Em dia com o Machado 258 (jlo)
Sabe,
Joteli, muitas vezes, imaginamos saber o que não sabemos. Por isso mesmo, parafraseio novamente o que Hamlet, personagem shakespeariano,
afirmou: Há mais coisas no céu e na
terra, Joteli, do que são sonhadas em sua filosofia.
Eu,
quando encarnado no Brasil, fui crítico mordaz dos praticantes da Doutrina
Espírita, embora soubesse diferenciar bem o que era Espiritismo de magia negra,
cartomancia e outras manifestações “macabras” e supersticiosas. Basta que se
leiam meus contos e romances.
Meu
grande equívoco foi ironizar a Doutrina dos Espíritos em minhas crônicas, do
que me penitencio agora. Desse modo, vou desconstruir cada uma de minhas doze
crônicas com abordagem espírita, reescrevendo-as com a visão de Espírito
imortal que todos somos e fazendo uma ponte entre o passado e o presente.
Brinquemos
de faz de conta. Faz de conta que, em 16 de junho de 1878, após viagem, em espírito,
ao futuro, rasguei essa crônica e a substituí por esta:
A
ciência ufana-se de contar entre seus sábios a figura impoluta do magnetizador
o Sr. Locatelli, homem probo e sábio que, após ter estudado, durante oito anos,
as obras básicas publicadas pelo missionário do Cristo, Allan Kardec, fundou,
na Rua do Espírito Santo, o Centro Espírita Delfos, em homenagem à cidade grega
da antiguidade. Segundo fui informado, a ideia era homenagear a pitonisa do
Templo de Delfos, consultada pelos sábios, a qual os aconselhara
individualmente: “Homem, conhece-te a ti mesmo”, frase repetida pelo grande
filósofo grego Sócrates, iniciador das verdades que o Espiritismo ressuscitou e ampliou.
Foram
muitos os fenômenos mediúnicos de
materialização, de pneumatografia e de voz direta observados, no Centro
Espírita Delfos, por grande número de clérigos durante sua inauguração em São
Cristóvão. Também, considerável número de renomados cientistas veio de longe
para estudar os fenômenos. Estiveram presentes pesquisadores americanos,
russos, italianos e até franceses, entre muitos outros renomados cientistas.
Tal
foi a importância do evento, que o delegado local enviou para lá um efetivo
policial considerável, com o objetivo de proteger dirigentes e público presente.
Uma centúria de agentes da lei foi deslocada para o local, com o objetivo de
garantir a segurança de todos. O local de inauguração, como não podia deixar de
ser, foi o Maracanã.
Soube
mesmo que o Fla-Flu previsto para
domingo, dia da inauguração do centro, foi transferido para uma
quarta-feira. Os cariocas aplaudiram a iniciativa, pois afinal é muito mais
importante “ganhar a nossa alma” do que vencer uma partida de futebol, ainda
que esta seja decisiva, como o foi aquela, dias após.
O
melhor de tudo é que, se a polícia os defende neste mundo, os bons Espíritos,
enviados por Jesus, os protegem no outro.
E,
neste espaço, convido a leitora amiga e o amigo leitor para uma reflexão
paulina que começa a ser mais bem entendida em nosso tempo e nos permite vislumbrar
o espaço poético da realidade espiritual: “Semeia-se corpo animal,
ressuscita-se corpo espiritual”.
E
eu creio perfeitamente nisso, amigo Joteli. Deixemos falar e materializar-se os
Espíritos, porque, se eles não o fizerem, até as pedras falarão.
...Se conosce la verità
la verità voi renderà liberi.
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