Dúvidas do português (2)
Lembro sempre que há uma considerável diferença
entre a linguagem falada e a normativa. A primeira é mais descontraída; a
segunda, mais vigiada. A falada é informal, a normativa é formal. Isso não
significa que, em qualquer lugar onde estejamos, possamos utilizar a linguagem
que quisermos. Até podemos, mas depois disso, temos que arcar com as suas consequências ou méritos, caso estejamos num ambiente literário, artístico ou
linguístico que contemple tal procedimento. Por outro lado, não se pode “inventar”
palavras que sejam aplicadas a quaisquer contextos, só porque alguns “doutores”
resolvem, por vezes, inovar. A norma culta, como informei nas primeiras “dúvidas”,
é usada predominantemente em aulas,
conferências, obras didáticas, comunicações oficiais, jornais, revistas e
livros. Então, vamos em frente!
Comentário: só use “dentre” quando você quiser
expor algo que esteja no meio de outras coisas. Exemplo: O pássaro saiu dentre as árvores do bosque e atacou o
gato que queria comê-lo.
Certo: Machado de Assis é o mais
versátil entre todos os escritores
brasileiros.
2. Errado:
Maria Hortaliça estava com menas
vontade de ficar com o meirinho do que de fugir com o capitão.
Comentário: não existe o advérbio menas; em seu lugar, use sempre menos.
Certo: Maria Hortaliça estava com menos vontade de ficar com o meirinho
do que de fugir com o capitão.
3. Errado:
O Estados Unidos não se comprometeu no cumprimento do acordo sobre
o desarmamento nuclear.
Comentário:
palavras como “óculos”, “Estados Unidos”, só podem ser utilizadas com o artigo
no plural: os. Consequentemente, o
verbo também vai para o plural.
Certo:
Os Estados Unidos não se comprometeram no cumprimento do acordo
sobre o desarmamento nuclear.
Errado:
Deixei meu óculos sobre a penteadeira.
Certo:
Deixei meus óculos sobre a penteadeira.
4. Errado:
Creuza namora com Cróvis.
Comentário:
Namorar “com” é o mesmo que Creuza levar alguém consigo para vê-la namorar
outrem, ou seja, na linguagem popular, “servir de vela” enquanto ela namora
outra pessoa.
Certo:
Creuza namora Cróvis.
5. Errado:
O Santos empatou em 2 a 2 com o Coritiba ontem.
Comentário:
os verbos ganhar, empatar, perder pedem o complemento regido pela preposição “por”.
Certo:
O Santos empatou por dois a dois com o
Coritiba ontem.
Obs.: Também é aconselhável escrever por extenso
números, que não expressem quantias e que sejam expressos por uma palavra só.
Exemplo: Onze jogadores reclamaram do juiz. E não “ll jogadores...”. Se o número
é representado por mais de uma palavra, escreva-o com os numerais. Exemplo: Estiveram
presentes 21 jogadores...
6. Errado:
É um previlégio ser seu aluno,
professor.
Comentário:
Na dúvida sobre a ortografia de uma palavra, habitue-se a consultar um dicionário
atualizado ou o Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras
(VOLP/ABL) que normatiza a grafia das palavras com base em Lei Federal e,
portanto, é sua última palavra.
Certo:
É um privilégio ser seu aluno, professor.
Comentário:
Aqui nos deparamos com dois erros: 1º) quando nos referimos a tempo decorrido,
usamos o verbo haver flexionado no singular (há, havia); 2º) ao tratarmos sobre
tempo futuro, utilizamos a preposição “a” e não o verbo flexionado “há”.
Certo:
Mocréia foi há dois meses a Paranaguá
e voltará daqui a uma semana.
Comentário:
as palavras “dó” e “telefonema”, bem como outras palavras de origem grega
terminadas em “ema” são masculinas. Exemplos: o dó, o telefonema, o fonema etc.
Certo: Fiquei com muito dó da menina que caiu da cama e dei um telefonema para o doutor Souza.
9. Errado:
Não faz isso, menino!
Comentário:
quando se expressa, na frase, uma ordem, um pedido, uma proibição, deve-se usar
o imperativo afirmativo ou negativo. No caso em pauta, o imperativo negativo
deve ser utilizado. Vamos relembrá-lo: ele é formado com o uso da palavra “não”,
“jamais” e outras, de sentido negativo, e é totalmente formado do presente do
subjuntivo: não faças (tu), não faça (você), não façamos (nós), não façais
(vós), não façam (vocês). Lembrou? Se fosse o imperativo afirmativo, não teria
uma palavra de sentido negativo ao expressar uma ordem, pedido ou solicitação. Tu e vós saem do presente do indicativo, sem o “s” final, e as demais
pessoas são formadas pelo presente do subjuntivo sem modificações: faze (tu), faça (você), façamos (nós, por exemplo, a paz com a língua), fazei (vós) e façam vocês.
Certo:
Não faças isso, menino!
10. Errado:
Fomos nós que fez o exercício.
Comentário:
Com o pronome relativo “que” antes do verbo, a concordância deve ser feita com o
pronome pessoal do caso reto “nós”. Se o pronome for “quem”, admite-se a
concordância com ele, na terceira pessoa do singular, ou com o pronome pessoal “nós”.
Exemplos: Fomos nós quem fez o
exercício. Ou: Fomos nós quem fizemos o exercício.
Certo: Fomos nós
que fizemos o exercício.
Muito bem! Agora, quem deve trabalhar é você.
Prepare um exercício que contemple todo os vinte casos citados até aqui, faça o
gabarito e envie-mos por e-mail. O melhor trabalho será publicado, em meu blog,
com o nome do(a) colaborador(a). Assim que receber as contribuições, escolher e
publicar o melhor exercício, farei novas postagens sobre as “Dúvidas do
português”. Combinado?
Estou esperando heim? Ou você não sabe que a
melhor forma de aprender é fazer?
E-mail para resposta: jojorgeleite@gmail.com.
“O trabalho move o mundo.” – Machado de Assis.
Estou adorando seu blog, venho sempre aqui, beijos
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