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terça-feira, 29 de novembro de 2016


Em dia com o Machado 239 (jlo)

Nos momentos de tragédia, quando muitas pessoas sucumbem a um grave acidente o mundo fica perplexo e se pergunta: Por quê?  A vida, porém, de mais de seis bilhões de humanos impermanentes na Terra, que se julgam permanentes, continua. E, dentre estes, surgem mesmo os que fazem chacota com a situação dos que vêm para o lado de cá.
Se as vítimas são cantores, dizem que vieram cantar no coral de São Pedro; se são pedreiros, terão vindo construir catedrais para os anjos; se escritores, ocupar-se-ão de obras literárias relacionadas aos sexos dos anjos; se jogadores desencarnam, os que ficam no corpo físico são capazes até mesmo de formar alguns times com os atletas do passado para disputarem partidas memoráveis, no céu, com os novos companheiros recém-ingressos no campo dos pés juntos.
Ressalta-se de todas essas manifestações, até mesmo otimistas, mas pouco  crédulas, entre os que se consideram “vivos”, que a grande maioria dos que assim agem não crê, efetivamente no que dizem e acreditam mesmo é que essas vítimas se perderam no nada.
Nunca mais! A religião é o “ópio do povo”, serve apenas para dar uma esperança absurda. Morreu, acabou...
Do lado de cá, outros cerca de 20 bilhões aguardam o momento de sua transmutação. Alguns em curtíssimo tempo, após seu retorno; outros em algumas décadas; outros mais depois de séculos ou mesmo milênios...Todos, entretanto, voltarão mais cedo ou mais tarde, salvo aqueles que já não estão subjugados pelas paixões humanas.
As experiências evolutivas, entretanto, também sofrem mutações. Do lado de cá, o ex-jogador tanto pode integrar a seleção dos sonhos, quanto o pesadelo das batalhas cruéis, quando optou por agredir, em vez de competir; o ex-cantor pode deparar-se com a afasia, em virtude das drogas que consumiu; mas o pedreiro responsável pode ser o grande engenheiro ou o arquiteto de um mundo melhor, desde que seja dócil às orientações dos técnicos do Além.
Ou seja, para os bons, a morte do corpo é sempre uma viagem espiritual que nada tem a ver com os horrores da decomposição cadavérica ou o choque das grandes tragédias humanas. Para no menos bons, uma oportunidade de aprender, refletir, aprender e recomeçar...
A vida é um eterno recomeço e um permanente aprendizado.
Por que será que grandes ditadores, criminosos do presente ou do passado, antes de passarem para o lado de cá buscam o socorro das religiões, em especial a consulta espiritual aos “pais da Igreja”? É a consciência, esse implacável “dedo de Deus”, que lhes cobra, incessantemente, por seu irmão, como a Voz Divina que Caim ouvia, após assassinar seu irmão Abel: “Caim, Caim, que fizeste de teu irmão?”
Todavia, perguntará a leitora, e essas vítimas inocentes, o que fizeram para passar por prova tão rude? Por que motivo sofreram separação tão brutal?
Ao que lhe respondo: “Não há morte, cara leitora. Apenas a “veste física” é entregue aos vermes. A alma é imortal. Creia nisso, você não morrerá jamais. O que morre são as ilusões do mundo, que aqui ficam. No plano espiritual, a vida estua abundante, e o refrão de que “quem não deve não teme” se aplica como a luva dos melhores goleiros nas cidades do Além.
“Mas e os que ficam? Os órfãos, as viúvas ou viúvos dessas pessoas: jornalistas com promessa de futuro brilhante, dirigentes probos, jogadores alegres e amigos, o que será da saudade, do sentimento de profundo pesar de todos aqueles que, direta ou indiretamente, se vinculavam a eles?” Tudo passa, neste mundo, mas tudo retorna, o que lhe parece uma eterna separação não passa de um até breve. Os que ficam, assim como os que vão, continuam aprendendo e na companhia de quem nunca nos abandona: nosso Pai Eterno, na feliz expressão de Jesus: Deus.
Quem sabe se em poucos anos todos não estaremos juntos, novamente, dizendo: “Vai, Chape, vai, campeão!?”
É a roda da vida, incessante e surpreendente! Você pode até não acreditar, amigo leitor, mas, como diz meu amigo André Luiz, aqui do meu lado:
“[...] Uma existência é um ato.
Um corpo, uma veste.
Um serviço, uma experiência.
Um triunfo, uma aquisição.
Uma morte, um sopro renovador.
[...] Ai, por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espírito!”
E eu repito, com esse amigo espiritual, suas palavras iniciais da obra Nosso lar que expressam uma pálida ideia do que seja o mundo espiritual:
“Que o Senhor nos abençoe”, assim como a todos esses nossos irmãos, viajores da eternidade, que ora são recebidos de braços abertos no deslumbrante e permanente campo do espírito.

