Estudo d'O Livro dos Espíritos

34 – A molécula tem forma determinada?

Resposta: Certamente as moléculas têm uma forma, mas que não podeis apreciar.

Comentário

Cada informação vem a seu tempo e essa é uma das que foram confirmadas pela ciência. Sim, as moléculas têm forma, de acordo com o número atômico de cada uma. Exemplo: a água é formada pela fórmula H₂O que significa dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

34a – Essa forma é constante ou variável?

Resposta: Constante para as moléculas elementares primitivas, mas variável para as moléculas secundárias, que não são mais que aglomerações das primeiras. Porque o que chamais molécula ainda está longe da molécula elementar.

Comentário

As moléculas elementares são as que são formadas por átomos de um mesmo elemento químico.

Exemplos: O₂ – oxigênio, H₂ – hidrogênio etc. A ciência confirma o que os espíritos afirmaram a Allan Kardec há 168 anos.

 

Estudo d'O Livro dos Espíritos

32 – De acordo com isso, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passariam de modificações de uma única e mesma substância primitiva?

Resposta: Sim, certamente, e que só existem pela disposição dos órgãos destinados a percebê-los.

Comentários

Esse princípio é demonstrado pelo fato de nem todos perceberem as qualidades dos corpos da mesma maneira; um acha uma coisa agradável ao gosto, enquanto ouro a acha ruim; uns veem azul o que outreos veem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar.

Grande conhecedor das ciências biológicas, pois foi professor de biologia, química e física em Lion, França, Allan Kardec confirma com sua resposta e comentários o que os espíritos lhe transmitiam mediunicamente através de médiuns, por vezes, adolescentes. De fato, quantas vezes algo que consideramos agradável ao nosso paladar para outrem é insuportável. Se o sistema imunológico de uma criança ou adulto estiver baixo pode ocasionar, disso, graves problemas alérgicos a determinados alimentos ou medicamentos.

33 – A Mesma matéria elementar é suscetível da passar por todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?

Resposta: Sim, e é isso que se deve entender quando dizemos que tudo está em tudo.

Comentários

O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples não passam de modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primitiva, esses corpos são para nós verdadeiros elementos, e podemos, sem maiores consequências, considerá-los como tais até nova ordem.

Nota de Allan Kardec:

Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que só existe um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos não passam de modificações desse elemento, resulta que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria. Assim, a água, que é formada de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, torna-se corrosiva se duplicarmos a proporção de oxigênio. Uma transformação análoga pode produzir-se pela ação magnética dirigida pela vontade.

Foi o que ocorreu no fenômeno de transformação da água em vinho, por Jesus, nas bodas de Caná. Isso explica as curas obtidas pela imposição das mãos, conhecida no meio espírita como passe, além da oração, que cada vez mais pesquisas demonstram seu poder de cura.

 Estudo d'O Livro dos Espíritos

31 – De onde vêm as diferentes propriedades da matéria?

Resposta: Das modificações que as moléculas elementares sofrem por efeito da sua união, e em certas circunstâncias.

Comentário

A Química confirma o que dizem os espíritos sobre a origem das propriedades da matéria como interação entre os átomos.

"[...]

Profunda quanto o mar de anseios e avatares;
Ardente como o amor na flama religiosa;
Divina quanto a luz dos gênios tutelares;

Doce, como o perdão nos cárceres e crimes;
Assim prossegue a vida, estuante, formosa,
Sempre além, muito além dos sonhos mais sublimes!..."

Moacir de Almeida (Espírito). Psicografado por Waldo Vieira. In: XAVIER, Chico e VIEIRA, Waldo. Antologia dos Imortais. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Muito Além.

Estudo d'O Livro dos Espíritos

30 – A matéria é formada de um só ou de vários elementos?

Resposta: De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, mas transformações da matéria primitiva.

Comentário

A ciência, atualmente, adotou a teoria do Big Bang, explosão ocorrida há cerca de 15 bilhões de anos, como a que melhor explica a origem do Universo. Figuradamente, a Gênese, de Moisés, diz que Deus formou todas as coisas a partir da sua vontade expressa na frase: Fiat luz! Ou seja: Faça-se a luz. E a luz foi feita. 

