Em dia com o Machado 280 (jÓ)
—
Amigo Joteli, há um adágio que diz, mais ou menos, assim: “O que não nos mata
nos engorda”.
—
E por que te lembraste desse brocardo, amigo Bruxo?
—
Porque algumas pessoas ficaram alarmadas com
o que jovem barbudo, “ex-espírita”, vem falando no YouTube...
—
Ora, Machado, não te preocupes com isso...
—
Certamente, meu nobre amigo... Antes, peço-te desculpas por chamar-te, por
vezes, de “inútil”, “inepto” e outros adjetivos pouco louváveis.
—
Deixa disso, Bruxo amigo, sei que não falas sério... Uma de minhas filhas,
também, por chiste, apelida-me de “maluco”; e eu ainda confirmo... Mas, continua,
explica-me a razão de tua citação proverbial, na primeira frase, acima.
—
Ouvi as últimas gravações do nosso amigo e percebi que ele é pretensioso e
jamais se poderia dizer espírita, na verdadeira acepção dessa palavra; pois a tolerância deve ser a primeira qualidade
do verdadeiro espírita. Em seguida, está a solidariedade
e, por fim, o trabalho desinteressado
no bem.
—
Por que motivo chegaste a tais conclusões sobre nosso irmão, Machado?
—
Porque tudo o que ele expôs, em diversos vídeos, antes de se anunciar
“ex-espírita” foram críticas. Critica Kardec e sua obra; critica Chico Xavier,
Divaldo Franco, Haroldo Dias e, por fim, acusa a mensagem espírita de “lavagem
cerebral”... Embora sua empáfia de, pretensamente, possuir “grande sabedoria”,
quase tudo que fala pode ser refutado por quem conheça o Espiritismo e esteja
disposto, seriamente, a melhorar-se...
—
Pois, meu caro Mago, nada no mundo me fará “arredar pé” dessa Filosofia, cujo
objetivo (que ele nunca quis crer) é o de restaurar o Cristianismo em sua
pureza inicial. Além de esclarecer muitos pontos da Boa-Nova de Jesus, com base
em sua promessa anotada por João, 14:16 a 18, visando nossa melhoria moral e
felicidade.
—Mas,
Joteli: Comment vous êtes arrivé à cette
conviction?
—
Primeiramente, seria muita pretensão minha julgar que sei muito mais do que o
Codificador do Espiritismo, como assegura, sobre si, o nosso irmão. Segundo, a
Doutrina não é daquele, e, sim, dos Espíritos, como Allan Kardec o reconheceu
humildemente. Finalmente, Kardec começou do
zero, em matéria de revelações mediúnicas, embora seus conhecimentos do
magnetismo, estudado por mais de vinte anos, tenham-lhe permitido vislumbrar,
no que observava e experimentava, algo muito acima dos saberes vigentes em sua
época. Outra coisa, o fato de ter acesso, virtualmente,
a uma gama de informações muito maior do que dispunha o Codificador do
Espiritismo não torna qualquer um capaz de selecionar, comparar, sintetizar e
ordenar, como ele, todo o conhecimento novo que lhe seja revelado.
— E muito menos proporciona bom
senso a quem nunca o teve. Amigo Joteli, quem passa a vida criticando tudo o
que ouve ou lê sobre o Espiritismo, negando seus médiuns e discordando de seus
divulgadores, é óbvio que nunca foi espírita.
Na
verdade, o que sempre ele foi é opositor da convicção alheia, pois sua
“verdade” já está construída adredemente. A isso se chama preconceito, quando não má-fé. Não se
aprende nada com ideias preconcebidas. Talvez, quem aja assim deseje ganhar
nome e fortuna com o ataque às crenças alheias sem se importar com as
consequências futuras de suas atitudes.
—
E que Kardec diz dessas
pessoas, meu caro Bruxo?
—
Diz o seguinte:
[...]
