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quinta-feira, 19 de junho de 2014


 

COMUNICAR É PRECISO XIV (jlo)

“A pátria é o idioma, e só no idioma pátrio a gente pode pensar bem e dizer besteiras” (Olavo Bilac).

A linguagem e seu estilo espacial

III - Figuras de pensamento

Em conclusão às figuras de pensamento, publicaremos as quatro figuras finais.

1.: Preterição: ocorre a preterição quando o que é anunciado sugere sua negação.

Exemplo: “Não direi que assisti às alvoradas do Romantismo, não direi que também eu fui fazer poesia no regaço da Itália.” (MPBC*, cap. XXII ).

2. Prosopopeia: consiste em dar vida e características humanas a seres inanimados, sobrenaturais ou irracionais, tornando-os seus interlocutores.  Exemplo: “Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa, murmurou de cima de si que não era feio que os meninos de quinze anos andassem nos cantos com as meninas de quatorze” (DC*, cap. XII). A árvore adquire o atributo de seu advogado, na imaginação de Bentinho, para quem o namoro com Capitu era lindo e legal.

3. Símile: é a figura de pensamento que compara, por assimilação, algo a outra coisa, com o uso das conjunções como, tal como, tal qual, assim como, etc. Exemplo: “A minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim” (MPBC, cap. II).

4. Sinestesia: associação de sensações de gradientes sensoriais (sentidos físicos) diversos. Na sinestesia, os sentidos estão interpenetrados. Exemplo: “Só então senti que os olhos de prima Justina, quando eu falava, pareciam apalpar-me, ouvir-me, cheirar-me, gostar-me, fazer o ofício de todos os sentidos” (DC, cp. XXII). Os gradientes dos sentidos se misturam na representação do desejo de prima Justina expresso em seu olhar, que pareciam também fazer uso do tato, da audição, do olfato e do paladar.

DC* - Dom Casmurro.
MPBC – Memórias póstumas de Brás Cubas

Na próxima postagem, concluiremos esse fascinante assunto com as figuras fônicas. Até lá amig@s.

 
QUESTÕES VERNÁCULAS

 
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 
Há uma leitora na cidade de Apucarana (PR) que lê esta coluna regularmente, mas o faz com o propósito sincero de se corrigir e de aprimorar seus conhecimentos a respeito da língua que falamos.
Seria bom que todos agissem assim, especialmente os que se valem da tribuna – oradores, palestrantes, expositores e dirigentes de reunião –, cujos erros de natureza gramatical costumam às vezes empanar o brilho de suas explanações. A maioria das pessoas, no entanto, não dá ao assunto maior importância...
“Palestrista”, em vez de palestrante. “Posto que”, no lugar de visto que, de porque. “Fluído”, assim mesmo: flu-í-do, em vez de fluido (flui-do), que é o correto. Essas foram algumas das barbaridades cometidas por pessoas que ocuparam a tribuna [...], o que comprova claramente o que acima dissemos.
Com respeito à locução “posto que”, vejamos a lição de Napoleão Mendes de Almeida:
Posto que – É locução conjuntiva, de sentido concessivo, e não causal; significa ainda que, bem que, embora, apesar de: “Um simples cavaleiro, posto que ilustre” – “E, posto que a luta fosse longa e encarniçada, venceram”. ‘ (Dicionário de Questões Vernáculas, p. 242.)
Uma característica dessa locução conjuntiva e de algumas conjunções concessivas é levar o verbo para o subjuntivo. Veja os exemplos: Embora estude bastante, dificilmente ele conseguirá passar.  Conquanto lute muito, sua vitória é difícil. Posto que ganhe na loteria, não será fácil pagar todas as dívidas.

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