As teorias científicas mudas com o tempo e o progresso das descobertas que as vêm, muitas vezes, desmentir. As  teorias científicas mais aceitas, durante décadas ou séculos, são apenas suposições dos físicos, mas a resposta dos espíritos é a que mais está de acordo com a genese e a própria ciência, quando se imagina que de uma explosão nuclear, que se expandiu e formou os diversos globos do espaço, o Universo teve origem.

 Estudo d'O Livro dos Espíritos

28 – Já que o próprio espírito é alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusões designar esses dois elementos gerais pelas expressões: matéria inerte e matéria inteligente?

Resposta: As palavras pouco nos importam. Cabe a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes sobre as palavras, visto que a vossa linguagem é incompleta para exprimir as coisas que não vos ferem os sentidos.

Comentários

Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria que não é inteligente e vemos um princípio inteligente independente da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são desconhecidas. Quer elas tenham ou não uma fonte comum e os necessários pontos de contato; quer seja mesmo, segundo a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos revelam distintas, razão por que as admitimos formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos especiais. É a essa inteligência suprema que chamamos Deus.

 Kardec comenta sobre a existência dos elementos espirituais, materiais e a conexão do espírito com a matéria, como já vimos antes, pelo fluido universal. Mas quem tem o domínio de tudo é Deus, “Inteligência Suprema e Causa primeira de todas as coisas”, como já vimos na primeira questão desta obra.

29 – A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria?

Resposta: Da matéria como a entendeis, sim, mas não da matéria considerada fluido universal. A matéria etérea e sutil que forma esse fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.

Comentários

A gravidade é uma propriedade relativa. Fora da esfera de atração dos mundos, não há peso, do mesmo modo que não alto nem baixo.

Ponderabilidade é a qualidade do que é ponderável, ou seja, do que pode ser pesado e medido. O fluido universal é imponderável, mas para nós, pois é o princípio da matéria pesada. Lembra Kardec que no Universo, fora da condição de atração dos mundos, não existe peso, como não há alto nem baixo.

Estudo  d'O Livro dos Espíritos

26 – Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito?

Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento.

Comentário: Espírito e matéria, embora o espírito utilize-se da matéria em suas manifestações, são independentes, como veremos na questão seguinte. Pensamento é o que distingue um e outra, pois a matéria não pensa.

27 – Haveria assim dois elementos gerais do universo: a matéria e o espírito?

Resposta: Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Esses três elementos constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material é preciso juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela. Embora, sob certo ponto de vista, se possa classificar o fluido universal como elemento material, ele se distingue desse por propriedades especiais. Se fosse realmente matéria, não haveria razão para que o espírito também não fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inúmeras combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que não conheceis senão uma ínfima parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e jamais adquiriria as propriedades que a gravidade lhe dá.

Comentário

Espírito, matéria e Deus fazem parte da trindade universal, como os três elementos fundamentais, princípio de tudo o que existe, sob a direção suprema do Criador, a quem Jesus, ser mais perfeito que Deus nos enviou, para governar nosso planeta, chamou de Pai nosso. Intermediário entre o espírito e a matéria, o fluido universal é responsável pela coesão da matéria que, sem sua ação se dispersaria. É o fluido universal que dá propriedades à matéria.

 27a – Seria esse o fluido que designamos pelo nome de eletricidade?

Resposta: Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.

 

Comentário: O fluido universal, qualquer que seja o nome que lhe possamos dar, será sempre o intermediário entre o espírito e a matéria. Por isso é que os espíritos o consideram independente. 

Estudo d'O Livro dos Espíritos

25 – O espírito é independente da matéria ou é apenas uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar?

Resposta:  Ambos são distintos, mas a união do espírito e da matéria é necessária para dar inteligência à matéria.

Comentários

Como nos informam os enviados espirituais do Cristo, os espíritos são os seres inteligentes do Universo que, quando encarnados, tornam a “matéria inteligente”, cuja manifestação básica ocorre por meio do cérebro, o que faz os ateus julgarem que é o próprio cérebro que comanda nosas ações.

25a – Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito: (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por esse nome).

Resposta: é necessária para vós, porque não estais orghanizados para perceber o espírito sem a matéria; vossos sentidos não foram feitos para isso.

Comentários

Encarnado o espírito, seus sentidos físicos são atuados pelo cérebro, que obedece à manifestação da vontade de sua alma, nome dado pelos espíritos ao espírito encarnado.

