Em dia com o Machado 156 (jlo)
Amiga
leitora, você gosta de figura? Depende? Só se for do seu amado? E de figura de
linguagem? Seria “tipo assim” uma metáfora? Está esquentando...
A
figura de que tratarei hoje é a chamada catacrese. Ela é utilizada o tempo todo
por nós sem que o percebamos. Quer exemplo? Lá vai. Quando você diz quebrei a
perna, todo o mundo entende que é sobre um membro do corpo que você se refere,
não é mesmo?
Aí
é que está a grande confusão entre os que entendem algo falado ou escrito no
seu sentido denotativo ou conotativo. O primeiro é o sentido próprio da
palavra. O segundo é o sentido representado por uma das figuras de linguagem,
cujo significado é simbólico. A figura de linguagem mais comum, por seu sentido
figurado ou conotativo é a metáfora. No caso da perna quebrada, se você se
refere a um dos apêndices que sustenta a mesa de sua casa, você está utilizando
uma catacrese porque toma o significado de uma palavra e empresta-o a outra,
sem que, em geral, perceba, por se tornar esse hábito algo muito corriqueiro em
nossa linguagem.
É
comum dizer-se que se está embarcando no ônibus ou no avião, e não no barco.
Também muita gente cai nos braços... da poltrona. Outros viram um vaso de
cabeça para baixo; e assim por diante vão transferindo o significado de uma
palavra para outra, pois quem tem braços somos nós, quem tem cabeça é animal e
não vaso. Tudo isso é catacrese.
Hoje,
5 de maio de 2015, ocorreu mais uma catacrese no Brasil, por parte da população que não
aguenta mais o PT: o panelaço, do
qual tenho a honra de lhe dizer que participei com prazer. Não é sobre uma
panela enorme que me refiro, figuradamente, e, sim, sobre as batidas ritmadas
que a população antipetista (a maioria), mais uma vez, fez durante um
pronunciamento do PT em cadeia
nacional (cadeia? Isso também é
catacrese).
Na
executiva nacional do partido, ocorrida no início de abril passado, com a
presença do ex-presidente Lula, foram apresentadas, entre outras, as seguintes
sugestões, que comentamos:
1)
Uma militância política mais forte.
Militar
o quê? Cuidado... alguns brasileiros, quando ouvem a palavra militância pensam
num outro tipo de catacrese: a dos militares limitando a militância (mas isso
não é catacrese, e sim trocadilho infame).
2)
Retorno às origens.
Aqui
pode ocorrer o risco de 86% da população aplaudir, imaginando que o retorno às
origens é o regresso à cadeia dos corruptos e corruptores (Percebeu, leitora, um
“pt” em cada palavra? Mera coincidência).
3)
Democratização da mídia.
Ou
seja, antes que nos impeçam, dizem os nossos amigos petistas, vamos calar a
imprensa e instaurar a ditadura do partido. Dizem que os “companheiros” sofrem
do complexo denominado “teoria da conspiração”. Só espero que não pensem num contragolpe
e tentem impedir a livre manifestação do pensamento, tão proclamada por eles antes
de serem merecidamente perseguidos.
4)
Taxar as grandes fortunas.
Ué,
e já não taxaram? Vejam os bilhões da
Petrobrás. Foram retirados do país para que ninguém mais pudesse usufruir de
sua produção, como o fizeram as empresas contratadas pelo PT, segundo acusações
que vêm sendo confirmadas, inclusive com a prisão de mais um tesoureiro
petista. Virou moda, em Brasília, depor governador, cassar político não petista
ou aliado e prender todo tesoureiro do PT.
Pt.
maldade...
Sugiro,
então, que em vez de catacrese, chamemos o pronunciamento petista de
catastrófico e o panelaço de hoje de... catacrise.
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