terça-feira, 7 de outubro de 2025
domingo, 28 de setembro de 2025
ESTUDO D'O LIVRO DOS ESPÍRITOS
204.
Uma vez que temos tido muitas existências, a nossa parentela vai além da que a
existência atual nos criou?
“Não
pode ser de outra maneira. A sucessão das existências corporais estabelece
entre os Espíritos ligações que remontam às vossas existências anteriores. Daí,
muitas vezes, a simpatia que vem a existir entre vós e certos Espíritos que vos
parecem estranhos.”
Comentário
Nossa
parentela é o mundo. Todos, como filhos de Deus, somos irmãos, já disse Jesus.
Como nossas relações remontam a várias existências físicas, podemos já ter tido
como parentes um vizinho ou colega de escola ou trabalho, além de outras
pessoas.
205.
A algumas pessoas a doutrina da reencarnação se afigura destruidora dos laços
de família, com o fazê-los anteriores à existência atual.
“Ela
os distende; não os destrói. Fundando-se o parentesco em afeições anteriores,
menos precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família.
Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vosso vizinho,
ou no vosso servo, pode achar-se um Espírito a quem tenhais estado presos pelos
laços da consanguinidade.”
a)
Ela, no entanto, diminui a importância que alguns dão à genealogia, visto que
qualquer pode ter tido por pai um Espírito que haja pertencido a outra raça, ou
que haja vivido em condição muito diversa.
“É
exato; mas essa importância assenta no orgulho. Os títulos, a categoria social,
a riqueza, eis o que esses tais veneram nos seus antepassados. Um, que coraria
de contar, honrado sapateiro, orgulhar-se-ia de descender de um gentil-homem
devasso. Digam, porém, o que disserem, ou façam o que fizerem, não obstarão a
que as coisas sejam como são, que não foi consultando-lhes a vaidade que Deus
formulou as Leis da Natureza.”
Comentário
Os
laços de família se fortificam com a reencarnação, haja vista que, do mundo
espiritual, os familiares que desencarnam antes continuam acompanhando os que
ainda estão no corpo físico e, muitas vezes, preparando um reencontro futuro,
não somente no plano espiritual como no retorno a outro corpo. Os verdadeiros
títulos para o Espírito não são os que ele obtém na existência na Terra e sim os
que o tornam melhor como Espírito.
Daí, pessoas que ocupam posições humildes entre nós podem estar bem acima, no
plano espiritual, dos doutores que se encontram entre nós.
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
terça-feira, 16 de setembro de 2025
Estudo d'O Livro dos Espíritos
186. Haverá mundos em que o Espírito, deixando de revestir
corpos materiais, só tenha por envoltório o perispírito?
“Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como
se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros.”
a)
Parece resultar daí que, entre o estado correspondente às últimas encarnações e
o de Espírito puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada; não?
“Semelhante
demarcação não existe. A diferença entre um e outro estado se vai apagando
pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às
primeiras claridades do alvorecer.”
Comentário
Os
Espíritos puros já não necessitam reencarnar. Seus corpos definitivos são os
perispirituais, que não são observáveis por nossos sentidos, bem como os
próprios Espíritos puros. À medida que o Espírito se aperfeiçoa, seu próprio
perispírito vai tornando-se mais e mais etéreo, até se fundir, por assim dizer,
com o próprio Espírito, como ocorre com os Espíritos puros.
187.
A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos?
“Não;
é mais ou menos etérea. Passando de um mundo a outro, o Espírito se reveste da
matéria própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do
relâmpago.”
Comentário
Essa
mudança de perispírito, como podemos deduzir da informação acima, ocorre
instantaneamente, quando o Espírito passa de um mundo a outro.
188.
Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço universal,
sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?
“Habitam
certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra; podem, melhor
do que os outros, estar em toda parte.”
Comentário
Embora
não se achem presos a um determinado mundo, os Espíritos puros habitam mundos
celestes, como é descrita a escala dos mundos n’O Evangelho Segundo o
Espiritismo.
