Em dia com o Machado 193 (jlo)
Começo com uma frase de Noam Chomsky,
linguista: “Se não acreditamos em liberdade de expressão para gente que
desprezamos, não acreditamos nela de forma nenhuma”. (Seleções Reader’s Digest, jan. 2016, p.35). Para muitas pessoas,
nada é mais irritante do que serem contrariadas em suas ideias, especialmente no
que se refere à política ou à religião.
Hoje, falar-lhe-ei, caro leitor,
sobre o primeiro tema. Tenho um amigo que foi militar do Exército durante mais
de duas décadas. Exatamente 22 anos. Em plena “ditadura”.
Está falando de cátedra, portanto,
quando se refere à instituição de uma das três Forças Armadas. Segundo Joteli (ou
você pensou que era outro o amigo, meu prezado leitor?), a instituição militar
é um verdadeiro modelo no que tange à disciplina e à hierarquia. Em sua época,
o Estatuto dos militares – E1, era o seu terror, tal o rigor das normas
disciplinares desse regulamento.
Joteli serviu, no Rio de Janeiro, na
5ª Brigada de Cavalaria Motorizada, na época, comandado pelo Gen. Walter Pires
de Carvalho e Albuquerque, cujo rigor militar era deveras conhecido. Certa vez
em que meu secretário estava de plantão, o comandante, ao passar pelo sentinela
do quartel e observar que este estava um pouco relaxado em sua posição de
sentido, mandou dobrar a guarda.
Ah, você não sabe o que é “dobrar a
guarda”? É ficar mais 24 horas de plantão no quartel depois de um período
igual, já bastante cansativo e mal dormido.
Hoje em dia, apenas para citar um
exemplo, um cidadão com três passagens pela polícia joga o carro em cima de uma
família, que passeava com um carrinho de bebê na calçada, simplesmente por ter
o carrinho encostado, acidentalmente, em seu carro e o delegado diz que vai
ouvir o criminoso, pois ele poderá alegar (e já diz o que este pode dizer como
justificativa) que "fez isso só para assustar a família, mas não tinha intenção
de machucar ninguém". A mãe da criança ficou com a perna ralada e ainda se
encontra ralada de raiva, só para usar uma figura de linguagem chamada
aliteração. Ainda bem que não aconteceu nada com o bebê que estava no carrinho.
Sabe no que vai dar o caso, cidadão?
Deixo a resposta a você.
A honestidade dos militares e seu
amor à Pátria, entretanto, são outras características que os credenciam como
cidadãos altamente confiáveis, caso seja necessária sua convocação para manter
a segurança ordeira e disciplinada de nosso povo, quando esses mandriões da
pátria forem daqui defenestrados, mas nova "ditadura", nem pensar! Por isso, é de entristecer o fato de atualmente
ouvirmos o brado de altas patentes militares indignados (silepse de gênero) com o rumo tomado por
nosso país, ante os desmandos de um governo sem ética e corrupto.
O último manifesto, proveniente do
Clube Militar, é o de um general carioca que intitula seu comunicado como “E o
crime venceu uma vez mais”.
Entre outras constatações, arrola Sua
Excelência as seguintes:
a) o fracasso da segurança pública no
Rio de Janeiro, com a vitória do crime organizado, o que obriga as unidades de
polícias pacificadoras – UPPs a fazerem acordos informais com criminosos;
b) queixas de policiais sobre a falta
de apoio, de munição, alimentação adequada e atraso de salários;
c) receio do general de que se não
forem definitivamente “extinguidos” os marginais “nos destroem”.
Por fim, constata que o Rio não está
em condições de sediar um evento global como são as Olimpíadas”.
Data vênia, discordo, general, de sua constatação final (rimou sem querer,
Excelência). O Rio de Janeiro tem, sim, plenas condições de sediar esse e
outros eventos internacionais. Com o
dinheiro da Petrobras que está sendo “repatriado” por nossa presidenta, com o
aumento dos impostos e da gasolina, com a convocação das três Forças Armadas,
do Ministério Público, das polícias militares, civis, federais, paraquedistas e
corpo de bombeiros para darem cobertura aos atletas dos quatro cantos do mundo,
com certeza, esse será o período de maior calmaria nos ventos, mares e terras
cariocas.
O problema é que depois das
Olimpíadas, como diria V. Exª, “tudo ficará como dantes, no quartel de
Abrantes”. Então, general, acalme-se, pois, como dizem os americanos: “o crime não compensa”.
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