 

Comentário da questão 23a:

Tudo no Universo é ocupado, seja pela energia, seja pelo espírito. O nada não existe, como nos asseguram os bons espíritos.

 

24 – O espírito é sinônimo de inteligência?

Resposta: A inteligência é um atributo essencial do espírito, mas ambos se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.

 

Comentários

Como os espíritos provêm do princípio inteligente do Universo, para nós, como individualidades,  a inteligência se confunde no espírito, como sabiamente somos informados pelos mensageiros do Cristo. Criados simples e ignorantes, a inteligência do espírito se desenvolve com a aquisição do livre-arbítrio, relativo no princípio e completo nos espíritos mais adiantados, não necessariamente mais evoluídos. Quando o espírito abusa do livre-arbítrio durante um tempo considerado excessivo, esse dom lhe é cassado e o infrator passa a sofrer consequências dolorosas do mal praticado.

 

 

Estudo d'O Livro dos Espíritos

23 – Que é o espírito?

Resposta: O princípio inteligente do Universo. 

Comentários

No Universo, além do Criador, temos dois princípios, que são criados eternamente, por Deus, o inteligente, que dá origem às individualidades animais, das quais o ápice somos nós, os humanos e o material, que será visto mais adiante. 

23a – Qual a natureza íntima do espírito?

Resposta: Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, visto não ser uma coisa palpável, mas, para nós, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa alguma é o nada e o nada não existe.

Estudo d'O Livro dos Espíritos (de 15 a 18 mar. 2025)

20 – Fora das investigações científicas, pode o homem receber comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa aos testemunhos dos sentidos?

Resposta: Sim, se o julgar útil, Deus pode revelar-lhe aquilo que a ciência não consegue explicar.

Comentários

É por meio dessas comunicações que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu destino futuro.

Isso é o que ocorre nas revelações mediúnicas dos espíritos elevados, quando estes julgam ser úteis certas revelações.

21 – A matéria existe de toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele em certo momento?

Resposta: Só Deus o sabe. Entretanto, há uma coisa que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que consigais imaginar o início de sua ação, podereis concebê-lo um segundo que seja na ociosidade? 

Comentários

Há mistérios nas leis de Deus que somente Ele pode saber ao certo. O início da existência da matéria é um desses mistérios, embora mais adiante os espíritos nos falem da existência de três elementos gerais no Universo: Deus, espírito e matéria. A criação da matéria perde-se na eternidade do tempo, mas também ficamos sabendo que o princípio espiritual é anterior ao princípio material.

22 – Define-se geralmente a matéria como aquilo que tem extensão, que pode impressionar os nossos sentidos, que é impenetrável. Essas definições são exatas?

Resposta: Do vosso ponto de vista são exatas, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que vos são desconhecidos. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria, embora para vós não o seja.

 Comentários

Há matéria em estados tão rarefeitos que é como se não existisse para nós. É o caso dos chamados fluidos ou energias. Atualmente é sabido que até o pensamento é matéria.

22a – Que definição podeis dar da matéria?

Resposta: A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo exerce sua ação.

 Comentários

Desse ponto de vista, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário como auxílio do qual e sobre o qual atua o espírito.

Com essa resposta, os espíritos mostram-nos que o espírito independe da matéria, mas esta é utilizada por aquele nas suas manifestações.

 

Estudo objetivo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes

14 de março de 2025

19 – Não pode o homem, pelas investigações científicas, penetrar alguns dos segredos da Natureza?

Resposta: A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas, mas ele não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.

Comentários

Quanto mais é concedido ao homem penetrar nesses mistérios, tanto maior deve ser a sua admiração pelo poder e sabedoria do Criador. Mas, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz, muitas vezes, joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades repeliu como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.

O Espírito de Verdade, no final da primeira de suas quatro mensagens d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, recomenda-nos que nos amemos, como primeiro ensinamento, e em segundo lugar, que nos instruamos. Mas os conhecimentos científicos são limitados, por isso requer de nós humildade, pois o que é verdade científica hoje, amanhã pode não ser mais, em certos casos. Isso acontece com a ciência humana, por vezes expostas por mentes brilhantes, mas que partem de premissas falsas. É o que Kardec comenta ao se referir aos erros tidos como verdades e verdades serem consideradas erros.