Paz a todos nós! aos que aqui estamos e aos que ainda jazem sob o guante da veste temporária.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Em dia com o Machado 238 (jlo)


Tentei pagar conta telefônica pelo meu i-Phone, no ícone do BB e, em resposta, li a seguinte mensagem: “Desbloquear usando o Touch ID”. Bati com o dedo ali, para atender o pedido de desbloqueio e não abriu. Quando dedei em cancelar, fui atendido. Após meia dúzia de tentativas de desbloqueio sem resultado e cancelamento com êxito, resolvi ligar para o número de atendimento aos clientes da agência. Então, teve início nova saga. A secretária eletrônica pediu tudo, de 1 a 10, sem que nenhuma dessas opções fosse a que eu queria.
— E o que querias, Joteli?
— Ah, mestre Machado, desejava simplesmente que alguém e não somente uma gravação eletrônica me dissesse o que fazer para desbloquear aquele ícone e acessar o tal de Touch ID. Se ao menos o Touch, que até sobrenome tem, me dissesse o que fazer, poupar-me ia a perda de meia hora do meu precioso tempo...Ide para os quintos... ID.
— É, meu caro, atualmente, tudo está sendo informatizado. Andam dizendo que já há crianças que pouco após seu nascimento são capazes de dizer: “— Só paro de chorar se mamãe prometer que vai comprar um i-Phone 7 para mim!”
— É verdade, Machado, mas já sou idoso e só na próxima encarnação terei um cérebro limpinho para cutucar com o dedo todos os botões que aparecerem em minha frente.
— Nisso eu concordo contigo, Jo, CPU e cérebro têm que estar limpos para produzirem muito...
— Agora ocorreu-me que eu bem podia ter lembrado de consultar meu neto de 4 anos, ao invés de digitar cada número do código de barras pelo computador, para pagar a malfadada conta telefônica. Ó, céus, ó lua, ó mar... Por que não me sugeriste tal ideia antes, Bruxo!?
 — E a coisa ainda vai melhorar, meu caro secretário. Estamos nos primórdios do tempo em que as máquinas vão resolver tudo para nós, sem qualquer intromissão humana. Imagino o dia em que a pessoa liga para uma clínica médica e...
— Fufufufufil... fufufufufil... fufufufufil...
Após o terceiro fufufufufil, responde a/o secretária/o eletrônica/o:
— Bom dia! (Quanta educação!) — ou: Boa tarde!. Ou: Boa noite! Conforme a hora. (Quanta sofisticação!) — Aqui quem fala é Touch ID às suas ordens.
Para consulta à clínica geral com robô masculino, digite 1; para consulta a robô feminino, digite 2 [...]; para voltar ao robô anterior, digite 5.
— ....
— Dois! Se você está gripado, digite 1; se está com pneumonia, digite 2; se é gastroenterite, digite 3; hipo ou hipertensão, digite 4; outras doenças, digite 5.
— ...
— Um!... para cefaleia, digite 1; para tosse, digite 2; para espirro, digite 3; para coriza, digite 4, para hipertermia, digite 5..., para falar com outro robô, digite 0.
— ...
— Um!... Tome um paracetamol de oito em oito horas.
— ...
— [...]. Entendi o seu problema. Procure um/a robô psiquiatra.

