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domingo, 10 de março de 2013


Em dia com o Machado 40 (jlo)     

 
              Esta semana finda com poesia. O dia da mulher foi festejado e, embora nosso pequenino PIB, tivemos surtos de demagogia.

              Na antiga Grécia, dava-se o nome de demagogo aos líderes do partido democrático. Na política, o nome era respeitado como aquele que representava os interesses do povo. Modernamente, porém, prevalece o significado pejorativo de político interesseiro e ambicioso, que simula virtudes que não possui para lesar os interesses populares.

              O discurso demagógico impressiona. Exemplo: “Nunca na história deste país houve tão poucos miseráveis como atualmente.” Fazemos parte dos países tidos como potências em ascensão: Brasil, Bélgica, Rússia, China e Índia, o chamado BRICs. Entre estes, nenhum teve uma economia tão baixa quanto a nossa, equivalente à dos países decadentes da Europa, PIB de menos de um por cento em 2012.

              Nossa produção agrícola está sendo, em 2013, absurdamente grande, mas não há celeiros para armazenar os cereais, e os caminhões permanecem parados, formando filas de centenas de quilômetros com toneladas de alimentos apodrecendo por falta de infraestrutura não somente no acondicionamento dos produtos, como nos meios de transportes terrestres, aquáticos e aéreos. Nossas estradas de rodagem, muitas vezes, estão absurdamente esburacadas e são insuficientes os portos para exportação. Tudo isso associado a sobretaxas altas inviabilizam a concorrência com os produtos de outros países. Em consequência, como ocorre há séculos, toneladas de alimentos são jogadas fora.

              Entretanto, não devemos nos assustar, pois os lucros que tivemos foram destinados à bolsa família e outras benesses que visam ao assistencialismo e não à promoção social, o que de fato seria a solução para o estado miserável de grande parte de nossa população. Foi feita mais uma pesquisa e comprovou-se que mais de 50% dos nossos jovens não aprendem matemática e outros 30% desconhecem os registros formais da língua portuguesa, além de não saberem ler corretamente.

              Enquanto isso, os Estados brigam pelos dividendos do petróleo pré-sal e refinarias são fechadas por serem consideradas improdutivas. Milhares de obras púbicas, como escolas e hospitais são iniciadas, por vezes concluídas e até inauguradas, mas permanecem abandonadas, muitas vezes com equipamentos altamente técnicos empacotados e inoperantes por falta de... técnicos.

              Quanto às mulheres, continuam trabalhando em regime de semiescravidão, pois precisam cuidar do lar, dos filhos, dos maridos e ainda serem provedoras familiares, com salários que mal alcançam 50% dos salários dos homens. Então, a poesia dessa finda semana é a poesia do meu amigo Augusto dos Anjos, aqui presente, que nos brinda com o soneto intitulado apenas Mulher:

 
Esta mulher que abraça teu filhinho
E faz um cafuné nesse esqueleto
É a mesma dama ausente do carinho
Que encontraste na rua e jaz no gueto.

 
Esta ave maltratada em pego ninho
Engole o teu terrível cianureto
Deambulando em lúgubre caminho
Na noite horrenda de destino preto.

 
Não maltrates então esta criatura
Que tanto fel sorveu para te amar
Em triste e torpe vilegiatura.

 
Alma penada em sua desventura
Lembra tua mãezinha a te ninar
Quando choravas tanto em noite escura.

 

             

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