Isabel de Aragão
(Irmão Jó)

 
Nasceu na Espanha, no reinado de Aragão,
E foi criada pelo avô quando criança,
Com seis anos apenas amava a oração,
Que já recomendava como à vigilância.
 
Foi casada com Dom Dinis aos 11 anos
E, embora fosse, na Espanha, aragonesa,
Por tratativas de conluios soberanos,
Tornar-se-ia soberana portuguesa.
 
E a menina, que nada pudera fazer
Para impedir costume cruel e repelente,
Seguiu pra Portugal, humilde, a obedecer,
Onde se casaria imediatamente.
 
Tiveram um casal de filhos muito amados,
Cuja história de vidas muito diferentes
Seguiriam compondo ruidosos reinados,
Mas Isabel seguia ao Santo Deus temente.
 
Dizia sempre a quem então pudesse ouvir
Que todos os seus bens, por Deus lhe foram dados
Somente para seu povo pobre servir,
E onde passasse, os passos eram aclamados.
 
Tinha diversos dons, um deles de curar
Do mal da hanseníase pobres enfermos
Ao lhes impor as mãos e por eles orar,
Conforme registrou a história nesses termos.
 
O Rei de Portugal, seu esposo Dom Dinis,
Proibira Isabel dar pão nos arredores
Do Reino Português ao povo infeliz;
Por ele questionada, torna pão em flores.
 
Então, se afasta o Rei Dinis mui espantado,
Pois a vira sair do palácio em sua rota
Conduzindo seu cesto de pães carregado,
E agora vê o cesto cheinho de rosas.
 
O filho cria guerra conta o próprio pai,
Isabel interpõe-se entre os dois batalhões
E, sob aclamação, propõe a ambos paz
E a paz volta a reinar entre os reinos brigões.
 
Agora já idoso, adoece o rei e morre.
Isabel adoece, e novas confusões
Voltam a ocorrer e ela sempre acorre...
Até que, já exausta, morre em convulsões.
 
Ela, que já curara tantos hansenianos,
Morre de hanseníase num lindo dia.
A paz volta na Terra em cantos gregorianos,
E Isabel chega ao Céu nos braços de Maria.
 
Brasília, DF, 04 de julho de 2024.
Dia de Santa Isabel.