E pensar que não era para bater com o dedo no Touch ID, e sim apertar o botão do i-Phone...
Depois disso, mais duas horas perdidas... Alteraram o meu blog e, por fim, fiquei sem sinal de internet!

E hoje nem sexta-feira treze é...

terça-feira, 15 de novembro de 2016



Em dia com o Machado 237 (jlo)

Em conversa rápida com seu filho, Joteli lhe disse que faz questão de viver, no mínimo, até os 89 anos, como ocorreu com a mãe de meu secretário. Em resposta, Leinad, o filho, disse-lhe, filosoficamente, que a vida terrena está nos desígnios de Deus. Como exemplo, citou o caso de um jovem de trinta e poucos anos, namorado de sua amiga, que morreu de infarto aos 32 anos.
É leitor, a vida é um sopro. Por isso Jesus afirmou que “O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para aonde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João, 3:8).
Um pé de vento soprou, então, em meu ouvido: — O amigo fala sobre mim?
— É exatamente a seu respeito que acabei de falar, meu caro sopro.
— Não confundais as coisas, meu filho, o sopro é a minha voz... Eu sou o vento que sopra sobre vós, mas não sabeis de onde venho, ó alma dura. Pois agora dir-vos-ei quem sou, de onde venho e para onde vou.
— Quem é você?
— Já vos disse, e se tivésseis olhos de ver e ouvidos de ouvir saberíeis quem sou. Eu sou manifestação de quem sempre foi, é e será: puro Espírito, a quem importa adoreis “em espírito e em verdade” (João, 4:24).
— Ah, já sei! Você é o sopro da vida, manifestação de Deus.
— Exatamente, vosso servo e vosso senhor.
— Mas isso é um contrassenso, onde já se viu alguém ser servo e senhor ao mesmo tempo?
— Isso dependerá do que fizerdes de mim. Como estou em toda a parte e, por conseguinte, dentro, como também fora de vós, se fizerdes bom uso de mim, ter-me-ás como vosso servo. Caso contrário, ser-vos-ei implacável senhor dos destinos. Vede os moinhos, quanta utilidade nas grandes fazendas. Observai o ventilador, que, ainda hoje, refresca muita gente do calor. O deslocamento dos veículos... Em toda a parte eu me faço presente, a todos servindo, inclusive no ato de respirar, refrescar... Inspirai, porém, gás carbônico e morrereis. Obedecei aos meus impulsos salutares, na respiração e em todos os instrumentos úteis que, mercê de minha força e poder, vós construís e tereis vida gloriosa. Vosso servo, pois, mas também senhor de vossa vida.
— E de onde você vem?
— Venho do Universo, como parte do hálito Divino, de sua Vontade e de seu Poder.
— E para onde vai?
— Vou a toda parte, pois onde estou e aonde sopro, a vida se manifesta como parte de mim. De mim saístes, portanto, e para mim voltareis. Mas é preciso que a vossa luz adquira o brilho próprio destinado por mim a todos os meus filhos.
— É verdade... “Brilhe a vossa luz”, disse-nos o Cristo (Mateus, 5:16).
— Sim, filho meu, a luz também está no ar, éter quintessenciado, que sopro em cada ser. Entretanto, somente quando este se libertar de todas as impurezas da matéria, como as bactérias, assim como as larvas mentais, estará em condição de ascender aos meus braços. Sair da horizontalidade da animalidade e entrar na verticalidade do Espírito é a meta de todos vós.
Então concluí, leitor amigo, que a vida está nos desígnios de Deus, mas somente quem a alimenta com os textos sagrados e se esforça para colocá-los em prática está a caminho de ter vida em abundância, seja no corpo físico ou no espiritual. Comece pela leitura d’O Evangelho Segundo o Espiritismo para respirar o mesmo ar calmo do jovem galileu, nosso Mestre Jesus.

“Examinai tudo e retende o bem” (Paulo, I Tessalonicenses, 5:21).

