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sábado, 27 de maio de 2023

EM DIA COM O MACHADO 577:
TEMPO E TRABALHO (Irmão Jó)

 


       

     Alma amiga, houve época, na humanidade, em que o trabalho era considerado uma punição de Deus. Na Bíblia, encontramos a maldição divina a Adão de conquistar o pão com o suor do seu rosto. Durante alguns milênios, os homens escravizaram e puseram em trabalhos forçados seus inimigos vencidos em combates sangrentos. O trabalho, entretanto, ainda que seja considerado como expiação, é também instrumento de aperfeiçoamento.

        Olavo Bilac foi cognominado Príncipe dos Poetas Brasileiros, em concurso realizado pela revista Fon-Fon, de 1.º de março de 1913. É dele este belo soneto intitulado O Tempo:

 

Sou o tempo que passa, que passa,
Sem princípio, sem fim, sem medida!
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da vida!
 
A correr de segundo em segundo,
Vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
 
Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos
Formo um século, e passo adiante.
 
Trabalhai, porque a vida é pequena,
E não há para o tempo demoras!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!
 

 

Refletindo, porém, no que o poeta diz sobre o tempo, calculado em segundos, minutos, horas, anos e séculos, concluímos que esse tempo proposto para bom aproveitamento no trabalho é o tempo do homem na Terra. Nesse caso, pensamos, como seria o tempo de Deus com bom proveito por nós? Então, em nossos devaneios literários, inspirado no poema de Bilac, escrevemos o poema abaixo, que intitulamos como o Tempo de Deus: 

 

Eu sou tempo divino da graça,
Que jamais teve início, nem fim...
E no espaço da hora que passa,
Muita história já passou por mim.
 
Nos poetas, filósofos, santos
O que passa são seus pensamentos.
Eu registro essas vozes, no entanto,
Muitas delas se vão como ventos...
 
Sou eterno presente no espaço,
Tanto quanto o passado e o futuro,
Vou além do espaço que traço,
Tudo vejo do verde ao maduro...
 
Vive em mim o eterno devir,
Antevisto, por dentro e por fora,
Como tempo de amar e servir
No trabalho da obra de agora.

 

        Finalizo com esta bela frase do Espírito Abel Gomes, publicada na obra Falando à Terra, psicografada por Chico Xavier, sob o título: Notícias: “À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas”.

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