Em
dia com o Machado 68 (jlo)
Morí ayer, cerca
siete horas de la noche. Fica entendido que não fui eu, muito menos Brás Cubas,
que expirou às duas horas da tarde de 1869. Tudo não passou de um sonho, mas um
tão real devaneio que supus ser o tal verdadeiro.
Vi o Senhor
passar a Pedro uma lanterna e, ao longe, avistei a Terra, em plena escuridão.
Então, ouvi quando aquele disse a este:
— Pedro,
desce à Terra e procura entre seus 7 bilhões, 243 milhões, 980 mil e 101 habitantes,
até este exato instante, uma pessoa verdadeiramente boa.
— Senhor -
respondeu-lhe Pedro – que critérios usarei para identificar esse homem ou essa
mulher do bem? Estará esse ser excelso entre os religiosos?
— Não,
Cefas, em verdade te digo, não necessariamente entre esses.
— Seria um
político destacado?
— Ainda não
será aí que acharás a virtude excelsa.
— Já sei,
poderei encontrá-la entre as pessoas pobres, humildes e resignadas, que
“esperam pelo Senhor, têm bom ânimo e fortificam o seu coração”, como recomenda
o salmista.
— A essas
pode ser que falte o esforço próprio que lhes dê o merecimento.
— Um
cientista famoso, uma enfermeira dedicada, um médico brasileiro, uma professora
tupiniquim, um servidor do botequim, uma faxineira da Maria, um dono de
hospedaria, um artista, uma atleta, um sábio ou um poeta...
— Chega,
Pedro, não seja pateta...
— Eureka!
Mestre, li n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 17, item 3, as
características do homem de bem. Com base no que ali está, encontrarei o homem
ou a mulher que procuras.
— Digo-te,
em verdade, que não é preciso tanto, Pedro. Ser do bem é necessário, mas sem a
coerência entre o que se fala e o que se faz, estaremos diante de novos
fariseus.
Acordei
assustado, abri o Evangelho no capítulo e item citados, e disse ao meu
secretário:
— Caracas!
Jeteli, será que ainda dá tempo para tal transformação?
— Como não?
— respondeu-me ele — os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os
últimos. Leia as escrituras, leia o livro sagrado, mas pratique seus elevados
preceitos morais com espírito de humildade, coerência e serviço incansável ao
próximo.
Então,
resolvi escrever-lhe leitor e leitora amiga, um poeminha singelo, que aguarda
há 2.013 anos, 9 meses e 21 dias para ser entendido, acrescido dos 4.612 anos
dos profetas, em suas várias encadernações, que antecederam nosso Mestre:
Quem já
sentiu, em si, o Cristo,
Quem já
vive com Jesus,
Nada teme,
segue avante,
Leva,
humilde, sua cruz.
Quem se
entrega com amor
Ao
Evangelho do Senhor,
Nada teme,
sempre vai
Caminhando
rumo ao Pai.
Quem já
vive o Evangelho
Que nos
ensinou Jesus
Nada teme,
segue em frente,
Pois consigo
tem sua luz.
Quem já
sabe o que é o bem
Não procura
ser servido
Serve
sempre destemido
Vence as
trevas, segue Além.
Quem quer
vencer a impiedade
Nunca
esquece esta verdade:
Ser leal à
consciência
É viver com
coerência.
Perceberam,
irmãos, que as duas últimas estrofes se aplicam a religiosos e ateus? Então,
fazei isso e vivereis, quer creiais ou não. Pois viver para o bem, com
coerência, é a verdadeira salvação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário