Em dia com o Machado 88 (jlo)
—
E então, Machado, vamos continuar seus dados biográficos e falar sobre a
Sociedade Petalógica?
— Meu
caro Joteli, creio seja melhor falar de outra coisa. Embora o número de acessos
a seu blog já ultrapasse 7.000, falar de alguém que já foi tema de milhares de
biografias é chover no molhado. Falemos de coisas amenas. Copa do Mundo,
eleições e segurança, por exemplo.
Comecemos
pelo fim: a segurança no Brasil. Conforme tem sido noticiado, o sistema
penitenciário brasileiro é um dos mais desumanos da humanidade desde que se
construiu a primeira cadeia em nosso país.
Mas
dele falaremos mais adiante. Comecemos pela questão sempre recorrente da
violência brasileira. Iniciado junto com as reivindicações de passagens de
ônibus mais baratas, em São Paulo, e outros pleitos, o vandalismo tem comovido
muito nossas autoridades, que ficam muito receosas em causar qualquer dano
físico aos manifestantes revoltados. Coitados, a raiva desses cidadãos e
cidadãs é tão intensa que, só para se ter uma ideia, apenas num dia, 13 de
janeiro de 2014, ocorreram doze assassinatos na madrugada de Campinas,
acompanhados por vandalismo de três ônibus queimados e outros sete carros
depredados.
Durante
todo o mês de janeiro deste ano, 33 ônibus foram queimados em São Paulo.
A
Secretaria de Segurança Pública vem trabalhando duro, para o combate a tais
vandalismos, com a instauração de inquéritos, inclusive administrativos.
Algumas teorias vêm sendo apresentadas à população sobressaltada. Seria uma
invasão de alienígenas? Estaríamos retrocedendo ao tempo dos bárbaros? Quem o
saberá?
Já
sei o que você, leitor amigo, acaba de pensar: “— Respeite os bárbaros, meu
caro Machado”.
—
Pois, meu caro, como se sabe, em várias penitenciárias brasileiras, há alguns
anos, o crime vem sendo comandado por facções criminosas dentro e fora dos
presídios. Estudos intensos vêm sendo feitos pelas autoridades constituídas, no
sentido de, em vez de punir, educar esses “elementos”. Aliás, tem sido proposto
não chamarmos nossos irmãos justamente revoltados por não disporem de cadeias
humanitárias com essa denominação ignominiosa: “elemento”. Muito justa, muito
oportuna observação.
Também
não concordo com punição, é preciso educação. E nisso nosso Governo vem sendo
um exemplo mundial, você não concorda, amigo?
Por
isso mesmo, não creio que se deva divulgar apenas o lado negativo das políticas
públicas. As cestas básicas, as bolsas escolas, as próprias escolas, os
serviços de abrigos, o combate ao consumo de drogas são algumas medidas
profiláticas do mais alto nível, adotadas pelo Governo atual em prol de uma
sociedade mais justa e tolerante. Afinal, 2014 é o ano das eleições
presidenciais.
Todavia,
não posso deixar de falar, ainda de um estado que, durante muitos anos, quase
não era lembrado, a não ser pelo fato de nos ter dado um presidente da
República e uma governadora. Nem é preciso dizer que nos referimos ao Maranhão,
não é mesmo, leitora amiga bem informada?
Pois
bem, em 2013, segundo as notícias mais recentes da imprensa brasileira e
mundial, ocorreram sessenta assassinatos na penitenciária de Pedrinhas-MA. No
dia 2 de janeiro de 2014 houve ali dois assassinatos bárbaros e no dia 20 desse
mesmo mês, outro crime, em que as cabeças das vítimas, já vitimadas por estarem
em um presídio com cerca do dobro de sua lotação, foram cortadas e utilizadas
como bolas de futebol. Afinal, estamos no ano da Copa no Brasil e precisamos
dar o exemplo, não é mesmo?
Nada
mais tenho a lhe comentar, amigo leitor, a não ser que acabo de sentir um pouco de
náusea e vou tomar um sonrisal. Por que será? Será por quê?
..................................................................................................................
—
Joteli, traga uma cerveja sem álcool para tomarmos em comemoração a este feliz
ano de futebol e eleição. Quem sabe, tirando o álcool do copo, melhore a
escolha do nosso representante maior, o presidente da escola de samba Unidos do
Brasil.
—
E sobre a Petalógica, Machado, nada a declarar?
—
Declaro que um dos grandes feitos da sociedade foi aplaudir a construção das estradas de ferro, a iluminação a gás, a transformação do carnaval e a reconstrução dos
teatros. Ou seja, nessa época, acreditávamos num futuro grandioso para o nosso
país.
— Esperemos,
então, meu caro Bruxo, que o futebol, grande teatro brasileiro, em 2014 seja um
palco de aplauso mundial.
—
Se as obras não atrasarem muito, meu amigo...
—
Bota fé nisso, Machado, com o jeitinho brasileiro, tudo há de dar certo.
—
Então vamos orar, como propus na quadra final do poema que dediquei ao meu
mestre falecido, o padre Silveira Sarmento, no tempo da Petalógica:
Ide, ao som das sagradas melodias,
Orar junto do Cristo como irmãos,
Que os espinhos da fronte do Messias
São as rosas das frontes dos cristãos.
Na próxima crônica, falaremos
sobre o clube Beethoven. Até lá, amig@s!
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