Em dia com o Machado 253 (jlo)
—
Queres saber de uma coisa, Machado? Teu mais belo poema foi, indubitavelmente, o soneto intitulado A Carolina. Nele,
toda a expressão do amor que um ser sente por outro está sintetizada.
—
Concordo contigo, meu caro Joteli. Por que não expressares, igualmente, teu
sentimento, em versos, à tua amada? Já li tuas diversas homenagens em prosa a
ela, e também não te digo que jamais a tenhas enaltecido na poesia, mas ainda te
falta escrever sobre algo que sintetize todo o teu amor a ela, desde que a
viste pela primeira vez.
—
Tudo bem, Bruxo amigo, vou atender-te com meu relato lírico, não sobre o
encontro com minha amada, mas sobre
O reencontro com ela
Meu
amor, nunca me esqueci do dia
Em
que te vi pela primeira vez...
Vieste
acompanhada e então sorrias,
Ao
avistar-me ali, sem altivez.
Senti
que há muito já te conhecia
E
precisava agir com sensatez,
Mas
não pude furtar-me à alegria
De contemplar-te
a linda candidez.
Dissimulaste
bem teu sentimento,
Mas
tua imagem, como fonte viva,
Jorrava
sempre no meu pensamento.
Uma
atração mais forte que a do vento
Nos
enlaçou depois por toda a vida.
Nosso
reencontro foi naquele centro...
—
Muito bem, Joteli, estás ficando bom nisso, mas, como eu, tua melhor praia é a
prosa.
—
Mas... e aqueles meus poemas premiados?
—
Quanta modéstia! Também escrevi, na juventude, uma dúzia de poemas exaltados
pela crítica, mas jamais alcancei o brilho de um Cruz e Sousa, no Simbolismo,
de um Olavo Bilac, no Parnasianismo, ou de um Carlos Drummond de Andrade, no
Modernismo.
Mete
um poeminha, de vez em quando, em teu texto prosaico, mas não troques este por
aquele. Vai por mim, amigo; vai por mim que não te arrependerás.
—
Obrigado, Machado, mas não tenho a pretensão de agradar a todo o mundo. Desse
modo, pago-te a sugestão com um piparote.
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