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domingo, 22 de setembro de 2013

Em dia com o Machado 68 (jlo)


            Morí ayer, cerca siete horas de la noche. Fica entendido que não fui eu, muito menos Brás Cubas, que expirou às duas horas da tarde de 1869. Tudo não passou de um sonho, mas um tão real devaneio que supus ser o tal verdadeiro.
            Vi o Senhor passar a Pedro uma lanterna e, ao longe, avistei a Terra, em plena escuridão. Então, ouvi quando aquele disse a este:
            — Pedro, desce à Terra e procura entre seus 7 bilhões, 243 milhões, 980 mil e 101 habitantes, até este exato instante, uma pessoa verdadeiramente boa.
            — Senhor - respondeu-lhe Pedro – que critérios usarei para identificar esse homem ou essa mulher do bem? Estará esse ser excelso entre os religiosos?
            — Não, Cefas, em verdade te digo, não necessariamente entre esses.
            — Seria um político destacado?
            — Ainda não será aí que acharás a virtude excelsa.
            — Já sei, poderei encontrá-la entre as pessoas pobres, humildes e resignadas, que “esperam pelo Senhor, têm bom ânimo e fortificam o seu coração”, como recomenda o salmista.
            — A essas pode ser que falte o esforço próprio que lhes dê o merecimento.
            — Um cientista famoso, uma enfermeira dedicada, um médico brasileiro, uma professora tupiniquim, um servidor do botequim, uma faxineira da Maria, um dono de hospedaria, um artista, uma atleta, um sábio ou um poeta...
            — Chega, Pedro, não seja pateta...
            — Eureka! Mestre, li n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 17, item 3, as características do homem de bem. Com base no que ali está, encontrarei o homem ou a mulher que procuras.
            — Digo-te, em verdade, que não é preciso tanto, Pedro. Ser do bem é necessário, mas sem a coerência entre o que se fala e o que se faz, estaremos diante de novos fariseus.
            Acordei assustado, abri o Evangelho no capítulo e item citados, e disse ao meu secretário:
            — Caracas! Jeteli, será que ainda dá tempo para tal transformação?
            — Como não? — respondeu-me ele — os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Leia as escrituras, leia o livro sagrado, mas pratique seus elevados preceitos morais com espírito de humildade, coerência e serviço incansável ao próximo.
            Então, resolvi escrever-lhe leitor e leitora amiga, um poeminha singelo, que aguarda há 2.013 anos, 9 meses e 21 dias para ser entendido, acrescido dos 4.612 anos dos profetas, em suas várias encadernações, que antecederam nosso Mestre:
           
            Quem já sentiu, em si, o Cristo,
            Quem já vive com Jesus,
            Nada teme, segue avante,
            Leva, humilde, sua cruz.

            Quem se entrega com amor
            Ao Evangelho do Senhor,
            Nada teme, sempre vai
            Caminhando rumo ao Pai.
           
            Quem já vive o Evangelho
            Que nos ensinou Jesus
            Nada teme, segue em frente,
            Pois consigo tem sua luz.

            Quem já sabe o que é o bem
            Não procura ser servido
            Serve sempre destemido
            Vence as trevas, segue Além.

            Quem quer vencer a impiedade
            Nunca esquece esta verdade:
            Ser leal à consciência
            É viver com coerência.


            Perceberam, irmãos, que as duas últimas estrofes se aplicam a religiosos e ateus? Então, fazei isso e vivereis, quer creiais ou não. Pois viver para o bem, com coerência, é a verdadeira salvação.

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