Em dia com o
Machado 184 (jlo)
Hoje estou muito triste. Há apenas dois
dias, cerca de duzentos irmãos nossos, franceses, foram cruel e covardemente
assassinados sem qualquer chance de defesa. Seu crime foi o de viver e tentar
ser felizes.
Essas pessoas tinham famílias e projetos
de vida em um mundo pacífico, sem guerras, sem violências, sem fanatismos que
deturpam o verdadeiro sentido das religiões: religar o ser criado ao seu Criador,
cujo propósito jamais foi o de exterminar suas criaturas, ou de lançá-las umas
contra as outras, como feras a se entredevorarem, mas sim o de lhes dar a vida
em abundância para serem felizes.
Essas pessoas eram filhas, eram filhos, eram
mães, eram pais e tinham parentes que as aguardavam em seu lar. Trabalhavam,
estudavam, divertiam-se, amavam e eram amadas. Em suas folgas, buscavam entreter-se
sem causar mal algum a seu próximo. Não tinham inimigos. Não tinham nada a ver
com o extremismo religioso de bárbaros assassinos, desequilibrados mentalmente,
que deturpam os ensinamentos dos verdadeiros profetas de Deus, os quais nos
recomendam nos amar como filhos que somos de um mesmo Pai espiritual, seres
eternos que somos, criados para a perfeição e não para a destruição. Talvez
essas vítimas indefesas nem mesmo tivessem religião, mas eram boas e não faziam
mal a ninguém...
Esses nossos irmãos franceses, assim
como milhares de outros cidadãos que morrem brutalmente assassinados, em
especial nos países como o nosso, em que a maioria da população não tem a
mínima proteção do bem maior, a vida, precisam de nossas orações... e ações.
Ações que não sejam meramente retributivas do mal com o mal, mas sim
educativas.
Quem agride, mesmo sabendo que, por sua
vez, será agredido; quem mata, mesmo sabendo que será morto, quem odeia, mesmo
tendo consciência de que será odiado também se odeia, está enfermo da alma e,
portanto, precisa de tratamento psiquiátrico, de estímulo à própria vida, de
esclarecimentos sobre as leis imutáveis que regem os nossos atos, neste mundo,
e sobre as consequências para quem as viola, quaisquer que sejam as suas
justificativas.
Oremos, portanto, amigos, não somente
por essas tristes vítimas barbaramente mortas, covardemente assassinadas, mas
por toda a humanidade. Um dia todos entenderão que somente a educação de
qualidade, o amor, a honestidade e a ação no bem são as forças indestrutíveis
que nos farão felizes para sempre.
Mas não nos olvidemos de vigiar nossos
pensamentos, palavras e atos, além de recordar sempre o aviso de um jovem
galileu a seu discípulo que mais o amava e que, desembaiando sua espada, cortou
a orelha de um dos carrascos do seu Mestre:
— Pedro, embainha tua espada, pois todos
os que lançarem mão da espada à espada morrerão (Mateus, 26:51-52).
Em outra passagem do seu Evangelho de
Amor, lembrou-nos o Cristo que não devemos temer os que matam o corpo, mas sim
Aquele que tem poder para nos lançar no fogo simbólico do inferno de nossas
almas culpadas (Lucas, 12:4-5). Esses nossos irmãos mal informados que julgam
que estarão nos braços de Deus, ao se
destruírem, após fazerem o mesmo com seu próximo, na realidade estão cavando,
para si mesmos, um inferno que, se não é eterno, nem por isso mesmo é menos
terrível, o da consciência culpada.
Homem, Deus está em tua consciência.
Onde teu espírito estiver, ela, ferida por tua ignorância, repetirá, milhões de
vezes, até que o arrependimento do mal que praticaste se desfaça pela reparação
e pelo teu sincero desejo de praticar o bem:
— Caim, Caim, o que fizeste do teu
irmão?!
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