Não há que deplorar a existência desses desertores, porquanto as criaturas
frívolas não passam de pobres auxiliares, seja no que for. [...]
Quanto
às rivalidades, às tentativas que façam por nos suplantarem, temos um meio
infalível de não as temer. Trabalhamos para compreender, por enriquecer a nossa
inteligência e o nosso coração; lutamos com os outros, mas lutamos com caridade
e abnegação. O amor do próximo inscrito em nosso estandarte é a nossa divisa; a
pesquisa da verdade, venha donde vier, o nosso único objetivo. Com tais
sentimentos, enfrentamos a zombaria dos nossos adversários e as tentativas dos
nossos competidores. Se nos enganarmos, não teremos o tolo amor próprio que nos
leve a obstinar-nos em ideias falsas; há, porém, princípios acerca dos quais
podemos todos estar seguros de não nos enganarmos nunca: o amor do bem, a
abnegação, a proscrição de todo sentimento de inveja e de ciúme. Estes
princípios são os nossos; vemos neles os laços que prenderão todos os homens de
bem, qualquer que seja a divergência de suas opiniões. Somente o egoísmo e a
má-fé erguem entre eles barreiras intransponíveis. Mas, qual será a consequência
de semelhante estado de coisas? Indubitavelmente, o proceder dos falsos irmãos
poderá de momento acarretar algumas perturbações parciais, pelo que todos os
esforços devem ser empregados para levá-las, ao malogro, tanto quanto possível;
essas perturbações, porém, pouco tempo necessariamente durarão e não poderão
ser prejudiciais ao futuro: primeiro, porque são simples manobras de oposição,
fadadas a cair pela força mesma das coisas; depois, digam o que disserem, ou
façam o que fizerem, ninguém seria capaz de privar a Doutrina do seu caráter
distintivo, da sua filosofia racional e lógica, da sua moral consoladora e
regeneradora. Hoje, estão lançadas de forma inabalável as bases do Espiritismo;
os livros escritos sem equívoco e postos ao alcance de todas as inteligências
serão sempre a expressão clara e exata do ensino dos Espíritos e o transmitirão
intacto aos que nos sucederem. [...]
—
E, após sua desencarnação, o Codificador disse algo sobre os desertores,
Machado?
—
Sim; pediu-nos que orássemos por eles, pois,
Se
é justo censurar os que hão tentado explorar o Espiritismo ou desnaturá-lo em
seus escritos, sem o terem previamente estudado, quão mais culpados não são os
que, depois de lhe haverem assimilado todos os princípios, não contentes de se
lhe apartarem do seio, contra ele voltaram todos os seus esforços! É,
sobretudo, para os desertores dessa categoria que devemos implorar a
misericórdia divina, pois que apagaram voluntariamente o facho que os iluminava
e com o qual podiam esclarecer os outros. Eles, por isso, logo perdem a
proteção dos Espíritos bons e, conforme a triste experiência que temos feito,
bem depressa chegam, de queda em queda, às mais críticas situações! [...] KARDEC,
A. Revista Espírita. Dez. 1869.
—
A crítica do “desertor” de que, ao desencarnar Divaldo Franco, toda a base do
Espiritismo cristão não subsistirá procede, Bruxo do Cosme Velho?
—
Claro que não! O trabalho do Chico, como o do Divaldo, sempre será valioso,
entretanto, antes deles, tivemos
Bezerra de Menezes, Frederico Júnior, Cairbar Schutel, Zilda Gama, Anna
Prado, Eurípedes Barsanulfo e diversos outros grandes médiuns e estudiosos. Não
te esqueças, Joteli: ninguém, mas ninguém
mesmo, a não ser Deus e Jesus, é insubstituível, para nós, aqui na Terra.
Além disso, relembro-te o que eu disse, em crônica, outro dia: já estão reencarnadas
grandes almas da ciência, da filosofia, da religião e das artes. Breve, terás
notícias delas. Adeus!
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