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domingo, 3 de março de 2013



Em dia com o Machado 39 (jlo)

                E continua a saga da corrida no parque
                Estacionamento central (do início do parque). Ao sair do carro, deparamo-nos com nada menos do que quatro policiais-montados em seus cavalos fazendo a ronda do estacionamento. Então, comentei com Orozino:
                — Rapaz, em apenas 48h meu apelo foi atendido. Estarei sonhando? Me belisca. Ainda não eram dezoito horas. Creio que 17h45. Quase dei um hurra e tornei ao meu amigo:
                — Parece que nosso crônico apelo foi lido pelo Sr. Secretário de segurança.
                Não obtive outra resposta senão esta:
                — Será?
                Nesse devaneio, prossegui. O dia estava nublado e uma chuva fina começava a descer do zimbório. Por um fenômeno meteorológico chamado resfriamento adiabático, os cumulonimbus começavam a precipitar-se sobre nossas cabeças. Enquanto corria, Orozino cantava, feliz:
                — Ah, dia...
                Ao que completei: — ...bático!
                — Como?
                —Adiabático, o fenômeno que desencadeia a chuva...
                — Ora, vá para os diabos...
                — Parece que hoje as águas vão rolar.
                — Isso é o cúmulo
                — Nimbus, completei.
                — Para com isso, m. a.
                — Sai pra lá com seu calundu, “horrozino”.  La vita è bella!
                — Mas a chuva molha... Olha que aguaceiro desce sobre nossas cabeças.
                — Pior é o temporal de ignorância que grassa sorrateiro em muitos selfs.
                — Lá vem você com suas tiradas filosóficas!
                Alcançamos o antigo banheiro tão elogiado em nossa crônica 35. Surpresa! continuava fechado...  
                Não nos atrevemos a tentar ir ao grande banheiro em frente, pois seria constrangedor identificarmo-nos ao guarda que ali se postava à entrada, exigindo documento com nome, CPF e identidade... Mas também não estávamos aperreados, graças a Deus!
                Iniciamos a corrida. Como o dia ainda estava claro, embora as nuvens sombrias, ao passarmos pela maioria dos banheiros, até o km 3, todos os guardas estavam a postos e respondiam-nos os cumprimentos, educadamente.
                Até chegarmos ao km 4, observei, também, que todos os postes de iluminação estavam iluminados. Então cochichei ao Zé Orozino:
                 — Que beleza! Todos os postes dando luz. Ao que ele me respondeu:
                 — Calma, não nos precipitemos. Vamos em frente...
                Ultrapassamos o km 4 e começamos a contar um... dois... três... quatro postes sem iluminação. Cinco... seis...vinte postes apagados. Lembrei-lhe uma estrofe de um poema de  autoria do meu secretário, na época em que foi militar, premiado com medalha de bronze, em concurso instituído pela revista Brasília:

Um, dois, três, quatro... quatro, três, dois, um...
Lá vamos nós caminhando ao relento...
E de que vale o nosso pensamento,
Se numa guerra morrer é comum?
               
             — Mas não estamos numa guerra, respondeu-me o Zé.
             — Sei não... Se isto aqui continuar desse jeito, daqui a algum tempo não sobrará viva alma.
             — Talvez as luzes ainda não estejam todas acesas, afinal ainda não são 18h30...
            Então, fomos em frente e contamos outros 31 postes apagados, quando já nos aproximávamos das 19h.
             — Se somados esses 31 aos 20 anteriores, quanto dá?  Perguntei ao Zé.
             — 51, respondeu-me, sem pensar...
             — Taí, uma boa ideia! E ele:
             — Arrgh!
            De repente, chegamos ao km 7 e a luz esplandeceu, deslumbrando-nos. E contamos, os dois juntos:
            — Um... dois... três... quatro... Parecia que a cena da corrida anterior iria se repetir e todos os postes, dali até o final estariam luzindo sobre nossas cabeças.
            A chuva apertava... De repente, a partir do km 7,5 os postes apagados começaram a surgir do nosso lado esquerdo, permanecendo assim até o fim dos dez gloriosos quilômetros do parque. Então, meu amigo mostrou-me, apontando para o céu:
            — Veja que lindo arco-íris! Quem sabe ele não nos anuncia que encontraremos um pote cheio de ouro no final da corrida?
           Prosseguimos até o fim da pista, mas somente o ouro da chuva nos brindou, o que já é um tesouro nesse clima seco de Brasília, não é mesmo, amiga leitora?
           — E vocês acham que, com essa chuva, alguém vai querer assaltá-los no parque?
           — Psiu! Fica quietinha, senão...


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