COMUNICAR É PRECISO XIII
(jlo)
A linguagem e seu estilo espacial
III - Figuras de pensamento
Hoje publicaremos outras cinco
dessas figuras.
1. Gradação: as palavras ou expressões se
alinham de acordo com um sentido progressivo. Exemplo: “Este Quincas Borba
[...] é aquele mesmo náufrago da existência [...], mendigo, herdeiro inopinado
e inventor de uma filosofia.” (QB*, cap. IV).
2. Hipérbole: é o exagero de
linguagem que visa a dar destaque especial a uma palavra ou expressão do comunicado.
Exemplo: “Pois
sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor pegue em si, morto de esperar,
e vá espairecer a outra parte; casemo-nos.” (DC*, cap. CI).
Aqui,
o narrador em primeira pessoa assume o papel do personagem Bentinho e, em vez
de dizer que o leitor poderia estar desistindo de esperar pelo
desenrolar da demorada narrativa sobre o casamento do protagonista com Capitu,
usa a exagerada expressão morto de esperar em substituição àquela.
3. Lítotes: ocorre quando se declara alguma coisa negando o seu
oposto. Exemplo: Fulana, acredite em mim, ninguém te detesta na escola.
Embora a fulana se acredite
detestada, o narrador lhe diz que pode confiar na opinião deste de que sua
crença não é verdadeira. Muitas vezes essa é apenas uma forma de atenuar a
realidade, pois se nem todo o mundo detesta a fulana, na escola, pode ser que
algumas pessoas de lá não gostem dela.
4. Oxímoro: essa figura expressa ideias contraditórias que se
combinam, como uma variação do paradoxo. Exemplo: “Deus escreve certo por
linhas tortas”.
5. Paradoxo: figura que se baseia no uso de palavras ou expressões
contrárias à lógica, com afirmações incoerentes ou absurdas. Costuma ser usada
para exprimir ironia, o que a torna comum no texto machadiano. Exemplo: “O
drama é de todos os dias e de todas as formas, e novo como o sol, que também
é velho” (MA)*. O reaparecimento diário do sol o torna novo, mas sua
existência de bilhões de anos caracteriza sua ancianidade. Assim também ocorre
com o drama, que está sempre ocorrendo em algum lugar, mas existe desde os
tempos imemoriais da humanidade.
QB* -Quincas Borba.
QUESTÕES
VERNÁCULAS
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
Edição
nº 11
É,
contudo, um equívoco usar a locução “através
de” em construções como estas, com o sentido de “por”, “por meio de”, “por
intermédio de” ou locução equivalente:
- Ela
soube da notícia através do rádio.
- Os
mudos se comunicam através de gestos.
- A
questão foi decidida através de decreto.
-
Esta mensagem foi psicografada através do Divaldo.
Em
casos assim, no lugar de “através de”,
usemos a preposição “por”, a locução “por meio de” ou algo equivalente:
- Ela
soube da notícia pelo rádio.
- Os
mudos se comunicam por meio de gestos.
- A
questão foi decidida por decreto.
-
Esta mensagem foi psicografada pelo Divaldo.
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