 

Continuação do estudo objetivo d'O Livro dos Espíritos, tradução de Evandro Noleto Bezerra, com Jorge e Lourdes.

Em 12 de março

16 – Os que professam esta doutrina pretendem encontrar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus. Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não existindo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, já que tudo é parte integrante de Deus, Ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?

A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo. 

Comentários

Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em escala maior o que somos em menor escala. Ora, transformando-se incessantemente a matéria, Deus, nesse caso, não teria nenhuma estabilidade e estaria sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem conciliar as propriedades da matéria com a ideia de Deus sem que Ele fique rebaixado em nosso pensamento, e nenhuma sutileza de sofisma conseguirá resolver o problema de sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não pode deixar de ser e o sistema acima está em contradição com as suas propriedades mais essenciais; confunde o Criador com a criatura, exatamente como se quiséssemos que uma máquina engenhosa fosse parte integrante do mecânico que a concebeu.

A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro, mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e o executou.

A doutrina citada por Kardec é o panteísmo. Com a resposta dada pelos espíritos, encerra-se esse tema. Após atender ao pedido do espírito para refletir sobre o absurdo da ideia de que Deus estando em todas as coisas tudo é Deus. Kardec esclarece-nos que se assim fosse Deus não seria perfeito, pois estaria sujeito às mudanças da matéria. Não seria imutável e estaria sujeito a todos os male que matéria está sujeita.

Por isso, Kardec conclui que não sabemos tudo o que Deus é, mas sabemos o que Ele não pode ser. O panteísmo confunde o Criador com a criatura. A máquina não é seu inventor, como o quadro não é o pintor que o “concebeu e executou”.

13 de março de 2025

17 – É dado ao homem conhecer o princípio das coisas?

Resposta: Não, Deus não permite que tudo seja revelado ao homem nest mundo.

Comentários

Na Terra, mundo de expiações e provas, a caminho da regeneração, ainda não é possível conhecer o princípio das coisas. O que há são hipóteses e teorias, que o tempo desmente.

 18 – O homem penetrará um dia o mistério das coisas que lhe são ocultas?

Resposta: O véu se levanta para ele à medida que se depura, mas, para compreender certas coisas, precisa de faculdades que ainda não possui.

 Comentários

Somente quando o homem estiver mais depurado e possuir qualidades mais elevadas penetrará com acerto o “princípio das coisas”.

 

Em 11 de março

14 – Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?

Resposta: Se fosse assim, Deus não existiria, porque seria efeito e não causa. Ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.

Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não poderíeis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada sabeis. Deixai, pois, de lado todos esses sistemas; tendes muitas outras coisas que vos tocam mais diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas, o que vos será mais útil do que quererdes penetrar o que é impenetrável.

Comentários

Não podermos confundir o criador com a coisa criada. A doutrina panteísta engana-se quando imagina que Deus é a soma de todas as coisas, forças e inteligências do Universo. Como ainda estamos longe de entender a natureza de Deus, os espíritos aconselham-nos a estudar as nossas próprias imperfeições, o que é de grande sabedoria, pois somente quando nos tornarmos perfeitos poderemos “ver e conhecer Deus”.

15 – Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade, ou seja, que pensar da doutrina panteísta?

Resposta: Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.

Comentários

Sobre a ideia panteísta, que imagina ser Deus a soma de tudo o que existe, os espíritos lembram-nos que o homem orgulhoso imagina que pode ser ao menos parte do próprio Criador, causa primeira de tudo o que há no Universo e inteligência suprema.

Estudo objetivo d'O Livro dos Espíritos

Em 9 de março

10 - Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?
Resposta: Não, falta-lhe, para tanto, o sentido.

Comentários
Como temos dito, nossos cinco sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição são muito limitados para compreender a natureza divina. Somente os espíritos puros, como Jesus, a compreendem.
11 - Será dado um dia, ao homem compreender o mistério da Divindade?
Resposta: Quando seu espírito não mais estiver obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, então o verá e o compreenderá.
Comentários
A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, ele faz da Divindade uma ideia mais justa e mais conforme à sã razão, embora sempre incompleta.
A resposta dessa questão número 11 complementa o que dissemos. Somos ainda muito imperfeitos para compreender o "mistério da Divindade". A ideia de que "Deus criou o homem à sua imagem e semelhança" ainda não é bem entendida por grande parte da humanidade, que possui o conceito antropomórfico  de Deus. Mas somente quando o senso moral do ser humano estiver superiormente desenvolvido ele compreenderá Deus. Vê-lo, entretanto, só é possível aos espíritos puros.
 
