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segunda-feira, 25 de junho de 2012


Dúvidas do português (2)


Lembro sempre que há uma considerável diferença entre a linguagem falada e a normativa. A primeira é mais descontraída; a segunda, mais vigiada. A falada é informal, a normativa é formal. Isso não significa que, em qualquer lugar onde estejamos, possamos utilizar a linguagem que quisermos. Até podemos, mas depois disso, temos que arcar com as suas consequências ou méritos, caso estejamos num ambiente literário, artístico ou linguístico que contemple tal procedimento. Por outro lado, não se pode “inventar” palavras que sejam aplicadas a quaisquer contextos, só porque alguns “doutores” resolvem, por vezes, inovar. A norma culta, como informei nas primeiras “dúvidas”, é usada predominantemente em aulas, conferências, obras didáticas, comunicações oficiais, jornais, revistas e livros. Então, vamos em frente!

 1. Errado: Machado de Assis é o mais versátil dentre todos os escritores brasileiros.

Comentário: só use “dentre” quando você quiser expor algo que esteja no meio de outras coisas. Exemplo: O pássaro saiu dentre as árvores do bosque e atacou o gato que queria comê-lo.

Certo: Machado de Assis é o mais versátil entre todos os escritores brasileiros.

2. Errado: Maria Hortaliça estava com menas vontade de ficar com o meirinho do que de fugir com o capitão.

Comentário: não existe o advérbio menas; em seu lugar, use sempre menos.

Certo: Maria Hortaliça estava com menos vontade de ficar com o meirinho do que de fugir com o capitão.

3. Errado: O Estados Unidos não se comprometeu no cumprimento do acordo sobre o desarmamento nuclear.

Comentário: palavras como “óculos”, “Estados Unidos”, só podem ser utilizadas com o artigo no plural: os. Consequentemente, o verbo também vai para o plural.

Certo: Os Estados Unidos não se comprometeram no cumprimento do acordo sobre o desarmamento nuclear.

Errado: Deixei meu óculos sobre a  penteadeira.

Certo: Deixei meus óculos sobre a penteadeira.

4. Errado: Creuza namora com Cróvis.

Comentário: Namorar “com” é o mesmo que Creuza levar alguém consigo para vê-la namorar outrem, ou seja, na linguagem popular, “servir de vela” enquanto ela namora outra pessoa.

Certo: Creuza namora Cróvis.

5. Errado: O Santos empatou em 2 a 2 com o Coritiba ontem.

Comentário: os verbos ganhar, empatar, perder pedem o complemento regido pela preposição “por”.

Certo: O Santos empatou por dois a dois com o  Coritiba ontem.

Obs.: Também é aconselhável escrever por extenso números, que não expressem quantias e que sejam expressos por uma palavra só. Exemplo: Onze jogadores reclamaram do juiz. E não “ll jogadores...”. Se o número é representado por mais de uma palavra, escreva-o com os numerais. Exemplo: Estiveram presentes 21 jogadores...

6. Errado: É um previlégio ser seu aluno, professor.

Comentário: Na dúvida sobre a ortografia de uma palavra, habitue-se a consultar um dicionário atualizado ou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras (VOLP/ABL) que normatiza a grafia das palavras com base em Lei Federal e, portanto, é sua última palavra.

Certo: É um privilégio ser seu aluno, professor.

 7. Errado: Mocréia foi a dois meses a Paranaguá e voltará daqui uma semana.

Comentário: Aqui nos deparamos com dois erros: 1º) quando nos referimos a tempo decorrido, usamos o verbo haver flexionado no singular (há, havia); 2º) ao tratarmos sobre tempo futuro, utilizamos a preposição “a” e não o verbo flexionado “há”.

Certo: Mocréia foi há dois meses a Paranaguá e voltará daqui a uma semana.

 8. Errado: Fiquei com muita dó da menina que caiu da cama e dei uma telefonema para o doutor Souza.

Comentário: as palavras “dó” e “telefonema”, bem como outras palavras de origem grega terminadas em “ema” são masculinas. Exemplos: o dó, o telefonema, o fonema etc.

Certo: Fiquei com muito dó da menina que caiu da cama e dei um telefonema para o doutor Souza.


9. Errado: Não faz isso, menino!

Comentário: quando se expressa, na frase, uma ordem, um pedido, uma proibição, deve-se usar o imperativo afirmativo ou negativo. No caso em pauta, o imperativo negativo deve ser utilizado. Vamos relembrá-lo: ele é formado com o uso da palavra “não”, “jamais” e outras, de sentido negativo, e é totalmente formado do presente do subjuntivo: não faças (tu), não faça (você), não façamos (nós), não façais (vós), não façam (vocês). Lembrou? Se fosse o imperativo afirmativo, não teria uma palavra de sentido negativo ao expressar uma ordem, pedido ou solicitação. Tu e vós saem do presente do indicativo, sem o “s” final, e as demais pessoas são formadas pelo presente do subjuntivo sem modificações: faze (tu), faça (você), façamos (nós, por exemplo, a paz com a língua), fazei (vós) e façam vocês.

Certo: Não faças isso, menino!


10. Errado: Fomos nós que fez o exercício.

Comentário: Com o pronome relativo “que” antes do verbo, a concordância deve ser feita com o pronome pessoal do caso reto “nós”. Se o pronome for “quem”, admite-se a concordância com ele, na terceira pessoa do singular, ou com o pronome pessoal “nós”. Exemplos: Fomos nós quem fez o exercício. Ou: Fomos nós quem fizemos o exercício.

Certo: Fomos nós que fizemos o exercício.


Muito bem! Agora, quem deve trabalhar é você. Prepare um exercício que contemple todo os vinte casos citados até aqui, faça o gabarito e envie-mos por e-mail. O melhor trabalho será publicado, em meu blog, com o nome do(a) colaborador(a). Assim que receber as contribuições, escolher e publicar o melhor exercício, farei novas postagens sobre as “Dúvidas do português”. Combinado?

Estou esperando heim? Ou você não sabe que a melhor forma de aprender é fazer?

E-mail para resposta: jojorgeleite@gmail.com.


“O trabalho move o mundo.” – Machado de Assis.

Um comentário:

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