Em dia com o
Machado 50 (jlo)
Well, my friends, lhegamos,
finalmente, a la crônica cinquante.
Prometo-lhes que na próxima
encarnação, meu secretário começará, desde cedo, a falar e escrever, também, em
inglês, espanhol e francês. Nesta, seu metier é o português e, como quem não
tem cão caça com gato, vamos continuar empregando esta “última flor do lácio, inculta
e bela”, pero también tan poco conocida: el portugués.
Trabalhar com o nosso idioma, dominá-lo
(completamente é algo impossível, mesmo para os gramáticos) razoavelmente, a
ponto de escrever algumas obras de considerável sucesso acadêmico (Mirante: poesia, ed. própria esgotada; Texto técnico, três edições do autor; Texto acadêmico, oito edições pela Ed.
Vozes; e Guia prático de leitura e
escrita, em coautoria com Geraldo Campetti e Manoel Craveiro, já na segunda
edição da Vozes, em dois anos), tudo isso, acrescido de diversos outros
trabalhos revisionais em obras diversas, são atividades desse meu secretário de
que me orgulho, mas quero mais.
Uma importante constatação, porém, é
a de que, mesmo com o domínio considerável de nossa língua pátria, não podemos
ficar de olhos fechados para a área das ciências exatas. Para isso, não basta o
conhecimento das quatro operações fundamentais da matemática... — Agora é
opcional a grafia das disciplinas com inicial minúscula ou maiúscula. — Veja,
amiga leitora, que até quando enveredamos pelas ciências exatas não perdemos o
vício de vigiar de perto a escrita, o que não significa ser perfeito,
naturalmente.
E por que nos referimos à questão
dos cálculos? Porque, no meu caso, que tive o controle financeiro de meus
rendimentos, pelo governo, afianço-lhe o seguinte: o infeliz que ainda tem a
ideia de, mesmo aposentado, assumir um trabalho extra, pensando continuar
produtivo e ganhar um dinheirinho a mais, he his in the shit. (Por favor,
Machado, não me obrigue a escrever palavras de baixo calão... Isso não combina
conosco.)
Eis o nosso “crime”:
Em
(...), recebi a módica quantia de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) por
ter realizado um trabalho que me pareceu relevante para uma grande universidade
pública. Não, não vou dizer a ninguém que foi para a U... Foram cerca de dois
meses de trabalho desgastante, com frequência a treinamento intensivo, leituras
por horas a fio, mas fiquei satisfeito com o resultado, afinal, contribuí com a
educação de nossos irmãozinhos patriotas.
Agora vamos às consequências: como
não fui informado do dinheirinho extra recebido, pois a declaração de
rendimentos fica num site que me esqueci de consultar, não lancei o produto
financeiro de meu trabalho no imposto do ano de ... Resultado, caí na “malha
fina”. Mas se houvesse informado esse ganho extra, as consequências seriam as
mesmas, pois para o leão a caça somos nós.
Agora, pasmem, senhoras e senhores
sobre o que lhes vou contar: na declaração daquele ano, apenas com meus
rendimentos do órgão pagador oficial, teria a receber em torno de R$ 6.500,00
(seis mil e quinhentos reais). Como a Receita Federal obrigou-me a lançar os R$
2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) recebidos do segundo órgão, fui
bitributado e, em vez de receber, tive de pagar cerca de R$ 500,00.
Façamos uma continha de aritmética
simples: 6.500, que deixei de receber, mais 500 que tive de pagar, menos 2800
que recebi da instituição é igual a 4.200. Ou seja, por ter realizado um
serviço para o Governo, tive de pagar-lhe, aproximadamente, R$ 4.200,00 (quatro
mil e duzentos reais).
Nossa crônica número cinquenta é um
protesto e um aviso. Não se atreva a fazer nenhum trabalho extra para o Governo.
Se desejar combater a depressão da falta de inatividade profissional e utilizar
seus conhecimentos profissionais em prol de qualquer causa, faça outra coisa,
mas faça-a.
Uma sugestão é ter um blog e postar,
toda a semana um protesto, como este, ou realizar um trabalho filantrópico
qualquer que lhe proporcione a satisfação de ajudar o próximo, de contribuir
para uma causa de alta relevância humanitária.
Ter dois empregos assalariados, nem
pensar, pois o que se ganha num deles é para o leão levar e contar com o
desgaste de sua saúde, aquisição de remédios, tratamentos hospitalares, perda
do lazer e dos convívios sociais, com prejuízos graves para a família (talvez
por isso haja tantos divórcios...)
E viva a República Federal da
Baviera!
Para quem não entendeu a frase
final, releia a crônica número 26 no meu blog.
Aqui também se paga para trabalhar...
Boa semana a todos e a todas vocês!
Ps.: Em tempo: na Baviera também a
moeda era o real e lá igualmente havia sites.
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