 6: 6- 7).
Falando sobre a perfeição de Deus,
nosso Pai, esclarece Jesus que Aquele “[...] faz que o seu Sol se levante sobre
maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus, 5: 45 e 48). Por
fim, recomenda: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que
está nos céus” (id.). Desse modo, mais uma vez, deduzimos que somos filhos da
Perfeição Suprema, e jamais nosso Pai se arrependeria de nos ter criado.
Em suma, Jó, precisamos ler o AT,
assim como outras obras sagradas, atentos ao que no AT Jesus preservou como Lei
intemporal: o amor a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a nós mesmos. É nisso que estão toda a Lei e os
profetas.
Quanto ao exame dos textos sagrados,
atentemos para o que diz Paulo em I Tessalonicenses, 5: 21: “Examinai tudo,
retende o bem”. Mas é em O Evangelho
segundo o Espiritismo que você encontrará a essência da Mensagem Divina: o
ensino moral, única parte incontroversa da Boa-Nova em todas as épocas da
humanidade, por representar a palavra do único ser identificado plenamente com
Deus: Jesus Cristo.
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