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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O cogumelo de Hirosaki (jlo)

1945,
o Sol de agosto nascia
em bela segunda-feira,
e Hiroshima sorria.

De repente, um avião
sobrevoando a cidade
lança-lhe a estúpida bomba,
e a “rosa atômica” se abre...

Não, não era aquilo rosa,
era, sim, um cogumelo,
um cogumelo fatal
desintegrador de anelo.

— Meu Deus! que fizemos nós?
Como fizemos, Deus meu,
um tormento tão atroz
a indefesos irmãos nossos?!

— Meu Deus! o que nós fizemos?
Como, Senhor, nós pudemos
destruir tanta esperança
em tanto ser inocente?!

— Meu Deus! que fizemos nós
à humanidade inteira
com nossa ação sorrateira
covarde, cruel, atroz?!

E os gritos gemem abaixo
e são ouvidos de cima:
— Monstros, monstros, assassinos,
destruístes Hiroshima!

Cem mil vidas já tirastes:
idosos, mulheres, jovens...
Somente de uma só vez
uns cem mil assassinastes...

Então, fera agonizante,
ante o triste e vão suspiro
gemeu também: — Foi bem mais
foram milhões de animais...

Como se isso não bastasse,
três dias perto dali
a chama radioativa
destruirá Nagasaki.

E novamente os lamentos
erguer-se-iam aos céus:
— Meu Deus, que fizestes vós
homens cruéis, maus ateus!?

Do alto, branco albatroz
crocitou ao projetar
o corpo abaixo das nuvens:
— Ó morte cruel, atroz!

Filhos, pais, netos, avós,
em seu lamento terrível,
gritaram no mesmo nível:
— Meu Deus, que fizestes vós?!

Oppenheimer, o criador
da bomba atômica, ao ver
todo um país arrasado
também disse com horror:

— O drama maior da Terra
É o cientista alienado,
e o soldado enlouquecido
pela cegueira da guerra...

É o político alienado
é o aluno, é o professor,
é o cidadão alienado
por não ter Deus por Senhor.

E quando futuramente
Nosso neto perguntar
Com sua voz inocente:
— Por que dois nomes juntar?...

— Pela morte das cidades
De Hiroshima e Nagasaki
na mais cruel das maldades:
cogumelo de Hirosaki.

Brasília, 2 de janeiro de 2014.
Jorge Leite de Oliveira

2 comentários:

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