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segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Em dia com o Machado 12 (jlo)


Uns beatos riem, outros beatos choram. É da Lei, rir ou chorar faz parte de nossa natureza.
O Supremo Poder do Universo, em seus desígnios insondáveis, assentara dar a esta Capital, além da sede dos Três Poderes, algo que agradasse seu povo; e nada mais lhe pareceu maior ou melhor do que o desfrute superfino, espiritual privilégio dos defensores e amigos dos animais: deu-nos os cães.
Provavelmente, poucos cidadãos sabem que, nunca na história deste País, houve tantos pombos, cachorros, gatos e mesmo cavalos, em Brasília, como na época atual.
Outro dia, foi filmada até uma onça rondando o Supremo Tribunal Federal; ou foi o Superior Tribunal de Justiça? Talvez tenham sido ambos. Só a onça poderá dizer ao certo...
É um tal de miar para cá, latir para lá e relinchar acolá que dá gosto. E os pássaros, então? Que coisa linda é o voo e, principalmente, o canto das mais variadas aves: pardaizinhos, quero-queros, bem-te-vis, beija-flores e até tucanos eu já vi perto de onde moro. Isso sem falar nos pombos. Ah, pombos... Ah, pombas...
Mas de todos os animais, o mais querido e o mais vistoso aqui é o cachorro.
Há cães das mais diversificadas raças, facilmente encontrados em seu passeio matinal, vesperal e noturno. Alguns poucos, quando cruzam por nós, estando desacompanhados, só faltam pedir: — Me adotem, pelo amor de Deus, fui desprezado por meus donos, pois estou velho e desdentado. Não tenho uma pedra onde repousar a cabeça.
E eu fico a refletir sobre o que disse uma amiga; amiga dos cães: — Se eu vir um cachorrinho abandonado, junto com uma criança também desprezada; se ambos estiverem morrendo de fome e frio, chorando de dar dó; e se tiver que escolher entre salvar um ou outro, não terei a menor dúvida, salvo o cachorro.
— Mas por que não salvar o ser de seu gênero, animal, ou seja, a criança? Perguntei-lhe, perplexo. E a resposta foi a coisa mais singela que poderia ouvir de uma cristã:
— O cachorro nada fez para padecer daquele modo; mas a criança, com certeza, é uma devedora das Leis Divinas.
Então comecei a duvidar do bom-senso das criaturas ditas racionais e me lembrei de que esse amor aos animais vem de longa data. Pois não é que um imperador romano condecorou seu cavalo e lhe concedeu o título de senador?
Outra história que talvez a amiga que me lê deve lembrar é a da rica dona de um lindo gatinho. Antes de ela morrer, deixou toda a sua herança para o felino. Quanta alma humana animal...
Na África, milhões dos nossos irmãos morrem de fome e maus tratos. Se ao menos ela destinasse uma dúzia deles para cuidar do seu bichano a troco de um bom prato de comida, com certeza, até o gato faria uma prece em intenção de sua alma.
Agora, ao contrário desse ser superior, a nossa amiga leitora, mais emotiva que racional; o amigo leitor, mais racional que emotivo dirá: — Gastam-se bilhões de dólares para enviar artefatos a Marte, em busca de micro-organismos que comprovem a possibilidade de vida nesse planeta; outros bilhões são gastos em armamento para o extermínio dos nossos irmãos de humanidade, e você me vem falar de privilégios humanos em relação aos animais? Eles também sentem dor, passam fome e choram...
Antes que você me diga que eles não têm defensores, replico:
— Agora já têm quem os defendam...
Caso eu insista com minhas alegações, dirá o leitor: — Esqueceu-se do que disse aquele ministro? Cachorro também é gente; merece, pois, ser bem tratado.
E eu lhe responderei que nada tenho contra os animais, em especial, contra os cachorros...
É certo que, na adolescência, estando de costas para a escada, já no andar do sótão de uma vizinha, junto com um irmão três anos mais novo, de repente, olho para ele e o vejo pálido, olho para sua perna e vejo um belo cão Hottweiler dependurado em sua panturrilha.
— Coitadinho do cachorro, estava tão velho... Nem latir mais latia; disse sua proprietária. (Se é que posso chamá-la assim, pois algumas preferem o título de mãe.)
Isso custou ao mano várias seções de vacinas antirrábicas. Nada muito sério...
De outra feita, estagiando num hospital, vi entrar uma senhora com a mão quase decepada e totalmente desfigurada. Os cirurgiões que a atenderam precisaram religar os tendões do dorso da mão e dos dedos, um a um; além de juntar-lhe as carnes despedaçadas e suturá-las. Era o seu  Pitbull de estimação, a quem diariamente dava de comer.
Naquele dia, o pobrezinho confundiu a mão da dona com a comida.
Não pense, porém, amiga(o) que eu não goste de animais. Adoro-os. Acho mesmo que deveríamos domesticar não apenas cachorros e gatos, hamsters e outros bichinhos. O papagaio, segundo pesquisa recente, tem a idade mental de uma criança de três anos. E o macaco, então? Darwin não afirmou que descendemos de um dos seus ancestrais?
Pobre macaco! Pobre macaco!
Continuemos a falar, em especial sobre as espécies caninas, felinas e equídeas. Vejam que gracinhas de raças de gatos: Bengal, Angorá, Ragdoll. Imagino a(o) leitor(a) sonhando com um Ragdoll cheio de carinho e maciez em sua cama, mais precisamente, enroscado em seu lençol. Quanta ternura, quanto afago... Angorá lembra gato preto, mas não sei se é. Já Bengal, parece ser um gato tão velho que só anda de bengal...
Já não é a mesma coisa ter um Puro Sangue Inglês, um Mangalarga Marchador, um Bretão... Quem sabe um Brasileiro de Hipismo? Nesse caso, o melhor é ir a um hipódromo. No Country Club há umas aras legais, onde costuma haver exposição de cavalos.
Entretanto, pobre equino, o cavalo que costumamos ver, de ordinário está puxando uma carroça velha com seu(s) proprietário(s) em cima. Não é, pois, nenhum dos elencados.  Dá um dó...
Agora, cachorro, que maravilha! Quanta saudade se tem quando se perde um. Eu entendo... Transferimos nossos sentimentos ao nosso “melhor amigo” e sentimos por demais sua falta, quando ele ao pó retorna, como nós o faremos um dia.
Aqui em Brasília, é muito comum nos depararmos com um cachorrinho da raça Yorkshire Terrier, um Bichon Frisé ou mesmo um Chow Chow. Por vezes, damos de cara também com um Dálmata. Outras vezes, com um Boxer, um Perdigueiro, um Doberman, um American Pitbull.
Isso sem falar em outras raças do nosso imenso Brasil, que vêm passar uns anos conosco e tanto enxovalham a imagem da Capital do paisagista Burle Marx e do projetista Niemeyer. O pior é quando gostam muito daqui e vão ficando, ficando... até dar zebra, um animal que costuma ser mais visto em nosso Zoológico.
Assim como o cachorro, todos os animais domésticos são o reflexo de sua/seu dona(o). Pense nisso...
Mas cá para nós, salvar a vida de um animal e deixar morrer um ser humano... Eu fico imaginando Jesus dizendo: — Entra naquela vara!
Dá até vontade de acreditar na metempsicose e propor a essa pessoa para renascer cachorra... Ou...
Uma boa semana a todos!

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