189.
Desde o início de sua formação, goza o Espírito da plenitude de suas faculdades?
“Não,
pois que para o Espírito, como para o homem, também há infância. Em sua origem,
a vida do Espírito é apenas instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e
de seus atos. A inteligência só pouco a pouco se desenvolve.”
Comentário
Tal
como nós, que passamos da fase embrionária ao feto e deste ao bebê, que também
se torna criança, depois jovem e adulto, os Espíritos evoluem do instinto à
inteligência, que somente aos poucos se desenvolve.
190.
Qual o estado da alma na sua primeira encarnação?
“O
da infância na vida corporal. A inteligência então apenas desabrocha: a alma se
ensaia para a vida.”
Comentário
É
o que já foi informado antes. Em sua primeira encarnação, a alma ainda vive
pelos instintos, mas gradualmente a inteligência se desenvolve.
191.
As dos nossos selvagens são almas no estado de infância?
“De
infância relativa, pois já são almas desenvolvidas, visto que já nutrem
paixões.”
a)
Então, as paixões são um sinal de desenvolvimento?
“De
desenvolvimento, sim; de perfeição, porém, não. São sinal de atividade e de
consciência do eu, porquanto, na alma primitiva, a inteligência e a vida se
acham no estado de germe.”
Comentários
As
paixões são próprias das almas que já possuem certo desenvolvimento, mas a
inteligência, aí ainda que já consciente de si, não possui completo
desenvolvimento.
A
vida do Espírito, em seu conjunto, apresenta as mesmas fases que observamos na
vida corporal. Ele passa gradualmente do estado de embrião
ao
de infância, para chegar, percorrendo sucessivos períodos, ao de adulto, que é
o da perfeição, com a diferença de que para o Espírito não há declínio, nem
decrepitude, como na vida corporal; que a sua vida, que teve começo, não terá
fim; que imenso tempo lhe é necessário, do nosso ponto de vista, para passar da
infância espírita ao completo desenvolvimento; e que o seu progresso se
realiza, não num único mundo, mas vivendo ele em mundos diversos. A vida do
Espírito, pois, se compõe de uma série de existências corpóreas, cada uma das
quais representa para ele uma ocasião de progredir, do mesmo modo que cada
existência corporal se compõe de uma série de dias, em cada um dos quais o
homem obtém um acréscimo de experiência e de instrução. Mas, assim como, na
vida do homem, há dias que nenhum fruto produzem, na do Espírito, há
existências corporais de que ele nenhum resultado colhe, porque não as soube
aproveitar.
192.
Pode alguém, por um proceder impecável na vida atual, transpor todos os graus
da escala do aperfeiçoamento e tornar-se Espírito puro, sem passar por outros
graus intermédios?
“Não,
pois o que o homem julga perfeito longe está da perfeição. Há qualidades que
lhe são desconhecidas e incompreensíveis. Poderá ser tão perfeito quanto o
comporte a sua natureza terrena, mas isso não é a perfeição absoluta. Dá-se com
o Espírito o que se verifica com a criança que, por mais precoce que seja, tem
de passar pela juventude, antes de chegar à idade da madureza; e também com o
enfermo que, para recobrar a saúde, tem que passar pela convalescença. Demais,
ao Espírito cumpre progredir em ciência e em moral. Se somente se adiantou num sentido,
importa se adiante no outro, para atingir o extremo superior da escala.
Contudo, quanto mais o homem se adiantar na sua vida atual, tanto menos longas
e penosas lhe serão as provas que se seguirem.”
a)
Pode ao menos o homem, na vida presente, preparar com segurança, para si, uma
existência futura menos prenhe de amarguras?
“Sem
dúvida. Pode reduzir a extensão e as dificuldades do caminho. Só o descuidoso
permanece sempre no mesmo ponto.”
