EM DIA COM O MACHADO 306 [jó}
—
Boa noite! Que a paz do Cristo esteja conosco. Desejava você, Machado, saber,
na crônica passada, sobre as condições da encarnação e da reencarnação do espírito
nos mundos superiores. Como esclarecimento prévio da resposta a essa questão, conforme
foi dito na crônica nº 300, relembro-lhe que nossos modestos estudos têm o
objetivo de informar o leitor sobre a personalidade de Jesus, o qual faz parte
da “comunidade de espíritos puros e eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em
cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias”.[1]
—Boa
noite, Emmanuel. Desse modo,
todos os planetas que compõem o sistema solar estão sob a direção de espíritos
puros, como Jesus, o Cristo de Deus.[2]
Podemos concluir que cada orbe do sistema solar está sob a responsabilidade de
um Cristo, como Jesus?
—
Não apenas isso, Machado. A responsabilidade geral é de todos os Cristos, mas a
cada um deles é destinada a formação, vida e governadoria de um planeta. A
Jesus, coube a Terra. Aqui,
o fio da luz e da vida está nas
suas mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da
existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do
princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu
pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.[3]
—
Caramba, Emmanuel! não é à toa que Jesus Cristo é considerado Deus pelos
cristãos...
—
Sim, Machado, mas Ele nos lembra a citação do salmista de que também nós somos
deuses, embora faça a distinção entre si e Deus, em diversas passagens
evangélicas, e se mostre como nosso Irmão Maior, por já se ter tornado puro
antes que a Terra existisse e, nessa condição, se haver associado aos espíritos
purificados, dirigentes das comunidades planetárias.
—
Essa direção geral dos espíritos crísticos explica a possibilidade de um de nós
ser transferidos de um planeta a outro, não é mesmo, Emmanuel?
—
Com certeza, Machado. E é por isso que, na época de sua missão entre nós,
Kardec recebeu notícias de espíritos que diziam ter-se reencarnado em outros
mundos de nosso sistema solar. Como a Terra ainda está entre os mundos de
“expiação e provas”, criaturas rebeldes podem ser atraídas para mundos ainda
inferiores, como os primitivos.
De
acordo com Allan Kardec, de modo geral, os mundos podem ser classificados em:
“primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana”; “de expiação
e de provas”, como ocorre com o nosso; “de regeneração, nos quais as almas que
ainda têm que expiar haurem novas forças”; “felizes, onde o bem sobrepuja o
mal”; e “celestes ou divinos, morada dos espíritos depurados, no qual reina
exclusivamente o bem”.[4]
—
Haverá algum desses mundos celestes dentre os que fazem parte do nosso sistema
planetário?
—
Um, com certeza, há, irmão Machado: o que conhecemos como planeta Júpiter. E é
sobre ele que desejo falar-lhe, antes de fazê-lo compreender, com seu exemplo,
o modo como ocorre a encarnação e
reencarnação em um mundo superior. Júpiter é um planeta gasoso, entretanto,
calcula-se que se ele fosse oco caberiam cerca de mil e duzentas Terras dentro
dele. Para que o leitor tenha uma noção sobre características dos habitantes de
Júpiter, relaciono aqui algumas delas:
a)
ali o mal não mais existe; b) é morada dos bem-aventurados, que só se
manifestam na Terra na condição de espíritos purificados, cujo objetivo é
incentivar seus habitantes a alcançarem sua pureza; c) ninguém em Júpiter está
submetido a provas, mas sim a missões; d) as uniões ali ocorrem com base nos
laços do amor; e) lá não há outra lei a não ser a da própria consciência, ou
seja, a Lei de Deus; f) a matéria é bem menos condensada do que a dos que estão
na Terra, ou seja, os terrícolas não a identificam com seus sentidos e
instrumentos. Ainda assim, esses espíritos estão muito distantes da perfeição
divina, e o que os distingue já não é o aspecto moral, no qual se nivelam, e,
sim, o conhecimento e a experiência.[5]
A
encarnação em um mundo superior como Júpiter é a do espírito purificado, que se
aproxima da sua natureza espiritual. A existência é muito mais longa, podendo
alcançar vários séculos, nesse planeta da segunda ordem na escala espírita (O Livro dos Espíritos — LE, itens 107 a 111), onde a encarnação
alcança quinhentos anos ou mais. A infância ali é muito curta e não é limitada
como a da criança terrena. A morte do corpo físico não possui a degradação dos
corpos terrenos, e o espírito não sente o horror da decomposição da matéria, como
ocorre na Terra.
Há
mundos ainda mais elevados do que Júpiter, que poderíamos dizer de primeira
grandeza. Neles, a vida é quase completamente espiritual. Isso decorre do fato
de que, nesses orbes, o corpo que reveste
o espírito é o próprio perispírito, o qual se torna tão etéreo que, para os reencarnados da
Terra, é como se não existisse. “Esse, o estado dos Espíritos puros”.[6]
— Obrigado pelos
esclarecimentos, Emmanuel.
Meu caro amigo, na questão 188 do LE, lemos que os espíritos puros não
estão "presos" a um determinado mundo (estão no seio de Deus, q. 113 LE), o que, no meu modesto entendimento,
é confirmado em A Caminho da Luz, no cap. 1 dessa obra, quando você
fala da comunidade de espíritos puros, da qual Jesus faz parte.
Sendo a encarnação destinada aos espíritos em
expiações e provas, e os espíritos de primeira ordem "já tendo percorrido
todos os graus da escala" e estando despojados "de todas as impurezas
da matéria", como nos informa a questão 113 do LE, além de só terem por envoltório o perispírito, como lemos na
questão 186 do LE, não faz sentido
que um Messias ou Cristo, que já nem possua esse envoltório mais grosseiro (it. 257 LE, p. 160) e nem se fixe a um mundo em particular, precise
encarnar aqui.
—
Desse modo, Machado, respondo também às suas outras duas questões. A encarnação
e reencarnação de um espírito habitante de mundo eterizado ocorrem apenas com
base no perispírito (q. 186 LE). Caso
esse espírito precisasse ir a mundo mais grosseiro, teria de submeter seu corpo espiritual às condições desse
planeta...
—
O que não é a mesma coisa que encarnar nele... Imaginemos, então, Emmanuel, um espírito
puro, como é o caso do Cristo, já não sujeito à encarnação[7]. Se
Ele domina as leis naturais, se abrange todo um orbe com sua visão crística,
como não o faria com um simples corpo perispiritual, ao qual não se prenderia,
uma vez que seu dom da onipresença é extremo, não é mesmo?
—
Meu caro Bruxo, creio que temos
bastante matéria para reflexões do espírito. Mas, por enquanto, paremos por
aqui, pois esta crônica já vai longe, e o leitor precisa descansar. Na próxima
semana, falaremos sobre o sacrifício
e a dor em Jesus. Que a paz e o amor
sublimes do Cristo nos envolvam no clima de tolerância, humildade e respeito.
Até breve!
[1] XAVIER, F. C. A
Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, cap.
1, p. 13.
[2] KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. Brasília:
FEB, 2017, q. 113 e 170.
[3] XAVIER, F. C. A Caminho
da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, cap. 1, p. 11.
[4] KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2.
ed., 4. impr. Brasília: FEB, 2017.
[5] KARDEC, Allan. Revista
Espírita. Tradução de Evandro Noleto Bezerra, set. 1864.
[6] KARDEC, A. O Livro
dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra.4. ed. Brasília: FEB,
2017, q. 186.
[7] Id, q. 170.
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