Em 10 de março

 12 – Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter ideia de algumas de suas perfeições?
Resposta: Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que se eleva acima da matéria; ele as entrevê pelo pensamento.

Comentários
Podemos conhecer algumas das perfeições de Deus, que entrevemos pelo pensamento. Na próxima questão, Kardec expõe-nos sete dessas perfeições.

13 – Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa de seus atributos?
Resposta: Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo. Mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas ideias e sensações, não tem como se expressar. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir essas perfeições em grau supremo, porque, se tivesse uma só de menos, ou não a tivesse em grau infinito, não seria superior a tudo e, por conseguinte, não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não pode achar-se sujeito a nenhuma vicissitude, nem sofrer nenhuma das imperfeições que a imaginação possa conceber.

Comentários
Deus é eterno. Se tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou, então, teria sido criado por um ser anterior. É assim, que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
É imaterial. Isto é, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria; de outro modo, Ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único. Se houvesse muitos deuses, não haveria unidades de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente. Porque é único. Se não tivesse o soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto Ele; não teria, assim, feito todas as coisas e as que não tivesse feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria não permite se duvide nem da sua justiça, nem da sua bondade.

 Os atributos de Deus citados dão-nos ideia apagada de Deus, mas existem outros seus atributos que só os espíritos puros conhecem. A onipresença, por exemplo, ciente de tudo o que existe no Universo. Por isso, disse Jesus e Lucas registrou no capítulo 17, versículos 21 e 22 do seu Evangelho: “O reino de Deus está dentro de vós”. Tradução muito bem feita do grego por Haroldo Dutra Dias, ao contrário de algumas bíblias que traduziram no “no meio de vós”. A Bíblia de Jerusalém traduz como “no meio de vós”, mas em nota de rodapé admite algumas traduções como a do Haroldo, ou seja, “O reino de Deus está dentro de vós”. Entretanto diz, sem razão, que tais traduções não fazem sentido. Isso porque imagina-se que Jesus se referia à sua presença entre os seus discípulos.
A tradução fiel de Haroldo Dutra Dias é que demonstra não haver Jesus se referido ao Reino de Deus como a si mesmo. Tanto é assim que na questão 621 d’O Livro dos Espíritos, ao ser perguntado por Kardec onde se situa a Lei de Deus, a resposta é “Na consciência”. A partir do entendimento do que os espíritos enviados de Jesus nos dizem podemos entender que Deus e seu reino estão, sim, também, como em todas as coisas, dentro de nós.

Estudo objetivo  d'O Livro dos Espíritos

Em 7 de março

6 - O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não seria fruto da educação e das ideias adquiridas?

Resposta: Se assim fosse, porque os vossos selvagens teriam esse sentimento?

Comentários

Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse apenas produto de um ensino, não seria universal e, como sucede com as noções científicas, só existiria nos que houvessem podido receber esse ensino.

O sentimento íntimo da ideia de Deus existe até mesmo nos povos mais afastados da civilização. Ele é inato em todas as pessoas, ou seja, já nascemos com ele.

7 - Poder-se-ia encontrar nas propriedades íntimas da matéria a causa primeira da formação das coisas?

Resposta: Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É preciso sempre uma causa primeira.

Comentários

Atribuir a formação primeira das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, pois essas propriedades são, em si mesmas, um efeito que deve ter uma causa.

As propriedades particulares da matéria têm uma causa. Elas não são mais do que um efeito de uma causa que as provoca.

Em 8 de março

8 - Que pensar da opinião que atribui a formação primeira a uma combinação fortuita da matéria, ou seja, ao acaso?

Resposta: Outro absurdo. Que homem de bom senso pode considerar o acaso como um ser inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada!

Comentários

A harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e propósitos determinados e, por isso mesmo, denota um poder inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contrassenso, pois o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.

Há uma obra de Camille Flammarion, ed. FEB, intitulada Deus na Natureza, que vem ao encontro dessa resposta. Nela, Flammarion demonstra que por trás de todo fenômeno atmosférico e material há uma inteligência suprema, que a tudo rege. Isso ocorre também em todo o Universo.