Comentário
Conforme
os Espíritos têm-nos dito, as encarnações são inumeráveis, pois a meta da
perfeição exige que evoluamos não somente no aspecto moral quanto no
intelectual. Entretanto, quanto melhor direção dermos à nossa vida na prática
do bem, melhor nos sentimos espiritualmente. Uma coisa é certa a frase citada
por Kardec n’O Evangelho segundo o Espiritismo: “Ajuda-te que o Céu te ajudará
é a expressão da realidade do que acontece em benefício de quem se empenha na
verdadeira sabedoria, que alia o conhecimento à prática das boas obras.
193.
Pode um homem, nas suas novas existências, descer mais baixo do que esteja na
atual?
“Com
relação à posição social, sim; como Espírito, não.”
Comentário
Quanto
o homem utiliza mal seu livre-arbítrio, pode descer, noutra encarnação, senão
na atual, de uma posição de destaque social à mais modesta, mas seu estado espiritual
permanece o mesmo. Também em missão, Espíritos de alta elevação podem reencarnar
em posições modestas, para darem exemplos de renúncia e humildade, aliados ao
amor ao próximo em sua mais ampla definição.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
Estudo d'O Livro dos Espíritos
184.
Tem o Espírito a faculdade de escolher o mundo em que passe a habitar?
“Nem
sempre. Pode pedir que lhe seja permitido ir para este ou aquele e pode
obtê-lo, se o merecer, porquanto a acessibilidade dos mundos, para os
Espíritos, depende do grau da elevação destes.”
a)
Se o Espírito nada pedir, que é o que determina o mundo em que ele reencarnará?
“O
grau da sua elevação.”
Comentário
Em
geral, todo o planejamento reencarnatório ocorre no mundo espiritual e o
Espírito retorna ao convívio daquela família que ficou na Terra em novas
condições. Se foi um mau filho, agora poderá assumir a função de pai ou mãe de
quem prejudicou para se reconciliar com estes. Se foi mau pai ou mãe agora terá
que se reconciliar igualmente com aquele(s) a quem fez mal. Ir para outro mundo
é situação em que o Espírito pode necessitar expiar faltas graves ou para lá ir
em missão, após ter progredio noutro mundo inferior àquele para onde vai.
185.
O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada mundo?
“Não;
os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o
vosso, por um estado inferior e a própria Terra sofrerá idêntica transformação.
Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.”
Comentários
Assim
como os Espíritos, os mundos evoluem. Inicialmente primitivos, como os seres
humanos “simples e ignorantes”, com o passar dos milênios sua população evoluir
e contribui para a evolução do mundo em que habita.
É
assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas
por seres cada vez mais perfeitos, pois que essas novas raças transformadas
sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras.
sábado, 6 de setembro de 2025
Estudo d'O Livro dos Espíritos
174. Tornar a viver na Terra constitui uma necessidade?
“Não; mas, se não progredistes, podereis ir para outro mundo que
não valha mais do que a Terra e que talvez até seja pior do que ela.”
Os Espíritos nos informam que se não nos esforçarmos para evoluir
em amor e conhecimento, ficaremos estacionados na mesma posição espiritual,
pois não há retrocesso no adiantemento do Espírito. Entretanto, pode ocorrer de
Espíritos preguiçosos ou insistentes no mal serem degredados para mundos
inferiores ao em que eles estejam encarnados, como vem ocorrendo com o nosso
planeta.
175. Haverá alguma vantagem em voltar-se a habitar a Terra?
“Nenhuma
vantagem particular, a menos que seja em missão, caso em que se progride aí
como em qualquer outro planeta.”
a)
Não se seria mais feliz permanecendo na condição de Espírito?
“Não,
não; estacionar-se-ia e o que se quer é caminhar para Deus.”
