Em dia com o Machado 239 (jlo)
Nos
momentos de tragédia, quando muitas pessoas sucumbem a um grave acidente o
mundo fica perplexo e se pergunta: Por quê? A vida, porém, de mais de seis bilhões de humanos
impermanentes na Terra, que se julgam permanentes, continua. E, dentre estes,
surgem mesmo os que fazem chacota com a situação dos que vêm para o lado de cá.
Se
as vítimas são cantores, dizem que vieram cantar no coral de São Pedro; se são
pedreiros, terão vindo construir catedrais para os anjos; se escritores,
ocupar-se-ão de obras literárias relacionadas aos sexos dos anjos; se jogadores
desencarnam, os que ficam no corpo físico são capazes até mesmo de formar
alguns times com os atletas do passado para disputarem partidas memoráveis, no
céu, com os novos companheiros recém-ingressos no campo dos pés juntos.
Ressalta-se
de todas essas manifestações, até mesmo otimistas, mas pouco crédulas, entre os que se consideram “vivos”,
que a grande maioria dos que assim agem não crê, efetivamente no que dizem e
acreditam mesmo é que essas vítimas se perderam no nada.
Nunca
mais! A religião é o “ópio do povo”, serve apenas para dar uma esperança
absurda. Morreu, acabou...
Do
lado de cá, outros cerca de 20 bilhões aguardam o momento de sua transmutação.
Alguns em curtíssimo tempo, após seu retorno; outros em algumas décadas; outros
mais depois de séculos ou mesmo milênios...Todos, entretanto, voltarão mais
cedo ou mais tarde, salvo aqueles que já não estão subjugados pelas paixões
humanas.
As
experiências evolutivas, entretanto, também sofrem mutações. Do lado de cá, o ex-jogador
tanto pode integrar a seleção dos sonhos, quanto o pesadelo das batalhas cruéis,
quando optou por agredir, em vez de competir; o ex-cantor pode deparar-se com a
afasia, em virtude das drogas que consumiu; mas o pedreiro responsável pode ser
o grande engenheiro ou o arquiteto de um mundo melhor, desde que seja dócil às
orientações dos técnicos do Além.
Ou
seja, para os bons, a morte do corpo é sempre uma viagem espiritual que nada
tem a ver com os horrores da decomposição cadavérica ou o choque das grandes
tragédias humanas. Para no menos bons, uma oportunidade de aprender, refletir,
aprender e recomeçar...
A
vida é um eterno recomeço e um permanente aprendizado.
Por
que será que grandes ditadores, criminosos do presente ou do passado, antes de
passarem para o lado de cá buscam o socorro das religiões, em especial a
consulta espiritual aos “pais da Igreja”? É a consciência, esse implacável “dedo
de Deus”, que lhes cobra, incessantemente, por seu irmão, como a Voz Divina que
Caim ouvia, após assassinar seu irmão Abel: “Caim, Caim, que fizeste de teu
irmão?”
Todavia,
perguntará a leitora, e essas vítimas inocentes, o que fizeram para passar por
prova tão rude? Por que motivo sofreram separação tão brutal?
Ao
que lhe respondo: “Não há morte, cara leitora. Apenas a “veste física” é
entregue aos vermes. A alma é imortal. Creia nisso, você não morrerá jamais. O que
morre são as ilusões do mundo, que aqui ficam. No plano espiritual, a vida
estua abundante, e o refrão de que “quem não deve não teme” se aplica como a
luva dos melhores goleiros nas cidades do Além.
“Mas
e os que ficam? Os órfãos, as viúvas ou viúvos dessas pessoas: jornalistas com promessa
de futuro brilhante, dirigentes probos, jogadores alegres e amigos, o que será
da saudade, do sentimento de profundo pesar de todos aqueles que, direta ou
indiretamente, se vinculavam a eles?” Tudo passa, neste mundo, mas tudo
retorna, o que lhe parece uma eterna separação não passa de um até breve. Os
que ficam, assim como os que vão, continuam aprendendo e na companhia de quem
nunca nos abandona: nosso Pai Eterno, na feliz expressão de Jesus: Deus.
Quem
sabe se em poucos anos todos não estaremos juntos, novamente, dizendo: “Vai,
Chape, vai, campeão!?”
É
a roda da vida, incessante e surpreendente! Você pode até não acreditar, amigo
leitor, mas, como diz meu amigo André Luiz, aqui do meu lado:
“[...]
Uma existência é um ato.
Um
corpo, uma veste.
Um
serviço, uma experiência.
Um
triunfo, uma aquisição.
Uma
morte, um sopro renovador.
[...]
Ai, por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espírito!”
E
eu repito, com esse amigo espiritual, suas palavras iniciais da obra Nosso lar que expressam uma pálida ideia
do que seja o mundo espiritual:
“Que
o Senhor nos abençoe”, assim como a todos esses nossos irmãos, viajores da
eternidade, que ora são recebidos de braços abertos no deslumbrante e permanente
campo do espírito.
Paz
a todos nós! aos que aqui estamos e aos que ainda jazem sob o guante da veste
temporária.