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sexta-feira, 15 de novembro de 2019






5.7.10  Deve-se pôr fim às provas do próximo, quando se pode, ou se deve, por respeito aos desígnios de Deus, deixá-las seguir adiante?

— Já lhes temos dito e repetido, muitas vezes, que vocês estão nessa Terra de expiação para completar suas provas, e que tudo o que lhes acontece é consequência de suas existências anteriores, são as parcelas da dívida que têm de pagar. Mas este pensamento provoca em certas pessoas reflexões que necessitam ser afastadas, porque podem causar graves consequências.
Algumas pessoas pensam que, uma vez que se está na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam seu rumo. Há outras que chegam a pensar que não somente devemos evitar atenuá-las, mas também devemos contribuir para serem mais proveitosas, tornando-as mais vivas. É um grande erro. Sim, suas provas devem seguir o rumo que Deus lhes traçou, mas acaso conhecem esse rumo? Sabem até que ponto elas devem ir, e se seu Pai Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele seu irmão: "Não irás mais longe?" Sabem se a Providência não os escolheu, não como instrumento de suplício, para agravar o sofrimento do culpado, mas como bálsamo consolador, que deve cicatrizar as chagas abertas pela sua Justiça?
Não digam, portanto, ao ver um irmão ferido: "É a justiça de Deus, e é necessário que siga seu rumo", mas digam, ao contrário: "Vejamos que meios nosso Pai Misericordioso me concedeu, para aliviar o sofrimento de meu irmão. Vejamos se o meu conforto moral, meu amparo material, meus conselhos, poderão ajudá-lo a transpor esta prova com mais força, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer cessar este sofrimento; se não me deu, como prova também, ou talvez como expiação, o poder de cortar o mal e substituí-lo pela bênção da paz".
Ajudem-se sempre, pois, em suas provas respectivas, e nunca se considerem como instrumentos de tortura. Esse pensamento deve revoltar todo homem de bom coração, sobretudo todo espírita, porque o espírita, melhor que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. O espírita deve pensar que sua vida inteira deve ser um ato de amor e de abnegação, e que por mais que faça para contrariar as decisões do Senhor, sua Justiça seguirá seu curso. Pode, pois, sem medo, fazer todos os esforços para aliviar o amargor da expiação, porque somente Deus pode cortá-la ou prolongá-la, segundo o que julgar a respeito.
Não seria um grande orgulho, da parte do homem, julgar-se com o direito de revirar, por assim dizer, a arma na ferida? De aumentar a dose de veneno para aquele que sofre, sob o pretexto de que essa é a sua expiação? Oh! Considerem-se sempre como o instrumento escolhido para fazê-la cessar. Resumamos assim: Vocês estão todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção, devem fazer todos os esforços para aliviar a expiação de seus irmãos, segundo a lei de amor e caridade.
Bernardin, Espírito protetor
Bordeaux, 1863.

 Tradução livre do prof. dr. Jorge Leite de Oliveira

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