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Em dia com o Machado 236 (jlo)

Amiga leitora, hoje vamos falar um pouco sobre biologia.
Os organismos vivos possuem três funções vitais: nutrição, reprodução e relação. A primeira função que nos mantém vivos é a nutrição, que absorve matéria e a transforma em energia. 
A nutrição tem por base os seguintes elementos: alimentação, circulação, excreção e respiração.
A alimentação pode ser heterotrófica ou autotrófica A primeira tem por base a matéria orgânica, animal ou vegetal, que nosso organismo transforma em “matéria própria”, ou seja, moléculas simples, obtidas por nosso sistema digestivo. A segunda, baseia-se na formação de matéria orgânica criada a partir da matéria inorgânica, como o dióxido de carbono, água e sais minerais, pelo fenômeno chamado fotossíntese, próprio dos vegetais.
A circulação nutre nosso corpo fazendo viajar nele, pelo sangue, todas as moléculas nutrientes.
A excreção é a eliminação, pela urina e fezes, de todas as substâncias inúteis ou nocivas ao nosso organismo; no caso dos vegetais, a excreção resulta da fotossíntese.
A respiração é a absorção do oxigênio e eliminação do dióxido de carbono no momento de nossa inspiração e expiração. É o metabolismo proveniente da respiração que nos proporciona a energia adquirida via alimentação. Sem ela, adeus, leitor; au revoir, lecteur.
A relação é a base do amor. É por seu intermédio que agimos e reagimos ante algo ou alguém.
Ela nos estimula uma resposta, positiva ou negativa. Isso tanto ocorre com as células quanto com os seres vivos. Se o movimento vai na mesma direção, a resposta é positiva; se caminha em via contrária, a resposta é negativa. Por trás dela está a vontade: de comer, de caçar, de amar, etc. Os estímulos variam com o meio, como também suas respostas, que podem ser internas, como a sensação de frio ou de calor, por exemplo; ou externas, como a amizade, o medo, a dor. O meio ambiente proporciona a todos os seres vivos a sobrevivência, quando seu relacionamento é positivo e equilibrado. Se houver um desequilíbrio no meio ambiente, os seres vivos poderão se destruir, como, por exemplo, a quantidade exagerada de ratos em local de escassa alimentação. Nesse caso, eles se devoram...
Deixei para la fin la reproduction, cara leitora, em vista de sua importância na sobrevivência de todos os seres. Se os seres vivos não se reproduzissem, a vida seria extinta no planeta. Por isso, é citada esta famosa frase de Jeová a Adão e Eva: — Crescei-vos e multiplicai-vos.
Há dois tipos de reprodução: a assexuada e a sexuada. A primeira ocorre em seres unicelulares. Ela pode ocorrer por bipartição, como no caso das algas e dos protozoários; pode dar-se por fragmentação, como acontece com as estrelas do mar e pode resultar da gemação, quando é o pai que dá origem a um novo ser, como ocorre com as esponjas do mar. Nesse caso, ocorre uma divisão desigual de uma das células paternas e a menor é atraída por uma das gemas da membrana plasmática paterna e desenvolve outro organismo igual.
Quanto à reprodução sexuada, a Natureza, bilhões de anos antes que o homem inventasse o pino e a tomada, criou os sexos opostos: masculino e feminino. É essa reprodução que permite o cumprimento, na Terra, do mandamento divino: “Amai vosso pai e vossa mãe”. O resto é “invenção” humana, quando se trata de reprodução sexual, cuja consequência, caso fosse abolida a forma macho/fêmea, seria a extinção da vida em nosso orbe. Nunca vi um pino dar à luz com outro pino, e nem tomada com tomada gerarem energia luminosa.
Para finalizar, leitor(a), curta esta bela música do padre Zezinho, melhor cantor cristão de nossos tempos, indubitavelmente, cuja música é um verdadeiro hino de amor, seja ela cantada por católicos, evangélicos, espíritas... Clique aqui: Oração Pela Família - Padre Zezinho - LETRAS.MUS.BR.



