Em
dia com o Machado 331 )jÓ(
Ovelhas e Bodes
Ovelhas e Bodes
Amigo
leitor, lembra-se de minha promessa de explicar-lhe o sentido das palavras do
Cristo expressas por Mateus, 25:31 a 46? Pois chegou a hora da verdade. As
ovelhas são todas as pessoas de bom coração, que ouvem as palavras do Cristo e,
sobretudo, praticam os seus ensinamentos. Os bodes são todos aqueles que nada
fazem do que foi dito acima...
Vimos
domingo, na televisão, idoso com dificuldade para subir a escada da porta de
entrada de ônibus. Logo atrás, estava um jovem, completamente indiferente à
sorte do senhor. Modesto vendedor de balas, porém, vendo a cena, apressou-se em
ajudar o necessitado a entrar no coletivo.
Alguém
que filmava a cena de um dos andares de edifício em frente, comovido com o
gesto do baleiro, comprou-lhe todos os doces. Nesse dia, o vendedor ambulante pôde
voltar mais cedo para sua casa. O almoço estava garantido para ele e esposa.
Seu gesto de bondade atraíra outro, bom.
Também
viralizou na internet nova cena:
colado a moto quebrada, lia-se num papel a seguinte informação, com telefone
para contato: “Destruí sua moto. Me liga”.
O bilhete era do dono do ônibus que causara o acidente.
O
autor do recado, o baleiro e seu generoso “cliente” são algumas das “boas
ovelhas” citadas por Jesus simbolicamente.
No
último domingo, um incêndio destruiu 90% das obras do Museu Nacional, situado
na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Dentre os diversos comentários sobre
a tragédia, destacamos o do Ministro da Secretaria do Governo: “Agora que
aconteceu, tem muita viúva chorando [...], mas, na verdade, essas viúvas não
amavam tanto assim o museu...”
Quem
não amava o museu: o povo, que em média de 150 mil pessoas visitava,
anualmente, o local, ou o governo, que somente em 2014 deixou de aplicar ali
vinte milhões de reais?
Quem
não amava o museu: as inúmeras famílias que lá
iam com seus amigos, filhos e netos, estudantes, pesquisadores ou a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que, desde 2004, não atendia aos
apelos de providências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN)?
Aquele
rapaz indiferente à necessidade de ajuda ao próximo, tão perto dele, assim como
os gestores de nossa economia que não preservam nossa cultura nem valorizam nossa educação estão na situação dos bodes
citados por Jesus na parábola acima, narrada por Mateus.
E,
se quem afirmou sobre a falência de nossa educação foi o Ministro... da
Educação, também quem criticou a destruição do museu mais importante da América
Latina e de nossa cultura foi nosso Ministro...
da Cultura. Se isso ocorresse num país sério, muitas cabeças rolariam.
Será
que o fogo queimou também o papel com o nome e o telefone do incendiário de
parte da cultura mundial? Quem é o bode expiatório?
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