Em dia com o Machado 279 (jÓ)
Hoje,
falar-te-ei sobre os desertores. Em toda parte, há desertor, inclusive nas
Forças Armadas. No Espiritismo, há “desertores”.
—
Por que as aspas, Machado?
—
Porque o estudo e a prática da Doutrina Espírita, sem ideias preconcebidas, mas com a intenção sincera de reforma
íntima, é incompatível com o preconceito e a deserção.
—
Então não existem falhas no Espiritismo, Bruxo?
—
Claro que, também nele, há enganos, mistificações, fraudes etc., como em
qualquer ideologia. Perguntado ao Chico Xavier se ele já fora mistificado, o
maior médium do mundo, no século XX, afirmou, com toda a humildade: “— Muitas
vezes”. Por isso, nunca é demais relembrar as palavras de Jesus: “— Bom, mesmo,
só Deus o é” (Lucas, 18:19).
—
Mas então, o próprio Kardec...
—
Não te esqueças, embora Jesus nos tenha recomendado ser “perfeitos, como Deus o
é” (Mateus, 5:48), na Terra, ninguém jamais se igualou ao Cristo em perfeição.
Por isso, o modelo dado por nosso Pai Celestial ainda é Jesus Cristo.
—
E aquela recomendação do espírito Emmanuel a Chico Xavier para que, se um dia
aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, Chico deveria ficar com
estes?
—
Continua vigente... Emmanuel jamais divergiu do Codificador e do Cristo naquilo
em que estão de acordo. O resto é especulação.
—
A Doutrina Espírita está desatualizada, Machado?
—
De jeito nenhum. Tudo o que proveio dos espíritos superiores, representantes do
Cristo, que, por sua vez, foi manifestado pelo Espírito da Verdade, está
atualizadíssimo.
—
Então, por que alguns pseudossábios
alegam que Kardec está desatualizado? Não se lhe manifestou o Espírito da
Verdade e outros mensageiros do Cristo?
—
A Doutrina é dos espíritos, Joteli, e Allan Kardec sempre deixou isso claro.
Tudo que ali veio deles é verdadeiro. O Codificador, algumas vezes, emitiu sua
própria opinião, sempre muito respeitável, mas, embora vindo de um grande
missionário, era sua apreciação, com a qual se pode concordar ou não. Só não se
pode é ser leviano e discordar de algo dito por Kardec que esteja em plena
sintonia com Jesus Cristo.
—
Machado, que achas da opinião desses estudiosos do Espiritismo que “desertaram”
de nossa fé e ainda tentam ridicularizá-la?
—
Ridículos...
—
Por quê?
—
Não se aprende a Ciência do Infinito,
representada por essa Doutrina, levianamente, e nem mesmo em uma existência.
Lembra-te, ela veio para “ficar eternamente conosco”, segundo a promessa de
Jesus (João, 14:16).
—
Mas, por que alguns “desertores” afirmam que o estudo do Espiritismo é “lavagem
cerebral?”
—
Como te afirmei no início, quem estuda o Espiritismo, sem ideias preconcebidas,
e deseja melhorar-se, esforça-se em praticar sua moral e jamais se arrepende
disso.
—
Poderias exemplificar, com a tolerância recomendada por Kardec?
—
É o caso de quem, com ares de doutor, declara-se “ex-espírita”. Esse nunca foi
espírita.
—
Será que essa pessoa não é vítima de obsessão?
—
Com certeza. E das mais difíceis de ser curada: a fascinação.
—
Como se explica isso?
—
Antes de mais nada, devo dizer-te que lhes falta bom senso, além de uma
reflexão mais aprofundada no que afirmam, com poses didáticas, como é o caso de
um jovem barbudo visto em vídeo na internet.
Por suas palavras, percebe-se que ele mal conhece o beabá da crença que diz ter abandonado e, agora, cita com ares de
mofa.
—
Explica melhor, prezado Mago.
—
Para não te cansar, vou refutar algumas de suas ideias claramente
preconcebidas. Começo por sua contradição, quando afirma, de início, ser “grato
ao Espiritismo”, para, em seguida, o atacar. Diz, levianamente, que o
Espiritismo se baseia nas “crenças cristãs, com retoques”. Logo após,
“desmente” teorias de que a reencarnação era crença comum no Cristianismo, com
base em estudos dos concílios da
Igreja. Dedução inconsequente, pois vinculada, meramente, à posição de quem é
“atacada”: a Igreja.
Informa
que as descrições de Jesus por Emmanuel, Ramatis e Humberto de Campos são
contraditórias, mas não especifica com base em que critérios chegou a essa
conclusão.
Depois,
diz ter observado “muitas falhas no Espiritismo”, confundindo erros humanos, ou
mesmo de espíritos pouco adiantados, com a Verdade Divina resultante das
palavras de Jesus e das 1019 questões, respondidas por seus emissários. O que
pode ser conferido n’O livro dos
espíritos, obra básica da Doutrina Espírita.
A
prova cabal de que “estuda” o Espiritismo com ideias preconcebidas, sem
qualquer compromisso com a reforma íntima, é sua acusação de a Doutrina
promover “lavagem cerebral” em seus estudiosos. Entretanto, em suas análises,
transbordam preconceitos e exaltação do próprio ego em relação ao Espiritismo,
mostrando desconhecer a recomendação do espírito Erasto: “Melhor é repelir dez
verdades do que aceitar uma só mentira, uma só teoria falsa” (KARDEC, A. O livro dos médiuns, seg. parte, cap.
XX).
Chega
ao ponto de buscar, nos evangelhos, a palavra amor e deduzir, absurdamente, que
o Novo Testamento prega mesmo é o “desapego”, quando todos os ensinamentos do
Cristo são voltados para a iluminação do ser pela prática da caridade, da
tolerância, do perdão, da humildade e do devotamento ao próximo, tudo isso
relacionado ao amor.
A
propósito, disse só haver três vezes, essa palavra, nos evangelhos, o que não
se sustenta. Leia-se, citando apenas Mateus, 5:44; 10:39; 12:18, 17:5; 19:19;
22:37 e 39.
Toda
a Boa-Nova do Cristo está voltada para o amor e suas manifestações. Por ora,
basta lembrar o que diz ainda Mateus, 4:23: “E percorria Jesus toda a Galileia,
ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, e curando todas
as enfermidades e moléstias entre o povo”. Precisa dizer que isso é amor?
Seu
maior adversário é o egoísmo, fonte de todos os sentimentos contrários ao amor
e ao próprio desapego, visto nos
evangelhos por nosso irmão, embora ele esteja fascinado pela projeção da
própria imagem, e com quem não desejamos polemizar para não lhe enaltecer mais
a vaidade e a presunção.
Podemos
passar a vida inteira sem pronunciar a palavra amor, mas amando e servindo a
todos, com abnegação e devotamento, como nos dizem os
espíritos superiores ser a forma mais patente de nossa perfeição: a caridade,
base da Boa-Nova reiterada pelo Espiritismo.
Que
nosso irmão reflita nisso, atento à recomendação de Jesus: “Vigia e ora, para
não caíres em tentação” (Mateus, 26:41).
Precisa
mais?
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