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segunda-feira, 6 de agosto de 2018




Em dia com o Machado 327 /Jó}

Em seu soneto intitulado Piedade, meu amigo Cruz e Sousa reza:

O coração de todo o ser humano
Foi concebido para ter piedade,
Para olhar e sentir com caridade,
Ficar mais doce o eterno desengano.

Para da vida, em cada rude oceano
Arrojar, através da imensidade,
Tábuas de salvação, de suavidade,
De consolo e de afeto soberano.

Sim! que não ter um coração profundo
É os olhos fechar à dor do mundo,
Ficar inútil nos amargos trilhos.

É como se o meu ser compadecido
Não tivesse um soluço comovido
Para sentir e para amar meus filhos.

         Há poucos dias, as câmeras de vídeo de um prédio, em Guarapuava, PR, gravaram uma sequência brutal de surra por um jovem à sua esposa. A agressão iniciou-se antes que o casal saísse do carro e continuou fora do automóvel, na garagem do prédio e no apartamento dos dois. Terminou com a morte da jovem por sua queda do quarto andar do edifício.
         Quando vemos a imagem do rapaz, bem mais forte do que a esposa, agredindo-a, um só pensamento surge em nossa mente: covarde! Se nada justifica a violência, quando ela é utilizada contra os mais fracos, como mulheres, idosos e crianças, essa atitude demonstra perversidade e falta de compaixão pelo próximo.
         Atos assim confirmam, em geral, a cruel influência materialista no mundo. Crendo-se que a vida termina na morte do corpo, sentimentos nobres como caridade, fraternidade e compaixão perdem o sentido. A pessoa opta por viver exclusivamente dos prazeres da matéria. Perdão passa a ser uma palavra sem sentido, demonstração de fraqueza; aborto, assassínio e corrupção são justificados como opções individuais antes do seu mergulho no nada.
As atitudes materialistas levam-nos ao egocentrismo impiedoso e suas consequências nefastas, enquanto as ações dos que cremos na imortalidade da alma contribuem para nossos gestos compassivos e altruístas.
         Não há dúvida de que existem pessoas piedosas dentre as materialistas. Mas, assim como há religiosos que descreem do que dizem crer e agem como ateus, há também ateus que duvidam do niilismo post mortem e são compassivos com o próximo.
         Outrossim, o Espiritismo não veio combater o materialista, mas, sim, o materialismo e suas influências nefastas para quem vive em função da matéria, tendo ou não uma crença. Enquanto não entendermos que toda lesão provocada por nós ao nosso semelhante, seja ela moral ou física, é a nós mesmos que lesamos, estaremos sob o jugo da lei divina que retribui “a cada um segundo seu comportamento”.[1]
Como diz Sousa, em seu soneto, o coração, símbolo do sentimento, implora-nos piedade em nossas ações. Se estas são boas, junto da compaixão, virão os sonhos bons; mas se cruéis, a piedade tardia virá acompanhada dos pesadelos do arrependimento e de suas sanções penais.
Façamos nossa escolha!
        











[1] Mateus, 16: 27. “Pois o Filho do Homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento.” Bíblia de Jerusalém

2 comentários:

  1. Apesar do amigo Jorge Leite comentar algo sobre o materialismo, o ceticismo e coisas que tais, sou, ainda assim, pelo ensino ministrado por Emmanuel de que tais não existem, pois todo Ser tem a consciência de que Deus existe, de que somos imortais e de que vamos responder pelos nossos atos; mas se insistem na negação e por sua conta e risco e haverão, pois, de responder por tais loucuras de Si mesmos, tal como aquele infeliz irmão que esganara sua esposa e a remetera das alturas já desfalecida e morta; morta sim; mas não pelo Espírito, pois que, afinal, se ele pagará por sua covardia e maldade, ela, por sua vez, já está amparada por Jesus e seus prepostos, e, aliás, se libertara deste Mundo cruel, de acerbas provas e expiações.
    E, depois, dizem que Jesus não sofreu; ora: Jesus sofre por nossas maldades e, também, nós, um tantos mais sensíveis, sofremos por atos maledicentes dos nossos irmãos que, em suma, também haverão de na justa moeda pagar.
    fernandorosembergpatrocinio.blogspot.com.br

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  2. Perfeita abordagem da tragédia familiar , que sirva de alerta, para evitaramos novas ocorrências.

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