Quando
um Espírito alcança evolução espiritual que o coloca muito acima daquela em que
estão os Espíritos encarnados na Terra, não há mais necessidade de que ele
reencarne aqui, salvo em missão, o que ocorre com diversos Espíritos que
continuam atuando em nosso planeta por amor a inumeráveis pessoas. Mas até que
atinja a pureza, todos terão que reencarnar, ainda que em mundos muito mais
felizes do que a Terra, pois é na matéria que o Espírito mais contribui com a
obra de Deus.
176.
Depois de haverem encarnado noutros mundos, podem os Espíritos encarnar neste,
sem que jamais aí tenham estado?
“Sim,
do mesmo modo que vós em outros. Todos os mundos são solidários: o que não se
faz num faz-se noutro.”
a)
Assim, homens há que estão na Terra pela primeira vez?
“Muitos,
e em graus diversos de adiantamento.”
b)
Pode-se reconhecer, por um indício qualquer, que um Espírito está pela primeira
vez na Terra?
“Nenhuma
utilidade teria isso.”
Comentário
Os
mundos são solidários, dizem-nos os Espíritos que colaboram com Jesus no
adiantamento da Terra. Daí, é possível que alguns de nós já tenhamos encarnado
e reencarnado em outros mundos. Como nosso foco deve ser no que fazer para
nosso adiantamento em amor e sabedoria, não há nenhum interesse em saber se já existimos
noutros mundos nas inumeráveis reencarnações que já pudemos ter.
177. Para chegar à perfeição e à suprema felicidade, destino final de todos os homens, tem o Espírito que passar pela fieira de todos os mundos existentes no Universo?
“Não,
porquanto muitos são os mundos correspondentes a cada grau da respectiva escala
e o Espírito, saindo de um deles, nenhuma coisa nova aprenderia nos outros do
mesmo grau.”
a)
Como se explica então a pluralidade de suas existências em um mesmo globo?
“De
cada vez poderá ocupar posição diferente das anteriores e nessas diversas
posições se lhe deparam outras tantas ocasiões de adquirir experiência.”
Comentário
A
resposta dos Espíritos, como sempre, é lógica. Não há necessidade que habitemos
todos os mundos do Universo, haja vista o nível evolutivo semelhante entre
diversos mundos, como vemos na informação sobre a escala dos mundos:
primitivos, de expiação e provas, felizes e celestes ou divinos, conforme
consta n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 3, item 4.
178. Podem os Espíritos encarnar em um mundo relativamente inferior a outro onde já viveram?
“Sim,
quando em missão, com o objetivo de auxiliarem o progresso, caso em que aceitam
alegres as tribulações de tal existência, por lhes proporcionar meio de se
adiantarem.”
a)
Mas não pode dar-se também por expiação? Não pode Deus degredar para mundos
inferiores Espíritos rebeldes?
“Os
Espíritos podem conservar-se estacionários, mas não retrogradam. Em caso de
estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no
meio conveniente à sua natureza, as existências mal-empregadas.”
b)
Quais os que têm de recomeçar a mesma existência?
“Os
que faliram em suas missões ou em suas provas.”
Os Espíritos não retrogradam em sua condição evolutiva, mas podem permanecer estacionados no mal, utilizando de modo errado seu livre-arbítrio. É quando Deus, por intermédio dos Espíritos elevados, bane tais Espíritos malévolos para mundos inferiores, onde muito terão de expiar, mas também poderão aproveitar sua nova situação para auxiliar o progresso dos seres que habitam tais mundos.
179. Os seres que habitam cada mundo hão todos alcançado o mesmo nível de perfeição?
“Não;
dá-se em cada um o que ocorre na Terra: uns Espíritos são mais adiantados do
que outros.”
Comentário
Não
sendo todos os Espíritos criados ao mesmo tempo e também havendo aqueles que
melhor aproveitaram seu tempo na aquisição da sabedoria, pela prática do amor e
do conhecimento, o grau de perfeição é diferente, sendo, portanto, uns “mais
adiantados do que outros”, como é informado acima.
