EM DIA COM O MACHADO 399:
A LEADADE E NÃO O
PRAZER... (Jó)
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Há um
ditado popular que diz mais ou menos o seguinte: “Você pode enganar uma pessoa a
vida inteira, pode enganar algumas pessoas durante muito tempo, mas não pode
enganar todo o mundo o tempo inteiro”. Outra frase, muito conhecida é a de que,
em geral, a pessoa traída é a última a saber da traição. Não concordo muito com
isso. O que ocorre é que, quando amamos muito alguém, não nos convencemos
apenas com base em suspeitas ou atitudes um pouco levianas de nosso (a)
parceiro (a), pois também necessitamos de sua tolerância. Afinal, não é fácil
suportar uma infidelidade, por esta nos humilhar e causar tanta infelicidade.
Embora
se defendam muito os direitos femininos na atualidade, o que considero justo,
muitas vezes são as mulheres que assediam sexualmente os homens. Não vai aqui
qualquer julgamento. Apenas constatação. Por exemplo, em certas ocasiões, amigo
meu, leal à esposa, que muito ama, foi acusado por outras mulheres de ser
assexuado, por resistir ao seu assédio. O apelo genésico, neste mundo
animalizado, é poderoso e, por vezes, difícil de resistir, como nos afirmou
nosso genro, mestre em Biologia.
Ao
cristão, todavia, não é lícito fazer qualquer concessão ao adultério sexual
(não vêm ao caso aqui outras definições de adultério), pois a finalidade de
nossa passagem pela matéria é justamente, domar as más inclinações e nos
transformarmos moralmente, como deduziu Allan Kardec. Mas a fornicação é tão
grave que, muitas vezes, é punida com a morte, como já ocorria nos tempos
antigos.
Precisamos
combater a animalidade que ainda reside em nós, se cremos, de fato, na proposta
de Jesus. Por isso, disseram-nos os Espíritos, e o Codificador do Espiritismo
anotou, que pelo corpo participamos da natureza animal e pela alma possuímos a
natureza espiritual (KARDEC, O livro dos
espíritos (LE), q. 605).
Quando
colocamos o prazer acima das conveniências e faltamos com o respeito conosco
mesmo, pois quem trai se trai, e também com quem estamos comprometidos, seja
pelo matrimônio, seja pela parceria sexual e familiar, demonstramos não ter
entendido o sexto Mandamento divino: “Não adulterarás”. Demonstramos, assim,
não amar suficientemente a outra pessoa e também agimos hipocritamente, em
relação à observação de Jesus: “[...] deixará o homem pai e mãe, e se unirá a
sua mulher, e serão dois numa só carne [...]. Assim, não são mais dois, mas uma
só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mateus, 19: 5, 6).
Não é
preciso lembrar às mulheres que a palavra genérica “homem” acima também se
aplica a elas. E, salvo a situação de relação não consentida, qualquer atitude
de entrega a outrem, seja a pessoa homem ou mulher, comprometidos com alguém,
caracteriza adultério. E não cabe aqui a desculpa, muito comum nesta época de
culto aos sentidos, de que uma ou outra relação sexual extramatrimonial não
caracteriza infidelidade ao cônjuge ou parceiro (a).
Retornamos
à Terra para combater nossa animalidade, espiritualizando a matéria e não
materializando animalescamente o Espírito. De pouco adianta sermos bons na
oratória religiosa, distribuirmos benefícios materiais a diversas pessoas,
orarmos pelos enfermos, criticarmos aqueles que não são fiéis a Deus e ao
próximo, se, de nossa parte, não nos esforçarmos em ser melhores, em
preservarmos nossa integridade moral, em não mentirmos à própria consciência,
que é Deus em nós.
O
verdadeiro sentido da caridade já está expresso, há dois mil anos, por Paulo de
Tarso, em I Coríntios, cap. 13:
Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse
caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade,
nada disso me aproveitaria.
4 A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a
caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se
irrita, não suspeita mal.
6Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Observe,
quem nos lê, que um dos requisitos da caridade, de acordo com o apóstolo, é não
tratar alguém com leviandade; outro é não se portar com indecência; e ainda
outro, que fecha com “chave de ouro” essas frases, é não buscar os seus
interesses. Não suspeitar mal é não
julgar alguém sem provas patentes de suas faltas, o que não significa fechar os
olhos às evidências.
Como o
perdão e a humildade são inseparáveis da caridade, Paulo arremata, no versículo
8, que a pessoa caridosa “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Isso significa estar em perfeita sintonia com Deus, para não sucumbirmos,
também, às tentações da animalidade, em especial nesta época de inversão de
valores, com a valorização do prazer, que jamais esteve acima da lealdade.
Prazer legítimo é o que se baseia no respeito ao nosso próximo mais próximo, ou
seja, a nós mesmos, e a quem escolhemos para dividir a casa, o pão e o leito.
Que
Deus nos dê forças para perdoar e continuar amando e servindo aos que nos
traem... E que continuemos resistindo ao mal até o fim, pois, como também
recomenda o Apóstolo dos gentios, que parafraseamos agora: Não nos cansemos de
fazer o bem, pois se não desfalecermos, a seu tempo colheremos os bons frutos
de nossos esforços, combatendo em nós as más tendências e orando pelos fracos
de espírito.
O
prazer real não é o do corpo perecível; é o do Espírito imortal, que se realiza
na prática do bem incessante, que se traduz pela palavra caridade:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas (LE, q. 886). Somente assim, atenderemos fielmente à
recomendação do Cristo: “Brilhe a sua luz” (Mateus, 5: 16).
Isso,
entretanto, começa pela lealdade...
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