Em dia
com o Machado 284 (JÓ)
Amigo
leitor, neste dia 6 de outubro de 2017, foi feita homenagem aos 90 anos de Divaldo Pereira
Franco, completados no último dia 5 de maio. O evento foi realizado no
Auditório Ulisses Guimarães da Câmara dos Deputados, e, posteriormente, na sede
da Federação Espírita Brasileira (FEB). Na Câmara, a Deputada Dorinha, após
enaltecer o elevado trabalho do tribuno e médium baiano, passou-lhe a palavra
para ele proferir sua alocução, que concluiu declamando o Poema da Gratidão, do espírito Amélia Rodrigues.
Um pouco mais tarde, Divaldo também foi
homenageado na sede da FEB. Sobre o agraciado, o muito que falemos ainda é
pouco, tendo em vista a admiração que o Brasil espírita lhe tem e o
reconhecimento de seu belo trabalho, de repercussão internacional.
Nessa data, também comemoramos,
antecipadamente, o aniversário de José Raul Teixeira, meu irmão e amigo, a quem
dedico as próximas linhas. Ele, que aniversaria no dia 7 de outubro, esteve
presente à homenagem ao tribuno espírita Divaldo Pereira Franco e pudemos
reencontrar-nos e estreitar os laços fraternos.
Conheci-o em Salvador, Bahia, quando ali
residi, na década de setenta, e morava sozinho num quarto de... quartel, o 19º
Batalhão de Caçadores. Por força do serviço militar, eu fora transferido, do
Rio de Janeiro, minha terra natal, para a cidade soteropolitana, mas meu
salário era tão baixo, que eu nem ao menos podia alugar um hotel barato na
capital baiana. Nos finais de semana, frequentava a Juventude Espírita Nina
Arueira, núcleo do Centro Espírita Caminho da Redenção, e, por vezes, assistia
a reuniões públicas nessa casa, quando tinha a oportunidade de ouvir palestras
de Divaldo Franco, de Nilson Pereira ou de algum convidado destes.
Num desses dias de reunião pública, lá estava
o nosso irmão Raul, que fora convidado por Divaldo para fazer a exposição
daquela noite (as palestras eram às 20h, toda a quarta-feira). O salão estava
lotado, e o jovem palestrante foi brilhante. Ao final de sua exposição,
cumprimentei-o, trocamos endereços e, a partir desse dia, passamos a nos
corresponder por carta, que era o meio de comunicação mais eficaz, depois do
telefone, naquele tempo.
Raul sempre me encorajava, em nossas
correspondências, a prosseguir nos estudos e prática das boas ações, e eu
sempre a reclamar do isolamento em que vivia, de doença crônica dos ouvidos
etc. etc. etc. Haja coração e paciência para aguentar um amigo chorão desses,
não é mesmo, meu irmão?
Entretanto, ali estavam dois jovens com o
ideal superior de servir a Jesus, na divulgação e prática espírita. Um deles,
pouco mais velho, o Raul, já com uma bagagem intelectual primorosa. O outro,
Jó, ainda nem concluíra o ensino médio, mas já sonhava dedicar sua vida ao
Espiritismo cristão...
No domingo seguinte àquela reunião, soube que
o irmão Raul faria nova palestra na Federação Espírita do Estado da Bahia e,
sem perda de tempo, fui assistir a sua iluminada palestra, munido de pequeno
gravador com fita cassete. O tempo total de gravação era de uma hora, mas quase
fiquei sem ouvir o final de sua brilhante palestra sobre as três alternativas
da humanidade: a do materialismo, a do panteísmo e a do espiritualismo, pois o
lado b da fita já estava quase cheio...
No final de
sua exposição, o nobre Raul declamou um longo e belíssimo poema, psicografado
por Chico Xavier e de autoria espiritual de José Silvério Horta,
intitulado:
Prece
Louvado sejas, Senhor,
Na glória do Lar Celeste,
Pelos bens que nos trouxeste
No
Evangelho redentor.
Na tarefa renovada
Que o teu olhar nos consente,
De
espírito reverente,
Clamamos por teu amor.
Pobres cegos que fugimos
Da luz a que nos elevas,
Nossa oração
rompe as trevas,
Escuta-nos, Mestre, e vem...
Retifica-nos o passo
Para a estrada corrigida,
Sustentando-nos a vida
Na força do Eterno Bem.
Dá-nos, Jesus, tua bênção,
Que nos
consola e levanta...
Que a tua doutrina santa
Vibre pura e viva em nós!
Faze, Senhor, que nós todos,
Na caminhada incessante,
Cada dia, cada instante,
Posamos ouvir-te a
voz.
Ampara-nos a esperança,
Socorre-nos a pobreza,
Liberta nossa
alma presa
Do erro e da imperfeição!...
Mestre excelso da verdade,
Hoje e sempre, em toda parte,
Ensina-nos a guardar-te,
No templo do coração.
Você que conhece o José Raul Teixeira, que
ouviu ao menos algumas de suas palestras inspiradas, imagine, leitor, a emoção
causada a todo o público e, em especial a nós, pela conclusão da exposição do
nosso irmão com esse poema em forma de prece. Pois o Raul declamou-o de cor,
com bela entonação e sem qualquer titubeio, após quase uma hora de
palestra...
Durante mais de vinte anos, guardei comigo a
fita, como incentivo ao meu pequenino esforço em aprender para melhor servir
essa doutrina maravilhosa, que é o
Espiritismo. Um dia, num dos reencontros com o Raul, em Brasília,
presenteei-o com a gravação de sua inesquecível palestra. Ele a recebeu com
carinho e, bondoso como sempre, guardou a lembrança.
Parabéns, Raul, o abraço que lhe demos hoje
eu, minha esposa e amigos, mais do que lhe transmitir boas vibrações, as quais
não possuo, beneficiou-nos com suas energias de servidor de Jesus. Que possamos
seguir seu exemplo de vida, totalmente dedicada à divulgação e exemplificação dos
ensinamentos espíritas cristãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário