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terça-feira, 19 de janeiro de 2016



Em dia com o Machado 194 (jlo)

Boa tarde, amiga leitora, você sabe a diferença entre ouvir e escutar? Ouvir é captar os sons com o aparelho auditivo, mas não necessariamente entendê-lo. Exemplo:
– Juca, você gostaria de almoçar agora? Resposta do Juca, que ouviu claramente, mas não escutou o que a esposa lhe disse:
– Minha nora é tão boazinha, porque eu iria amansá-la?
Deixo a você, leitora, a interpretação do que o Juca ouviu.
Há poucas horas, um amigo ligou para Joteli e, conversa vai, conversa vem, disse-lhe que foi com dois amigos ao Detran para fazer a transferência de um automóvel para um desses amigos, que o comprara do Manoel, o amigo que ligou.
Depois de tudo certo, na hora de citar a marca do carro para o funcionário do Detran, o ex-proprietário do veículo disse-lhe que se tratava de um Honda Fit.
Na pressa de saírem, o novo proprietário pegou o documento e não o conferiu. Chegando a casa, observou que o veículo fora registrado como Honda Civic. 
Conclusão número 1: o funcionário ouviu Civic e não Fit. Conclusão número 2: ouviu, mas não escutou o nome da marca do carro.
Você sabia que há pessoas que têm boa audição, mas não escutam bem e vice-versa? No caso do Juca, o que ele ouve não lhe deixa dúvida; por vezes, entretanto, o problema é o que escuta. Ele não tem um ouvido, o que não o impediu de lecionar durante 22 anos em uma faculdade particular.
Antes que você diga alguma coisa, ele não tem é a audição de um dos pavilhões auditivos, mas tem as duas orelhas. Então, ultimamente, nosso amigo pode ouvir uma coisa e escutar outra. Entretanto, paradoxalmente, possui excelente audição, em especial para os sons musicais. Exemplo de músico que o agrada muito: Amado Batista. 
Você já percebeu, amigo leitor, como o Amadão canta bem? Que voz! O mais próximo que um cantor pode chegar à sua altura foi o Frank.
— Quem, o Frank Aguiar?
— Não, despiciendo leitor, o Frank Sinatra.
Outras palavrinhas que causam confusão são entender e compreender. Entender é saber alguma coisa sem necessariamente conhecer o seu porquê. Compreender é saber o significado daquilo que foi entendido, para que serve, o porquê daquilo. Quem entende não reflete sobre o que leu ou ouviu; mas quem compreende reflete, compara, questiona, busca saber o porquê da coisa. Não é o que acontece com os conteúdos decorados, que podem ser entendidos, mas não compreendidos. A pessoa repete tudo direitinho, mas nem sempre sabe qual a finalidade daquilo.
O grande problema do entendimento sem compreensão é que, por vezes, a pessoa decora um assunto sem procurar saber a sua utilidade, para que serve e, na hora de responder uma pergunta sobre ele, dá respostas sem sentido, como ocorre nos exames do Enem. Se a pessoa compreende bem o assunto, responde com suas próprias palavras. Se o entendeu, mas não compreendeu, ao esquecê-lo tenta fazer associações com outras informações também não compreendidas. Então sai isto no exame do Enem:
– O que é ditongo e tritongo?
– Ditongo é uma palavra com dois tongos e tritongo é a que possui três tongos...
Ou, na redação, uma conclusão como esta: "A leitura permite ao homem tornar-se míope", que, nem se interpretada literalmente, faz sentido, pois a miopia é a dificuldade de ver a distância e não de perto.
Sem desejar cansar o leitor e a leitora, algumas pérolas famosas do Enem são as seguintes:
"A prosopopeia é o começo de uma epopeia";
"Um paralelepípedo é um animal cujos dois pés são paralelos";
E, para finalizar: "Triângulo são os filhos trigêmeos do ângulo".
Ah, fala sério, meu!



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