“Sem
dúvida; a inteligência não se perde. Pode, porém, acontecer que ele não
disponha dos mesmos meios para manifestá-la, dependendo isto da sua
superioridade e das condições do corpo que tomar.” (Veja-se: “Influência do
organismo”, cap. VII, Parte 2a.)
Comentário
Os
conhecimentos adquiridos por cada Espírito jamais se perdem, mas pode acontecer
que, renascendo em corpos com limitações, o Espírito fique, por algum tempo,
sem condições de manifestar seus conhecimentos.
“É
fora de dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de
matéria para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos
material, conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos. É isso o que
assinala a diferença entre os mundos que temos de percorrer, porquanto muitas
moradas há na casa de nosso Pai, sendo, conseguintemente, de muitos graus essas
moradas. Alguns o sabem e desse fato têm consciência na Terra; com outros, no
entanto, o mesmo não se dá.”
Todos
os Espíritos têm corpos, mas quanto mais grosseiro é o estado do mundo em que se
esteja encarnado, mais densos são esses corpos. Em mundos superiores, nosos
sentidos limitados e instrumentos materiais não permitiria enxergar os corpos eterizados
das entidades elevadas que ali encarnam.
182. É-nos possível conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
“Nós,
Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos
achais. Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem
todos estão em estado de compreendê-las e semelhante revelação os perturbaria.”
Ainda hoje, a ciência da Terra não possui condição de identificar o estado físico e moral dos mundos mais evoluídos do que o nosso. Um exemplo disso é Júpiter cujo estado físico é tão etéreo, bem como dos Espíritos que ali encarnam que, para nós, é como se ali não existisse condições de vida. O que ocorre é que o homem na Terra ainda tem por parâmetro de avaliação as leis que aqui vigem. Nos mundos elevados, a matéria é, por assim dizer, quintessenciada, fugindo à nosso observação.
Da
purificação do Espírito decorre o aperfeiçoamento moral, para os seres que eles
constituem, quando encarnados. As paixões animais se enfraquecem e o egoísmo
cede lugar ao sentimento da fraternidade. Assim é que, nos mundos superiores ao
nosso, se desconhecem as guerras, carecendo de objeto os ódios e as discórdias,
porque ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que seus
habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos
lhes dá, fazem que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem
temor, como simples transformação.
A
duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de
superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto
menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam.
Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da
Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos.
183.
Indo de um mundo para outro, o Espírito passa por nova infância?
“Em
toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão
obtusa como no vosso mundo.”
Em
todos os mundos, quando encarnado, o Espírito passa por um período de infância,
enquanto seu corpo não se desenvolve. Mas em mundos elevados a infância do corpo
do Espírito é bastante curta. Um Espírito encarnado ali, tem na infância a
inteligência de uma pessoa adulta aqui na Terra. Quando, excepcionalmente, tais
Espíritos encarnam em nosso mundo, em missão, já nos primeiros anos de sua
existência demonstram uma inteligência muito acima da média. Segundo a revista
Exame, o QI médio de uma pessoa é 100, mas o mais novo membro da Mensa é um
menino cujo QI é 160. Seu nome é Joseph Harris-Birtill. Com pouco mais de dois
anos, esse menino já lia livros inteiros. Em todos os tempos, renasceram na
Terra gênios que, desde os primeiros anos, já tinham QI muito acima da média,
como Mozart, Beethoven, Einstein etc. São Espíritos que renascem entre nós em
missão.
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Estudo d'O Livro dos Espíritos
161.
Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda não se
enfraqueceram em consequência da idade ou das moléstias, a separação da alma e
a cessação da vida ocorrem simultaneamente?
“Geralmente assim é; mas, em todos os casos, muito breve é o instante que medeia entre uma e outra.”
Comentário
Nas mortes violentas, o socorro espiritual é imediato. Desse modo, a separação entre a alma e o corpo é, em geral, muito rápida. O que não ocorre no caso dos suicidas, tendo em vista que sua morte violenta foi causada pelo próprio autocida.
162.
Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a
consciência de si mesmo?
