Em dia com o Machado 240 (jlo)
Ao
ser acordado, às 6h da manhã, por sua esposa, com a informação de que o avião
que transportava todo o time da Chapecoense havia caído, disse Joteli: — Isso é
triste demais! E não mais conseguiu dormir naquele dia.
Depois,
emocionou-se até as lágrimas quando soube que apenas três jogadores do time
haviam sobrevivido e um deles ainda ficaria sem a perna direita, além de correr
o risco de perder o pé esquerdo, o goleiro Jackson Follmann, reserva do Marcos Danilo,
herói do jogo anterior, que ainda fora salvo com vida, mas falecera a caminho
do hospital.
Os
outros dois são o zagueiro Neto, em estado crítico, no hospital, e o lateral
Allan Ruschel, que não mais corre perigo de morte.
Também
saudamos outro herói da sobrevivência, o jornalista Rafael Henzel.
Além
desses brasileiros, somente se salvaram o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a
comissária de bordo Ximena Suárez, ambos bolivianos. De todos, Erwin é o que
está em melhor condição física. Parece ter caído de uma bicicleta e não de um
avião destroçado.
O
acidente repercutiu em todo o mundo, mas a homenagem dos colombianos, que,
imediatamente, pediram à CONMEBOL para concederem o título de campeão
sul-americano ao time da Chapecoense foi comovente. É o que se chama, no
esporte, de far play. Bela
demonstração de respeito e desprendimento em favor do outro, que é tratado como
amigo e não como adversário.
Na
quarta-feira, que seria o dia da decisão, a torcida colombiana encheu o estádio
com mais de 40.000 torcedores, que traziam na mão uma vela branca acessa e
faixas, nas quais se lia: “Somos todos Chapecoense”, “Força Chape”, “Chape,
campeã sul-americana”.
Os
muros do estádio Atanásio Girardot, em Medellín, foram adornados de flores e
iluminados por velas e faixas de encorajamento e solidariedade ao time dos
bravos jogadores da Chape, juntamente com toda a tripulação, jornalistas,
dirigentes... Balões verdes elevaram-se aos céus!
Jamais
se viu coisa igual!
Na
última segunda-feira, atendendo ao desejo unânime do time colombiano, a
Chapecoense foi considerada campeã sul-americana de futebol, e o Atlético
Nacional de Medelín recebeu o troféu do centenário da CONMEBOL pelo fair play concedido, numa demonstração
de “espírito de paz, compreensão e jogo limpo”.
Aqui
no Brasil, o que parecia impossível aconteceu: as torcidas de São Paulo, Corinthians,
Santos e Palmeiras se reuniram em linda e pacífica homenagem à Chapecoense e
seus atletas mortos segundo a carne.
Que
bom seria se não somente essas, mas todas as torcidas esportivas fizessem um
pacto de não agressão e repúdio a qualquer tipo de violência, antes, durante e
após as competições, a partir dessas manifestações comoventes e sinceras, que
nos fazem lembrar as palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros!
E
que, numa partida de futebol, vença o melhor, mas respeite-se o vencido,
competindo-se sempre com lealdade e verdadeiro espírito esportivo, como tão bem
soube demonstrar o Clube Atlético Nacional da Colômbia, país irmão a quem
devemos eternamente nossa gratidão pela lição de solidariedade que nos
prestou, repercutindo no mundo inteiro.
Fica
aqui a sensação de que, nas tragédias, percebemos quanto somos frágeis, mas
também quanto podemos nos fortalecer com os gestos de solidariedade e de amor
recebidos. Isso acontece porque, nesses momentos, o sentido da palavra
humanidade torna-se sinônimo de irmandade.
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