Em dia com o Machado 116 (jlo)
Mui
cara leitora e estimado leitor, vocês não têm ideia de onde estive, após ter
despertado do ilusório "sono eterno" há algumas décadas. Pois não se
espantem, passei, certa noite, pelo lar de Chico Xavier, em Uberaba, MG.
E
o que vi ali que tanto me impressionou? Havia uma sala simples, com cerca de
trinta cadeiras e, ao redor de uma mesa retangular, de cerca de quatro metros
de comprimento por um metro de largura, estavam treze pessoas reunidas. Uma
delas era Chico, que se sentara à cabeceira da mesa, à frente duma parede
branca, com uma estreita porta, à sua esquerda, a qual dava para um quartinho,
nos fundos. Sobre uma mesinha desse quarto, além de moringa com água e de copos
plásticos, estava um caderno para anotações de pedidos de preces em benefício
de encarnados e desencarnados...
Para
minha felicidade, eu adentrara, pela vez primeira, a casa do médium mineiro em
pleno culto do evangelho. Eram exatamente 20 horas do dia 21 de junho de...
Presente de aniversário que ganhei de Carola.
Após
a prece inicial do Chico, seu filho adotivo, Eurípedes, abriu uma página do Evangelho segundo o Espiritismo e pediu
às demais pessoas sentadas à mesa para comentar cada parágrafo dessa obra
magistral. Nesse mesmo instante, vi um senhor alto, vestido à la romana, toga branca dos senadores da
época de Nero, que após cumprimentar-me gentilmente e se apresentar como
Emmanuel, dirigiu-se ao médium Xavier, o qual, munido de várias folhas em
branco e não menos de vários lápis, passou a escrever, celeremente, sob a
influência daquele Espírito de altíssima elevação.
A
luz irradiada por Emmanuel era tão intensa que, embora a sala estivesse, até
então, em penumbra, foi tomada de tal claridade que cheguei a imaginar a plena
noite de Lua cheia tornar-se Sol do meio dia.
Ao
final dos comentários dos integrantes da mesa, Chico já havia psicografado
belíssima mensagem para nossa reflexão intitulada "Tolerância e perdão".
O mais surpreendente é que tudo que fora escrito pelo médium representava
fielmente as palavras de Emmanuel dirigidas a mim, que lhe fazia algumas
perguntas a respeito do tema lido e comentado pelos doze participantes da mesa:
Amai os vossos inimigos, cap. XII do
citado Evangelho.
Embora
alguma implicância do crítico literário Sílvio Romero, que tomou uma crítica
nossa às suas primeiras produções literárias, como ataque pessoal, nunca tive
inimigos em minha última reencarnação. Tanto é assim que a mim não me importaram muito seus comentários irônicos sobre minha literatura de "estilo gago", no seu entendimento venenoso.
À
época, não faltou quem me defendesse dos apodos gratuitos do doutor Romero.
Então,
pedi orientação a Emmanuel sobre como reparar as nossas ofensas, muitas vezes
irrefletidas, às pessoas. E ele respondeu-me que devemos emitir vibrações
mentais equilibradas em benefício de tais pessoas, buscando lembrar os favores,
as gentilezas que elas porventura hajam nos proporcionado. Acrescentou, também,
que devemos nos abster de qualquer referência negativa sobre o ofendido e, para
reconquistar sua simpatia, ser amáveis com seus familiares e amigos.
—
Mas isso não seria bajulação, meu caro Emmanuel? – perguntei-lhe.
—
Não, Machado, é preciso envolver a pessoa a quem desejamos reconquistar ou
cativar a simpatia com o nosso maior respeito. Todavia, nossas palavras de paz
devem emergir do nosso interior, reconhecendo que a inimizade e o antagonismo,
mesmo que pareçam justos, precisam ser erradicados de nossas almas.
Então,
perguntei-lhe:
—
E se o erro ou a agressão foram dirigidos a nós?
—
É preciso consultar a própria consciência, sem autocomiseração, para que
descubramos ter sido os próprios causadores da agressividade alheia. Somente
assim estaremos libertos do mal.
Para
finalizar, o elevado Espírito que já está entre vós, com a idade atual de
quatorze anos, e renasceu em São Paulo, brindou-nos à época com esta frase
magistral, registrada pelo lápis do médium mineiro e que lhes passo em primeira
mão, amados leitores:
Existem
companheiros e companheiras que terão sofrido golpes tão grandes que se
acreditam incapazes de qualquer iniciativa para a pacificação com as criaturas
que se fizeram instrumentos da amargura que lhes marcam os dias. Entretanto,
lembremo-nos de que o brilhante atirado à lama, não deixará de ser brilhante,
porque esteja nessa penosa e transitória condição. E, pensando nisso,
entenderemos que Deus tem recursos para retirar essa preciosidade do lixo
humano, fazendo-a brilhar de novo ao domínio da luz.
Agradeci a
Emmanuel tão belos ensinamentos, abracei-o, junto com Chico Xavier, inspirei
uma prece a Eurípedes, em benefício de todos os encarnados e desencarnados,
presentes e necessitados, e saí dali volitando, direto para a nave espacial que
me aguardava. Entrei na nave e parti ao encontro de Carolina, que, sob um
pseudônimo qualquer, retornava de um trabalho mediúnico voltado à inspiração da
mineira Carolina Maria de Jesus, futuramente famosa por sua obra literária
produzida enquanto catava lixo próximo à favela onde morava: Quarto de despejo.
Leitora amiga, amigo leitor, o certo é que, ya lo creo!
Ai nostri monti ritorneremo (De volta às nossas montanhas. AS).
Leitora amiga, amigo leitor, o certo é que, ya lo creo!
Ai nostri monti ritorneremo (De volta às nossas montanhas. AS).
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