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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Em dia com o Machado 46 (jlo)
             Amiga leitora e amigo leitor, boa-noite!
            Neste início de segunda-feira, pago-lhes a obrigação de cumprir com minha promessa de lhes falar sobre o extraordinário homem chamado Sócrates. Eu sabia que não irias dormir sem ler estas despretensiosas notas, por isso, vamos aos fatos.
            Antes de ser conhecido como filósofo, Sócrates, nascido em Atenas ali pelo ano 470 e morto em 399 a.C., foi um valoroso soldado, que combateu nas batalhas de Potideia, de Delion e de Anfipolis. Na primeira dessas batalhas, salvou a vida de Alcibíades.
            Podemos afirmar, sem medo de errar, que Sócrates foi o mais justo e o mais sábio de todos os homens.
            Aí a leitora sensível indagará:
            — O mais justo e sábio dos homens não foi Jesus?
            — Não, amiga leitora, foi Sócrates. Jesus está acima da humanidade. Foi muito mais do que um simples humano, foi deus.
            — Mas então você acredita que Jesus faz parte da Santíssima Trindade, sendo o deus filho, como nos ensina a santa Igreja?
            — Também não, amiga, ele foi deus, mas não é Deus. “Por que me chamas bom? Bom só Deus o é.”; “Agora vou para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Disse-nos o Cristo, em seu Evangelho, fazendo uma distinção clara entre ele e Deus. Foi deus, porém, no sentido de estar acima de nós, humanamente falando, pois, como espírito puro, sua evolução foi em linha reta...
            — Mas não estávamos falando de Sócrates?
            — Sim, amiga, era dele que falávamos, do homem mais justo e sábio de todos os tempos. E você sabia que ele era guiado e inspirado por um demônio?
            — Cruzes!
            — Calma, amiga, demônio, aqui, tem como origem daimon, palavra grega que significa espírito. E esse era um espírito superior, muito provavelmente o próprio Cristo, antes de descer ao inferno, como diz o credo católico; inferno esse que nada mais é do que a Terra, esse grão de areia no universo. Pois bem, a sabedoria de Sócrates era tal que, certo dia, um de seus seguidores foi consultar o oráculo de Delfos sobre quem era o homem mais sábio de Atenas. Para seu espanto, o oráculo respondeu-lhe que era Sócrates, um homem que vivia quase como um mendigo e, embora tendo esposa, Xantipa, e três filhos, só trabalhava para ganhar o suficiente ao sustento da família. Era mestre, instruía jovens provenientes de vários países, mas não aceitava pagamento algum pelas aulas que lhes dava.
            Levantava-se pela madrugada, alimentava-se frugalmente, com pão embebido em vinho e vestia uma túnica, sobre a qual colocava um manto e saía pelas ruas, lojas e casas dos amigos e discípulos para com eles dialogar e indagar... indagar... indagar...
            — E o que indagava ele? Perguntará o curioso amigo leitor.
            — Indagava sobre o significado das palavras que as pessoas julgavam conhecer: a coragem, a justiça, a verdade, o amor, a sabedoria... E o fazia com tanta inteligência que seus interlocutores acabavam por admitir que nada sabiam.
            O curioso é que ele próprio admitia também nada saber. Mas a sabedoria de Sócrates era imensa, embora ele insistisse em dizer que sabia nada saber. Seu nome deu origem às grandes escolas filosóficas surgidas no mundo grego e romano.
            Seu maior discípulo foi Platão, que escreveu A República, com base no que ouvira de seu mestre. Este, porém, como Jesus, nada deixou escrito.
            Os poderosos de todos os tempos não gostam de quem desafia o poder. Em Atenas não foi diferente, por isso, passaram a acusar Sócrates de não acreditar nos deuses mitológicos e de corromper os jovens com sua doutrina racionalista, sua crença na imortalidade da alma e na transmigração dela (reencarnação) como forma de alcançar a perfeição sob a direção de um Deus único.
            Julgado por um tribunal popular de 501 pessoas, Sócrates foi condenado à morte por uma maioria de sessenta votos. Ele poderia recorrer da condenação, que o obrigava a tomar cicuta, um veneno letal. Suas chances de não morrer eram grandes, possuía, para tanto, inúmeros amigos influentes, os quais lhe pediram e até suplicaram para não aceitar a condenação injusta. Todavia, respondeu-lhes serenamente:
            — As leis atenienses condenaram-me à morte e, como cidadão obediente às leis, aceito a condenação.
            Xantipa, sua esposa, visitou-o na prisão e apelou, chorando:
            — Sócrates, isso não é justo... Ao que ele lhe respondeu:
            — E você queria que fosse justo? Antes morrer de forma injusta que praticar uma injustiça.
            Em sua última noite de vida, contam que ele passou as horas dialogando com seus discípulos sobre a possibilidade de haver ou não vida após a morte. Alguns de seus jovens amigos duvidavam, ele, porém, afirmava convicto a existência da vida espiritual e a impossibilidade da extinção de nossas vidas após a morte física. Tudo isso, na maior serenidade, como se não fosse ele o condenado à morte.