quarta-feira, 2 de novembro de 2016



Em dia com o Machado 235 (jlo)

Amigo leitor, Manoel Bandeira afirmou sobre mim que “Machado poeta foi vítima do Machado prosador”[1] e, com o rigor dos poetas consagrados, somente elencou uma dúzia de poemas, nas Ocidentais, “que têm a mesma excelente qualidade que têm os seus melhores contos e romances”. Senti-me por demais honrado com a opinião desse grande poeta pernambucano, pois não esperava mais que cinco leitores para Memórias Póstumas de Brás Cubas e eis que doze, nem mais, nem menos... doze poemas meus foram exaltados por ele, o que me faz deduzir que ao menos uma dúzia de leitores consagraram minha poesia. Aceito.
Um poeta de meu tempo pouco reconhecido à época, mas que Roger Bastide, crítico francês do século XX, considerou que era uma das três maiores penas do soneto simbolista mundial, junto com Mallarmé e Stefan George, é o Cisne Negro Cruz e Sousa.
Sinta a sinfonia de seus versos, embriague-se com o ritmo de suas rimas e emocione-se com a mensagem sublime de suas estrofes, amiga leitora, em mais de uma grosa de sonetos, como este, intitulado Piedade:

O coração de todo ser humano
Foi concebido para ter piedade.
Para olhar e sentir com caridade,
Ficar mais doce o eterno desengano.

Para da vida, em cada rude oceano
Arrojar, através da imensidade,
Tábuas de salvação, de suavidade,
De consolo e de afeto soberano.

Sim, que não ter um coração profundo
É os olhos fechar à dor do mundo,
Ficar inútil nos amargos trilhos.

É como se meu ser compadecido
Não tivesse um soluço comovido
Para sentir e para amar meus filhos[2].

Segundo Um Espírito Protetor, em mensagem d’O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 17, it. 10),

Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça [...].

Por fim, esclarece-nos esse Espírito Protetor que

A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta [...].
Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente Ele os abençoa. – Um Espírito protetor (Bordeaux, 1863).

Pois bem, amigos leitores de meus doze poemas, o brilhante Cruz e Sousa[3], agora deste Plano invisível para vós, salvo se sois médium vidente, conclui com a receita final, à sua miríade de leitores com este poema psicografado por Chico Xavier, intitulado Alma do Amor:

Alma do Amor, cansada, erma e fremente,
Arrastando o grilhão das próprias dores,
Sustenta a luz da fé por onde fores,
Torturada, ferida, descontente...

Nebulosas, estrelas, mundos, flores
Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...
Tudo sonha, buscando o lume ardente
Do eterno amor de todos os amores!

Alma, de pés sangrando senda afora,
Humilha-te, padece, chora, chora,
Mas bendize o teu santo cativeiro...

Não esperes ninguém para ajudar-te,
Ama apenas, que Deus, em toda a parte,
É o sol do amor para o Universo inteiro.


Por fim, amigos, neste dia em que se comemora Finados, volto para assegurar-vos, como o fez meu personagem Brás Cubas, que não existe morte para quem ama. Amai e sede feliz. Mas amai como o Cristo amou, sonhai como Jesus sonhou, pensai como o Cristo pensou e vivei como Jesus viveu. Somente assim vencereis a morte e sereis felizes onde quer que estejais.
Feliz dia dos vivos!










[1] BANDEIRA, M. O poeta. In: ASSIS, M. Machado de Assis: obra completa, v. I, Rio de Janeiro: Aguilar, 1973.
[2] SOUSA, C. Poesias completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Tecnoprint Ltda. Edições de Ouro, s. d.
[3] SOUSA, C. Espírito. In: XAVIER, F. C.; VIEIRA, W. Antologia dos Imortais. 4. ed.  Rio de Janeiro: FEB, 2002, parte III.

  Propriedade Intelectual (Irmão Jó) Houve época em que produzir Obra de arte legal Era incerto garantir Direito intelectual.   Mas com tant...