9 - Onde se vê, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

Tendes um provérbio que diz: Pela obra se conhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si e é por isso que se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater.

Comentários

Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primeira é, portanto, uma inteligência superior à Humanidade.

Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que realize, tanto maior há de ser a causa primeira. Essa inteligência superior é que é a causa primeira de todas as coisas, seja qual for o nome pela qual o homem a designe.

Essa questão complementa a outra. Noutro lugar, Allan Kardec diz que, não havendo efeito sem causa, a um efeito inteligente sempre haverá uma causa inteligente. Sendo Deus a causa primeira de tudo o que existe, o efeito disso é uma causa inteligente, que vemos presente, não somente na Terra, mas em todo o Universo.

Brasília, DF, 10 de março de 2025. 

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes

No dia 3 de março, iniciamos o estudo de O Livro dos Espíritos de uma forma bem objetiva, para não cansar o ouvinte, com uma apresentação em vídeo. O vídeo do estudo de hoje, além de estar no WhatsApp Jorge, o sonhador, também está no YouTube. 

Para que ninguém perca o que o casal tem postado e continuará a postar diariamente, se Deus permitir.

Optamos pela tradução do Dr. Evandro Noleto Bezerra, bastante atual, sem desmerecer quaisquer outros tradutores. Quando os comentários forem nossos, estarão em letra normal, sem destaque, a não ser uma ou outra palavra ou expressão dentro do nosso comentário. Quando o comentário for de Kardec, seguindo-se à resposta dos espíritos, o texto do Codificador do Espiritismo estará destacado em itálico e antecederá o nosso, que estará sem destaque.

Para quem não viu os vídeos de 5 a 10 de março, depois de nossa apresentação em 3 de março, vamos postar o que até a presente data vem sendo lido e comentado.

Aos que nos lerem e derem seu feedback, desde já agradecemos.

Em 5 de março de 2025

Questão nº 1 - Que é Deus

Resposta: Deus é a inteligência suprema. Causa primeira de todas as coisas.

Comentários

Já no primeiro mandamento da tábua dos 10 mandamentos foi impresso: Eu sou o Senhor teu Deus. Não terás outros deuses diante de mim. Deus é a causa incausada, puro espírito, Senhor do Universo, e também nosso Pai, como nos ensinou Jesus.

Questão nº 2 - Que se deve entender por infinito?

Resposta: O que não tem começo nem fim; o desconhecido. Tudo o que é desconhecido é infinito.

Comentários

Não podemos conhecer o infinito no sentido de que ele não tem começo nem fim. É o mesmo que eternidade. Só Deus é eterno, só Ele é infinito, por existir de toda a eternidade.

Questão nº 3 - Poder-se-ia dizer que Deus é o Infinito?

Resposta: Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir o que está acima da sua inteligência.

Comentários

Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela própria coisa; é definir uma coisa que não é conhecida por outra que também não o é.

Deus é também chamado de O Eterno, por não ter tido início e não terá fim, mas isso é apenas um dos seus atributos. Jesus o chama de Pai. E, ao dizer que também somos deuses (João, 10:34), ele quis dizer que, em grau menor do que ele mesmo, Jesus, somos espíritos criados pelo Espírito Supremo, Deus, com o objetivo de nos tornarmos perfeitos.

Em 6 de março de 2025

Questão nº 4 - Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

Resposta: Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão vos responderá.

Comentários

Para crer em Deus, basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

Tudo o que existe no mundo nada mais é do que o efeito de uma inteligência suprema, que é sua causadora. Assim ocorre com todo o Universo, que tem em Deus seu criador. O Espírito Divino paira sobre toda a criação, tanto a material quanto a espiritual.

5 - Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?

Resposta: Que Deus existe, pois, de onde lhes viria esse sentimento, se não se apoiasse em alguma coisa? é ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.

Comentários

A intuição que todos temos da existência de Deus é devido ao seu próprio conhecimento intuitivo. Existimos por efeito da vontade de Deus, que é a causa do nosso existir, como de todas as coisas do Universo.

 

WIN_20250305_14_39_28_Pro.mp4

Estudo de O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes. Acesse acima para assistir a leitura e comentários das questões 1 a 3 da primeira obra publicada por Allan Kardec.