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sábado, 18 de maio de 2013


Em dia com o Machado 50 (jlo)

            Well, my friends, lhegamos, finalmente, a la crônica cinquante.

            Prometo-lhes que na próxima encarnação, meu secretário começará, desde cedo, a falar e escrever, também, em inglês, espanhol e francês. Nesta, seu metier é o português e, como quem não tem cão caça com gato, vamos continuar empregando esta “última flor do lácio, inculta e bela”, pero también tan poco conocida: el portugués.

            Trabalhar com o nosso idioma, dominá-lo (completamente é algo impossível, mesmo para os gramáticos) razoavelmente, a ponto de escrever algumas obras de considerável sucesso acadêmico (Mirante: poesia, ed. própria esgotada; Texto técnico, três edições do autor; Texto acadêmico, oito edições pela Ed. Vozes; e Guia prático de leitura e escrita, em coautoria com Geraldo Campetti e Manoel Craveiro, já na segunda edição da Vozes, em dois anos), tudo isso, acrescido de diversos outros trabalhos revisionais em obras diversas, são atividades desse meu secretário de que me orgulho, mas quero mais.

            Uma importante constatação, porém, é a de que, mesmo com o domínio considerável de nossa língua pátria, não podemos ficar de olhos fechados para a área das ciências exatas. Para isso, não basta o conhecimento das quatro operações fundamentais da matemática... — Agora é opcional a grafia das disciplinas com inicial minúscula ou maiúscula. — Veja, amiga leitora, que até quando enveredamos pelas ciências exatas não perdemos o vício de vigiar de perto a escrita, o que não significa ser perfeito, naturalmente.

            E por que nos referimos à questão dos cálculos? Porque, no meu caso, que tive o controle financeiro de meus rendimentos, pelo governo, afianço-lhe o seguinte: o infeliz que ainda tem a ideia de, mesmo aposentado, assumir um trabalho extra, pensando continuar produtivo e ganhar um dinheirinho a mais, he his in the shit. (Por favor, Machado, não me obrigue a escrever palavras de baixo calão... Isso não combina conosco.)

            Eis o nosso “crime”:

Em (...), recebi a módica quantia de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) por ter realizado um trabalho que me pareceu relevante para uma grande universidade pública. Não, não vou dizer a ninguém que foi para a U... Foram cerca de dois meses de trabalho desgastante, com frequência a treinamento intensivo, leituras por horas a fio, mas fiquei satisfeito com o resultado, afinal, contribuí com a educação de nossos irmãozinhos patriotas.

            Agora vamos às consequências: como não fui informado do dinheirinho extra recebido, pois a declaração de rendimentos fica num site que me esqueci de consultar, não lancei o produto financeiro de meu trabalho no imposto do ano de ... Resultado, caí na “malha fina”. Mas se houvesse informado esse ganho extra, as consequências seriam as mesmas, pois para o leão a caça somos nós.

            Agora, pasmem, senhoras e senhores sobre o que lhes vou contar: na declaração daquele ano, apenas com meus rendimentos do órgão pagador oficial, teria a receber em torno de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais). Como a Receita Federal obrigou-me a lançar os R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) recebidos do segundo órgão, fui bitributado e, em vez de receber, tive de pagar cerca de R$ 500,00.

            Façamos uma continha de aritmética simples: 6.500, que deixei de receber, mais 500 que tive de pagar, menos 2800 que recebi da instituição é igual a 4.200. Ou seja, por ter realizado um serviço para o Governo, tive de pagar-lhe, aproximadamente, R$ 4.200,00 (quatro mil e duzentos reais).

            Nossa crônica número cinquenta é um protesto e um aviso. Não se atreva a fazer nenhum trabalho extra para o Governo. Se desejar combater a depressão da falta de inatividade profissional e utilizar seus conhecimentos profissionais em prol de qualquer causa, faça outra coisa, mas faça-a.

            Uma sugestão é ter um blog e postar, toda a semana um protesto, como este, ou realizar um trabalho filantrópico qualquer que lhe proporcione a satisfação de ajudar o próximo, de contribuir para uma causa de alta relevância humanitária.

            Ter dois empregos assalariados, nem pensar, pois o que se ganha num deles é para o leão levar e contar com o desgaste de sua saúde, aquisição de remédios, tratamentos hospitalares, perda do lazer e dos convívios sociais, com prejuízos graves para a família (talvez por isso haja tantos divórcios...)

            E viva a República Federal da Baviera!

            Para quem não entendeu a frase final, releia a crônica número 26 no meu blog.

            Aqui também se paga para trabalhar...

            Boa semana a todos e a todas vocês!

           

            Ps.: Em tempo: na Baviera também a moeda era o real e lá igualmente havia sites.

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