            Na proximidade da hora fatal, seus jovens amigos estavam reunidos à sua volta para vê-lo beber a taça fatal. Ao aproximar-se o carcereiro com o veneno, Sócrates, calmamente, perguntou-lhe o que deveria fazer.
            O carcereiro respondeu-lhe que ele deveria beber a cicuta e caminhar até sentir as pernas pesadas. Depois disso, deveria deitar-se e sentir o torpor lhe invadir o coração.
            Na maior frieza, Sócrates fez o que lhe foi dito e só se deteve para criticar seus amigos, que choravam e soluçavam amargamente, por nada poder fazer por ele. Ao deitar-se, lembrou-se, ainda, de uma pequena dívida e, afastando a coberta que lhe fora posta sobre a cabeça, falou:
            — Críton, pague a Esculápio o galo que lhe devo.
            Em seguida, fechou os olhos, tornou a cobrir o rosto e, quando Críton lhe perguntou se ainda tinha outras recomendações a fazer, Sócrates já não mais vivia.
            Em nosso tempo, algumas mentes materialistas, supostamente superiores, desdenham das revelações metafísicas e, sem o conhecimento da vida espiritual, estudam o cérebro humano, instrumento da manifestação do espírito, acreditando em teorias mecanicistas que confundem o efeito com a causa. Desse modo, negam o livre-arbítrio por considerarem haver no cérebro células escondidas responsáveis pelas ações de todos os seres humanos.
            Pobres criaturas, se soubessem o mal que estão causando a mentes fracas e desinformadas com suas ideias; se atinassem sobre as consequências desastrosas para a sociedade que seus equívocos provocam, em especial quando alimentam o sonho de alguns malandros da política que, em seu egoísmo e falta de escrúpulos manipulam as consciências alheias para atingir seus fins espúrios, certamente buscariam nas fontes históricas, na observação cuidadosa dos fenômenos mediúnicos de todos os tempos e nos exemplos de homens inesquecíveis como Sócrates o modelo para seu comportamento e orientação do comportamento alheio.
            Pois a verdade é que pessoas como Sócrates, Emmanuel Swedenborg, Albert Schweitzer, madre Teresa de Calcutá, Joana D’Arc,  Zilda Arns, Teresa Dávila, Chico Xavier e muitos e muitos outros são modelos de vida e de certeza sobre a imortalidade da alma em todos os tempos.
            Profetas e profetisas das mais remotas eras, como Ana, Samuel, apóstolos que deram a vida, em mortes horríveis, como os seguidores do Cristo, na certeza inabalável da sobrevivência da alma à morte do corpo, exceção de João, que foi exilado e morreu idoso, mas nos deixou sua versão do Evangelho do Mestre, de quem se dizia o discípulo bem-amado, além do Apocalipse, todos esses espíritos de escol não foram vítimas de ilusão, pois conviveram com o protótipo da perfeição, ainda mesmo após sua crucificação infame.
            Jesus, de quem Sócrates foi um dos extraordinários precursores, não “morreu” em vão. O ressurgimento dele, fisicamente, três dias após sua crucificação não foi mera ilusão de fanáticos. O desaparecimento do seu corpo físico não contraria as leis da natureza, nem foi milagre. No Espiritismo, temos a explicação clara como água cristalina sobre a vida do Cristo e os extraordinários fenômenos que provocou.
            A quem desejar saber algo mais sobre isso basta estudar as obras da codificação espírita. Ali lerá o amigo leitor e a amiga leitora que o corpo espiritual falado por Paulo, talvez o mais importante apóstolo do Cristo, embora não tenha convivido com este, não é fantasia de uma mente doentia. É real e, em certas condições pode até mesmo se materializar. O nome de Jesus Cristo já fora reafirmado pelos profetas antigos e pelos espíritos superiores que ditaram as obras básicas do Espiritismo como o eleito de Deus e responsável pela direção de nosso orbe.
            O corpo espiritual tem um nome. Seu nome é períspirito, o elo entre a alma e o corpo físico, que dá origem a todos os fenômenos que a ignorância materialista atribui à matéria. Por isso, é impossível que um cientista conhecedor profundo da Doutrina Espírita acate as teorias materialistas sobre o cérebro, seus neurônios e células especiais serem responsáveis por nossos atos.
             E Sócrates, que é um dos espíritos enviados por Jesus, junto com João, o evangelista, Santo Agostinho, São Luís e muitos outros espíritos de escol, sob a direção suprema do Cristo, representado pelo espírito da Verdade, vieram  trazer ao mundo as certezas espirituais, em cumprimento à promessa de Jesus sobre a vinda do Consolador, como se pode ler em João, cap. XIV, para ficar eternamente conosco.
            Ouça quem tem ouvidos para ouvir, veja quem tem olhos para ver.
            E mais não digo por hoje, a não ser:
            —Viva Sócrates! Viva Jesus Cristo, o filho de Deus vivo!

 

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