Advento do Espírito de Verdade
6.3.1
Espírito de Verdade (Paris, 1860)
Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel,
trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutem-me. O Espiritismo, como outrora minha
palavra, deve lembrar os incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o
Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Revelei
a Doutrina Divina; e, como um ceifeiro juntei em feixes o bem esparso pela Humanidade,
e disse: "Venham a mim, todos os que sofrem!"
Mas os homens ingratos se desviaram do caminho reto e largo que
conduz ao Reino de meu Pai, e se perderam nas ásperas sendas da impiedade. Meu
Pai não quer aniquilar a raça humana. Ele quer que, se ajudando uns aos outros,
mortos e vivos, ou seja, mortos segundo a carne, porque a morte não existe, vocês
se socorram, e que, não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a voz dos
que se foram faça-se ouvir: orem e
creiam! Porque a morte é a ressurreição, e a vida é a prova escolhida, durante
a qual suas virtudes cultivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro.
Homens fracos, que se limitam às trevas de sua inteligência, não
afastem a tocha que a Clemência Divina lhes coloca nas mãos, para clarear seu
caminho e reconduzi-los, crianças perdidas, ao regaço de seu Pai.
Estou muito tomado de compaixão por suas misérias, por sua
imensa fraqueza, para não estender a mão em socorro aos infelizes extraviados
que, vendo o Céu, caem nos abismos do erro. Creiam, amem, meditem sobre as
coisas que lhes são reveladas; não misturem o joio ao bom grão, as utopias com
as verdades.
Espíritas! amem-se, eis o primeiro ensinamento; instruam-se, eis o segundo. Todas as verdades encontram-se no Cristianismo; os erros que nele se
enraizaram são de origem humana. E eis que, de além-túmulo, que acreditavam
vazio, vozes lhes clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do
mal; sejam os vencedores da impiedade!
6.3.2
Espírito de Verdade (Paris, 1861)
Venho ensinar e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes
que elevem sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, porque a dor foi
sagrada no Jardim das Oliveiras, mas que esperem, porque os anjos consoladores
virão também enxugar suas lágrimas.
Trabalhadores, tracem seu sulco. Recomecem no dia seguinte a
rude jornada da véspera. O trabalho de suas mãos fornece o pão terreno aos seus
corpos, mas suas almas não estão esquecidas; e Eu, o Divino Jardineiro, as
cultivo no silêncio dos seus pensamentos. Quando soar a hora do repouso, quando
a trama escapar de suas mãos e seus olhos fecharem-se para a luz, sentirão que
surge e germina em vocês minha preciosa semente. Nada se perde no Reino de Nosso Pai. Seus suores e suas misérias formam um tesouro, que os tornará ricos
nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas, e onde o mais desnudo dentre
vocês será talvez o mais resplandecente.
Em verdade lhes digo: os que carregam seus fardos e assistem seus
irmãos são meus bem-amados. Instruam-se na preciosa Doutrina que dissipa o erro
das revoltas e lhes ensina o objetivo sublime da prova humana. Como o vento
varre a poeira, que o sopro dos Espíritos dissipe sua inveja dos ricos do
mundo, que são frequentemente os mais miseráveis, porque suas provas são mais
perigosas que as de vocês. Estou com vocês, e meu apóstolo lhes ensina. Bebam
na fonte viva do amor e preparem-se, cativos da vida, para lançarem-se, um dia,
livres e alegres, no seio d'Aquele que os criou fracos para os tornar
perfeitos e deseja que modelem vocês mesmos sua dócil argila, para serem os
artífices da sua imortalidade.
6.3.3
Espírito de Verdade (Bourdeaux, 1861)
Sou o grande médico das almas, e venho trazer-lhes o remédio que
os deve curar. Os débeis,
os sofredores e os enfermos são meus filhos prediletos, e venho salvá-los. Venham,
pois, a mim, todos os que sofrem e estão oprimidos, e serão aliviados e
consolados. Não procurem além a força e a consolação, porque o mundo é impotente
para dá-las. Deus dirige aos seus corações um apelo supremo, por meio do
Espiritismo: escutem-no. Que a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade,
sejam extirpados de suas almas doloridas. Esses são os monstros que sugam o
mais puro do seu sangue e produzem-lhes chagas quase sempre mortais. Que no futuro,
humildes e submissos ao Criador, pratiquem sua Lei Divina. Amem e orem. Sejam dóceis
aos Espíritos do Senhor. Invoquem-no do fundo do coração. Então, Ele lhes
enviará seu Filho bem-amado, para instruí-los e dizer-lhes estas boas palavras:
Eis-me aqui; venho a vocês, porque me chamaram!
6.3.4
Espírito de Verdade (Le Havre, 1863)
Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que a pedem. Seu
Poder cobre a Terra, e por toda parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo
que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram
profundo ensinamento: a sabedoria humana reside nestas duas palavras. Possam
todos os Espíritos sofredores compreender esta verdade, em vez de reclamar contra
as dores, os sofrimentos morais, que são aqui na Terra o seu quinhão. Tomem,
pois, por divisa, estas duas palavras: devotamento e abnegação, e
serão fortes, porque eles resumem todos os deveres que lhes impõem a caridade e
a humildade. O sentimento do dever cumprido dar-lhes-á a tranquilidade de
espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma asserena-se, e o corpo já
não sente desfalecimentos, porque o corpo sofre tanto mais, quanto mais
profundamente abalado estiver o espírito.
Tradução livre da terceira
edição francesa pelo prof. dr. Jorge Leite de Oliveira em 28/11/2019.
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