Em
dia com o Machado 257 (jlo)
—
Meu caro Machado, gostei tanto da entrevista com Kardec que resolvi apelar-te
para que tenhamos novo encontro com o Codificador do Espiritismo. Agora que te
tornaste seu amigo, certamente ele não te negará novo encontro.
—
Que desejas saber mais com ele, meu caro Joteli, que não esteja escrito nas Sagradas Escrituras, nas obras da
Codificação, em Obras Póstumas e na Revista Espírita? Allan Kardec, no
momento, segue Victor Hugo, reencarnado no Brasil, para dar continuidade àquela
que, em sua modéstia, considera a Doutrina dos Espíritos. É verdade, mas o
mérito de sistematização, análise racional, materialização escrita de forma
simples, clara e coerente, além da divulgação teórica e prática, muito devem a
Kardec. Continua consultando essas obras. Nelas terás resposta a qualquer
dúvida de teu espírito sequioso de saber.
—
Tudo isso é verdade, Bruxo, mas já que o Codificador não pode comparecer, que
tal me responderes a alguns questionamentos?
—
Joteli, Joteli... não te faças de desentendido. Há mais de quarenta anos tens
sido iniciado na Doutrina Espírita...
—
Que são quarenta e poucos anos, ante a Ciência do Infinito? Nada...
—
Deixa de falsa modéstia, Jo, e vamos logo às tuas dúvidas. Também estou
aprendendo, do lado de cá, mas igualmente junto de ti, aprendo um pouco dessa Doutrina
maravilhosa.
—
Então, transmita ao nosso curioso leitor, amigo Bruxo, algo do que tens sabido
no Mundo dos Espíritos, sobre a evolução humana, tu que tanto a negaste em tuas
crônicas.
—
É verdade, Joteli. Penitencio-me disso. Aqui, descobri, nos arquivos da Escola
da Sabedoria, que o Mundo foi feito
por Ele, o Cristo de Deus (João, 1:3 “Todas as coisas foram feitas por Ele, e
sem Ele nada do que foi feito se fez.”).
—
Então, Jesus é o próprio Deus encarnado?
—
Tu sabes que não, Joteli. Suas próprias palavras, registradas pelos
evangelistas, mostram-nos claramente que Ele é o Espírito encarregado por Deus para condução dos homens terrenos. Lê
o que João registrou: “E agora, Pai, glorifica-me com a glória que eu tinha,
junto de Ti, antes que a Terra existisse” (João, 17:5).
—
Gostarias de explicar, também, ao amigo leitor, o significado do penúltimo
versículo do profeta Malaquias, cujo significado é “anjo de Deus”?
—
Que diz ali, Joteli?
—
“Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do
Senhor.” (Malaquias, 4:5)
—
Muito simples, João Batista, o Elias reencarnado, exortaria todos os judeus a
seguirem Jesus, que já estava na Terra que Ele criou. E não te esqueças: Deus é nosso Pai, tanto quanto o é de
Jesus. Mas, Joteli, vou contar-te uma coisa: enquanto estive na carne,
rebelei-me contra certos rituais e dogmas da Igreja Católica. Por isso não
aceitei a extrema unção de padre em meu leito de desencarnação. Outro ritual, o da procissão, foi muito criticado
por mim. Deste lado da vida, aprendi com Allan Kardec muita coisa que eu desprezara,
deliberadamente, quando estive na matéria. Hoje compreendo melhor o
Espiritismo, ainda tão ignorado no meio católico conservador e pelos
evangélicos em geral.
—
Vamos por parte, Bruxo, que tens contra o dogma da divindade de Jesus? não foi
dito acima que Ele é o criador da Terra?
—
Da Terra, sim, do Universo, não. Ainda assim, sua criação segue o modelo de Lavoisier, transformar, condensar a
matéria disseminada no espaço em forma de energia. Criador mesmo é Deus, nosso
Pai e de Jesus que, assim como todos nós, foi criado “simples e sem saber”, mas
que evoluiu “em linha reta”, isto é, foi dócil ao Pai desde o princípio. Jesus,
o Cristo, por já ser puro antes de qualquer ser terreno, é tratado, nas
Escrituras Sagradas, como o “Filho Unigênito” do Pai Eterno, nosso Deus e seu
Deus, nosso Pai e seu Pai (João, 20:17). Precisas de algo mais claro do que
está aqui?
—
E os demais dogmas que não aceitaste e só agora o dizes a mim, teu amigo e
admirador incondicional?
—
Por ora, não falemos neles, mas certamente saberás o porquê de minha repulsa à
imposição de tais absurdos, apenas compreensíveis em eras remotas do passado
obscuro da Terra. Adeus!
—
Até mais ver, amigo Bruxo do Cosme Velho.
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