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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Em dia com o Machado 176 (jlo)

Algo de muito grave está ocorrendo naquela republiqueta: a tesoureira mor do partido dominante foi condenada a 30 anos de prisão. Mais de milhão de assinaturas pedem o impeachment do presidente, o que deixou em polvorosa a cúpula governamental, e, em conclusão da operação “leva jeito”, o FTS aceitou a denúncia do PM contra o desvio de bilhões para as contas de dezenas de políticos e seus cúmplices, de todos os partidos, entre os quais: Dirce Joseph, Sincero Soares, Edu do Cunho, Alfonsinho Hanneman, João das Vaccas, Raro Canalha, Iuri Selfie e Jerônimo, o herói do sertão, este, o mais perigoso, pois faz-se passar por defensor dos pobres, mas tem mansão até nos EUA...
Nessa operação foram desviados vinte vezes mais dinheiro que o existente em todo o meu Rio de Janeiro.
Dizem que tudo foi planejado na casa do civil Jerônimo...
Na maior cidade da republiqueta está sendo realizado um show de rock, e aqui está a notícia bomba: não há rock e sim um barulho infernal de um milhão de vozes que gritam mais do que os roqueiros, dia e noite, noite e dia:

— Nosso país está desgovernado,
esses políticos que aqui estão
roubaram muito mais que o mensalão,
fora governo desavergonhado!

E a multidão repete o refrão:
— Fora governo desavergonhado! Fora governo desavergonhado!...
Ouvi dizer que Jerônimo, o herói do sertão, saiu novamente a campo e articula o governo para que tudo vire pizza. Uma de suas frases preferidas é a seguinte: “Jamais na história desta republiqueta houve um governo tão popular como o meu”.
Há controvérsias, porém. Nos EUA, estão pedindo 40 milhões para libertar um ex-presidente da Confederação Boêmia de Futebol (CBFu). Já na republiqueta, um dos condenados que desviou 40 milhões foi multado em 40 mil... E isso não é nada popular.
— Minha conclusão, Machado, é que o problema não é o criminoso, mas sim o crime... Ou será o contrário? Estou tão confuso...
— Deixemos essa dúvida filosófica para lá e vamos ao que nos interessa. Em razão dos graves acontecimentos atuais da dita nação, também Lampião desceu do inferno e tem acionado seus jagunços para criar mais confusão. Logicamente, ele não se furtou em convidar Maria Bonita para trabalharem juntos nessa barafunda que se tornou a república Boêmia. Quanto mais confusa ficar a população, mais tempo se ganha e mais dinheiro se rouba, com o louvável intuito de melhorar a vida política dessa inocente nação.
 — Alguém mais foi convidado, ó Machado?
— Antônio Conselheiro... mas seus conselhos não estão sendo levados muito a sério, pois sua ideia maluca é a de que “o sertão virou mar e o mar virou sertão”.
— Bem... se pensarmos na má gestão da Cantareira em São Paulo, é provável que...
— Calma aí, Joteli, estamos falando da republiqueta Boêmia. Não mude de assunto!
— Ok, amigo. Mas diga-me uma coisa: esse tal Jerônimo é de Pernambuco?
— Mais exatamente de Garanhuns. E, embora tenha doze irmãos, um deles, ao ser perguntado se todos são vivos, respondeu que só um é vivo: Jerônimo... Os outros são normais... Disse ele.
— É, Machado, estás ficando velho... Já não consegues distinguir a ficção com a realidade. Afinal, quem é que mudou de assunto, eu ou você?
— Sei lá... Agora me aparece Nélson Rodrigues, trazendo pelo braço Nélson Gonçalves, que canta A volta do boêmio, pode?
— Pode. Clique aqui, leitor amigo, e ouça a bela interpretação do barítono Nélson Gonçalves: http://letras.mus.br/nelson-goncalves/47650/

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