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terça-feira, 13 de novembro de 2012


Em dia com o Machado 24 (jlo)

                 Boa-noite!

                Talvez, amigo leitor, estejas contestando o conteúdo do soneto sobre a caridade que Bentinho propôs e que postei no blog deste meu secretário, mas é preciso ler nas entrelinhas dos dois tercetos. Ela está ali, a caridade. Virtude própria dos justos que, por ela, ainda que percam a vida, ganham a batalha, pois o bem é maioria e o mundo entra no “Amanhecer de uma nova era”, como diz meu amigo Manoel Philomeno de Miranda. Salvador: Leal, 2012, psicografada por Divaldo Pereira Franco.
                É isso mesmo que você entendeu, cara pálida, após minha transferência, com nave espacial e tudo para o reino dos espíritos, envergonhei-me das ironias pesadas (e das leves também) que lancei, diversas vezes contra a nova Doutrina Cristã e tratei de fazer amizade com os que me antecederam. Um deles é o amigo Manoel, grande cabeça e autor de verdadeiras obras primas que relatam aos mortos os acontecimentos dos vivos e vice-versa.
                Mas vamos ao que interessa. Lembra-se de que lhe foi lançado um repto, meu caro leitor? Vou refrescar-lhe a cabeça: no capítulo 55 de minha obra “D. Casmurro”, em noite insone no seminário, lembrou-me o narrador de dois versos, um para introdução e outro para a chave de ouro com que concluiria o poema. Não conseguiu preencher o vazio de doze versos que faltavam para a conclusão do soneto. Então, após tentar uma inversão das expressões do último, doou-os ao primeiro desocupado que aparecesse.
                Eis que meu secretário, com minha inspiração, é lógico, aceitou o desafio. Bem ou mal, foi feito o primeiro sobre a caridade, o próximo é sobre a guerra, em seguida, virá o da justiça e, por fim, Capitu. Vamos ao próximo:

 Guerra

Oh! flor do céu, oh! flor cândida e pura!
Não sejas tu a bomba de Hiroshima
Que transformou o ar em flor escura
E caducou a luta com esgrima.

Flor sofrimento, flor tão rude e dura
Que ao mais audaz guerreiro desanima
Flor que provoca tanta desventura
E que somente por maldade prima...

Flor que destrói a vida e que amortalha
Os mais nobres guerreiros vencedores
E que tantas desgraças agasalha.


Flor que faz do valente apenas palha
E que aos heróis da pátria  traz louvores,
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

Vamos ao em seguida:

 Justiça! 

Oh! flor do céu, oh! flor cândida e pura
Teus olhos são vedados, pois o crime
É o que vilipendia a criatura
A quem teu pai, o amor, sempre redime.

A lei de causa e efeito é muito dura,
Mas é ela quem torna mais sublime
A lei divina, que corrige e cura
As chagas que a maldade em nós imprime.

As marcas indeléveis de uma bala
Por ser tão implacável a justiça
Jamais serão sanadas só na fala.

Pois a justiça é cega, mas não falha
Ao bom o bem, ao mau nem mesmo missa...
Perde-se a vida, ganha-se a batalha.

Vamos a Capitu:

À Capitu

Oh! flor do céu, oh! flor cândida e pura!
Hei de te amar eternamente, flor,
Florescerá em nós mais forte o amor,
Por mais que insistam em nossa desventura.

E tudo venceremos, Capitu!
Aquele que na Terra é o perdedor
No céu, por certo é o grande vencedor.
E em parte alguma, alguém melhor que tu.

Por vezes, uma pugna perdida
Nada mais faz do que tornar mais belo
O grande amor de tua alma querida.

Não chores tanto em nossa despedida,
Pois por querer-te tanto, eis meu anelo:
Perde-se a batalha e ganha-se a vida!

                Eis os sonetos. Joga-os no lixo, se o desejares, mas tente fazer melhor, ainda que seja em prosa, pois a poesia desta hora é o que mais nos edifica: a hora da inspiração. É ela que aprimora nosso espírito. É ela que nos torna criadores. Mas para tê-la, não basta olhar para as estrelas. É preciso entendê-las. É preciso lê-las. É preciso refleti-las.
               Ingresso agora no rol dos espíritos espíritas.
                 Boa-semana!

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