Em dia com o Machado 202 (jlo)
Eu
visitei um país, em Vênus, chamado Libras. Nesse planeta, todos os animais
raciocinam e falam o mesmo idioma, com variações de caráter, logicamente. Os
principais animais de Libras são os primatas (sapiens
e trogloditas), o gato (mamífero felídeo, que combate os ratos), o rato
(ladrão), o morcego (mamífero quiróptero alado, provido de radar), a orca
(cetáceo: mamífero caçador de tubarões) e o tubarão (ganancioso).
Os
sapiens integram as forças de
segurança e os trogloditas integram o proletariado...
Acontece
que, em Libras, os ratos proliferaram de tal forma que, de tanto insistir, acabaram
por convencer o restante da população de que, por direito, a gestão do país
deveria ser deles e dos seus amigos tubarões. Como ali imperava a democracia,
os demais animais cederam à insistência ratuína, principalmente, após quatro
tentativas de assumir o governo, sendo que, na quarta, alcançaram seu intento.
Mas
o que os ratos queriam mesmo era implantar o comunismo em Libras, ainda que
essa ideologia estivesse praticamente extinta nos demais países de Vênus.
Então, puseram mãos à obra, ou melhor, patas à obra. Disseram que o gestor-mor,
Alul, detestava ler e dizia, aos quatro costados, que alcançara o cargo de
mandatário da nação sem ter lido, por inteiro, um único livro...
Desse
modo, não seria a educação a necessidade primordial da população, e, sim, a
bolsa-família. Os proletariados adoraram a ideia, pois não mais precisariam estudar
e muito menos trabalhar. O problema era que, com a maioria da população sem
produzir, o Estado ameaçou ruir, roído que já estava por imensa ratazana.
Nada,
porém, que não fosse resolvido pelos ratos do poder. Criaram a Petrorrato e
indicaram para administrá-la os mais sagazes ratos do país, chefiados por
outros animais provenientes da classe burguesa ambiciosa, os tubarões.
Resultado, noventa por cento da renda da empresa foi parar na Suíça (mera
coincidência de nome) e em outros paraísos fiscais de Vênus.
Quando
acusavam os ratos de roubar bilhões, eles se defendiam dizendo que seus
antecessores roubaram milhões...
Também
disseram que a saúde era um direito de todos. Desse modo, criaram o SUSTO
(sistema único de saúde dos trogloditas ordinários), que, por contratar médicos
cubanos, bolivianos, venezuelanos e de outros países, cujos nomes se assemelham
(pura coincidência) com os da Terra, esqueceram de formar seus próprios médicos
e levaram o sistema à falência. Isso sem nos referirmos à sobrecarga de impostos
sobre os medicamentos, cirurgias de retirada de útero em trogloditas machos,
etc. etc. etc.
Para
que os trogloditas não ficassem sem-teto, atenderam o movimento dos sem-terra e
construíram para os primeiros diversos prédios em terreno alagadiço. Quando
veio o primeiro temporal, as habitações dos trogloditas ficaram submersas, e os
sem-terra continuaram invadindo as propriedades dos grandes produtores que,
para expulsá-los, tinham que recorrer à polícia, depois ao governo, que os
mandava procurar o judiciário e este os mandava aguardar alguns anos...
O
que os ratos ignoravam é que os sapiens
mandaram instalar gatos em suas “propriedades
públicas”, tais como a Petrorrato, o BNDrato, etc. Além disso, solicitaram aos
morcegos para, à noite, conectarem seus radares ao serviço de inteligência da
Aeronáutica; contrataram orcas marinhas para
caçar os tubarões e deixaram aos gatos vigilantes a caça aos ratos. Um deles,
chamado Régios Orom, tornou-se herói nacional...
Quando
o “exército” dos ratos foi convocado pelo rato-mor para combater os sapiens, gatos e aliados, verdadeiros
defensores dos trogloditas e dos demais animais não submissos ao corrupto
governo ratuíno, os defensores da pátria, com a ajuda do exército (sapiens), da
aeronáutica (morcegos), do judiciário (gatos) e da marinha (orcas), já estavam
sob o controle de toda a situação.
Daí,
mandaram os ratos e todos os desocupados para trabalhar no campo, sob a
vigilância dos gatos, investiram na educação para todos, na segurança e na
saúde (inclusive para os ratos) e, sem dar um só tiro, criaram um novo país
cujo lema passou a ser: “saúde, educação, moradia, alimento, vestiário, lazer e
segurança para todos os animais educados e trabalhadores deste país”.
E
todos os animais de Libras viveram felizes para sempre, sob as cores verde,
amarelo, azul e branco que reluzem no planeta Vênus, o mais brilhante do
sistema solar. O país retomou suas tradições cristãs e aboliu, definitivamente,
a desonestidade crônica, sua maior praga.
Arrumadas as sílabas de LIBRAS,
descobriu-se que elas possuíam as mesmas letras que também possui o maior país da
América do Sul (pura coincidência).
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