Em
dia com o Machado 176 (jlo)
Algo de muito
grave está ocorrendo naquela republiqueta: a tesoureira mor do partido
dominante foi condenada a 30 anos de prisão. Mais de milhão de assinaturas
pedem o impeachment do presidente, o
que deixou em polvorosa a cúpula governamental, e, em conclusão da operação
“leva jeito”, o FTS aceitou a denúncia do PM contra o desvio de bilhões para as
contas de dezenas de políticos e seus cúmplices, de todos os partidos, entre os
quais: Dirce Joseph, Sincero Soares, Edu do Cunho, Alfonsinho Hanneman, João
das Vaccas, Raro Canalha, Iuri Selfie e Jerônimo, o herói do sertão, este, o mais perigoso, pois faz-se passar por defensor dos pobres, mas tem mansão até nos EUA...
Nessa operação
foram desviados vinte vezes mais dinheiro que o existente em todo o meu Rio de
Janeiro.
Dizem que tudo
foi planejado na casa do civil
Jerônimo...
Na maior cidade
da republiqueta está sendo realizado um show
de rock, e aqui está a notícia bomba: não há rock e sim um barulho infernal
de um milhão de vozes que gritam mais do que os roqueiros, dia e noite, noite e
dia:
— Nosso país está
desgovernado,
esses políticos
que aqui estão
roubaram muito
mais que o mensalão,
fora governo
desavergonhado!
E a multidão
repete o refrão:
— Fora governo
desavergonhado! Fora governo desavergonhado!...
Ouvi dizer que
Jerônimo, o herói do sertão, saiu novamente a campo e articula o governo para que tudo
vire pizza. Uma de suas frases
preferidas é a seguinte: “Jamais na história desta republiqueta houve um
governo tão popular como o meu”.
Há controvérsias,
porém. Nos EUA, estão pedindo 40 milhões para libertar um ex-presidente da Confederação Boêmia de Futebol (CBFu).
Já na republiqueta, um dos condenados que desviou 40 milhões foi multado em 40 mil... E isso não é nada popular.
— Minha
conclusão, Machado, é que o problema não é o criminoso, mas sim o crime... Ou
será o contrário? Estou tão confuso...
— Deixemos essa
dúvida filosófica para lá e vamos ao que nos interessa. Em razão dos graves
acontecimentos atuais da dita nação, também Lampião desceu do inferno e tem acionado seus jagunços
para criar mais confusão. Logicamente, ele não se furtou em convidar Maria
Bonita para trabalharem juntos nessa barafunda que se tornou a república
Boêmia. Quanto mais confusa ficar a população, mais tempo se ganha e mais
dinheiro se rouba, com o louvável intuito de melhorar a vida política dessa inocente nação.
— Alguém mais foi convidado, ó Machado?
— Antônio
Conselheiro... mas seus conselhos não estão sendo levados muito a sério, pois
sua ideia maluca é a de que “o sertão virou mar e o mar virou sertão”.
— Bem... se pensarmos
na má gestão da Cantareira em São Paulo, é provável que...
— Calma aí,
Joteli, estamos falando da republiqueta Boêmia. Não mude de assunto!
— Ok, amigo. Mas
diga-me uma coisa: esse tal Jerônimo é de Pernambuco?
— Mais
exatamente de Garanhuns. E, embora tenha doze irmãos, um deles, ao ser
perguntado se todos são vivos, respondeu que só um é vivo: Jerônimo... Os outros são normais... Disse ele.
— É, Machado,
estás ficando velho... Já não consegues distinguir a ficção com a realidade.
Afinal, quem é que mudou de assunto, eu ou você?
— Sei lá...
Agora me aparece Nélson Rodrigues, trazendo pelo braço Nélson Gonçalves, que
canta A volta do boêmio, pode?
— Pode. Clique
aqui, leitor amigo, e ouça a bela interpretação do barítono Nélson Gonçalves: http://letras.mus.br/nelson-goncalves/47650/.
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