Em dia com o
Machado 40 (jlo)
Na
antiga Grécia, dava-se o nome de demagogo aos líderes do partido democrático.
Na política, o nome era respeitado como aquele que representava os interesses
do povo. Modernamente, porém, prevalece o significado pejorativo de político
interesseiro e ambicioso, que simula virtudes que não possui para lesar os
interesses populares.
O
discurso demagógico impressiona. Exemplo: “Nunca na história deste país houve
tão poucos miseráveis como atualmente.” Fazemos parte dos países tidos como
potências em ascensão: Brasil, Bélgica, Rússia, China e Índia, o chamado BRICs.
Entre estes, nenhum teve uma economia tão baixa quanto a nossa, equivalente à
dos países decadentes da Europa, PIB de menos de um por cento em 2012.
Nossa
produção agrícola está sendo, em 2013, absurdamente grande, mas não há celeiros
para armazenar os cereais, e os caminhões permanecem parados, formando filas de
centenas de quilômetros com toneladas de alimentos apodrecendo por falta de
infraestrutura não somente no acondicionamento dos produtos, como nos meios de
transportes terrestres, aquáticos e aéreos. Nossas estradas de rodagem, muitas
vezes, estão absurdamente esburacadas e são insuficientes os portos para
exportação. Tudo isso associado a sobretaxas altas inviabilizam a concorrência
com os produtos de outros países. Em consequência, como ocorre há séculos,
toneladas de alimentos são jogadas fora.
Entretanto,
não devemos nos assustar, pois os lucros que tivemos foram destinados à bolsa
família e outras benesses que visam ao assistencialismo e não à promoção
social, o que de fato seria a solução para o estado miserável de grande parte
de nossa população. Foi feita mais uma pesquisa e comprovou-se que mais de 50%
dos nossos jovens não aprendem matemática e outros 30% desconhecem os registros
formais da língua portuguesa, além de não saberem ler corretamente.
Enquanto
isso, os Estados brigam pelos dividendos do petróleo pré-sal e refinarias são
fechadas por serem consideradas improdutivas. Milhares de obras púbicas, como
escolas e hospitais são iniciadas, por vezes concluídas e até inauguradas, mas
permanecem abandonadas, muitas vezes com equipamentos altamente técnicos
empacotados e inoperantes por falta de... técnicos.
Quanto
às mulheres, continuam trabalhando em regime de semiescravidão, pois precisam
cuidar do lar, dos filhos, dos maridos e ainda serem provedoras familiares, com
salários que mal alcançam 50% dos salários dos homens. Então, a poesia dessa
finda semana é a poesia do meu amigo Augusto dos Anjos, aqui presente, que nos
brinda com o soneto intitulado apenas Mulher:
Esta mulher que abraça teu filhinho
E faz um cafuné nesse esqueletoÉ a mesma dama ausente do carinho
Que encontraste na rua e jaz no gueto.
Esta ave maltratada em pego ninho
Engole o teu terrível cianuretoDeambulando em lúgubre caminho
Na noite horrenda de destino preto.
Não maltrates então esta criatura
Que tanto fel sorveu para te amarEm triste e torpe vilegiatura.
Alma penada em sua desventura
Lembra tua mãezinha a te ninarQuando choravas tanto em noite escura.
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