“Não
raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha
extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte lhe
faz perder aquela consciência antes do momento do suplício.”
Comentários
Enquanto houver atividade cerebral no cabeça separada do corpo, o que pode levar alguns minutos, o Espírito que não perdeu os sentidos antes da decapitação pode conservar sua consciência, o que não dura muito tempo.
Trata-se aqui da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo, como homem e por intermédio dos órgãos, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplício, pode conservá-la por alguns breves instantes. Ela, porém, cessa necessariamente com a vida orgânica do cérebro, o que não quer dizer que o perispírito esteja inteiramente separado do corpo. Ao contrário: em todos os casos de morte violenta, quando a morte não resulta da extinção gradual das forças vitais, mais tenazes os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portanto, mais lento o desprendimento completo.
163.
A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?
“Imediatamente
não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.”
Comentário
À
exceção de Espíritos de alta elevação, todos os demais passam por um período de
confusão mental ou perturbação, que pode durar pouco tempo ou, no caso dos
suicidas, longo tempo, que eles imaginam durar para sempre, mas que a bondade
Divina, no tempo certo os socorrerá.
“Não;
depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece
quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida
do corpo, enquanto o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura,
guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.”
Comentário
É
o que antecipamos, em questão anterior. O Espírito puro recobra imediatamente a
consciência. O ser ainda preso às impressões da matéria fica mais tempo em
perturbação.
“Influência
muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua
situação; mas a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência
exercem.”
Comentários
O conhecimento do Espiritismo não é salvo conduto para ninguém. É preciso que nos esforcemos na prática da caridade e da sabedoria para que nos libertemos rapidamente dos liames corporais e alcemos voo às regiões elevadas do mundo espiritual.
Por
ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma
para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no
estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre
a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam à medida
que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que
se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito
variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de
algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que,
desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os
aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem
imediatamente a posição em que se encontram.
Aquela
perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos
indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte
violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos etc., o
Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto.
Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo,
reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele.
Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o
ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do
perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não
pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente.
Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca
mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de
destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de
não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo
semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve
tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe
chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno
é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não creem dormir.
É que têm o sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam
livremente e veem, julgam que não dormem. Certos Espíritos revelam essa
particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
Todavia, sempre mais generalizada se apresenta essa particularidade entre os
que, mesmo doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular
espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o
de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até o
momento em que compreende a verdade.
A
perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se
conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranquilo
despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é
cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua
situação se compenetra.
Nos
casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem
ao
mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue
à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe
interessam.
“Sofrendo
a prova de uma nova existência.”
a)
Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como Espírito?
“Depurando-se,
a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária
lhe é a prova da vida corporal.”
b)
A alma passa então por muitas existências corporais?
“Sim,
todos contamos muitas existências. Os que dizem o contrário pretendem
manter-vos na ignorância em que eles próprios se encontram. Esse o desejo
deles.”
c)
Parece resultar desse princípio que a alma, depois de haver deixado um corpo,
toma outro, ou, então, que reencarna em novo corpo. É assim que se deve
entender?
“Evidentemente.”
Comentário
É
a Doutrina da reencarnação que Allan Kardec, mesmo proveniente de família
católica, rapidamente assimilou, por nela ver a única que explica as
desigualdades sociais, físicas e intelectuais entre cada ser humano.
167. Qual o fim objetivado com a reencarnação?
“Expiação,
melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”
A
reencarnação tem por fim tornar o Espírito perfeito. Como somos imortais, cabe
a cada um de nós esforçar-se em evoluir mais rapidamente, a fim de alcançar
essa perfeição.
168. É limitado o número das existências corporais, ou o Espírito reencarna perpetuamente?
“A
cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso.
Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das
provas da vida corporal.”
Como
foi dito anteriormente, a finalidade da reencarnação é a purificação do
Espírito, quando não mais terá necessidade de reencarnar.
169. É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?
“Não;
aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as encarnações
sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase infinito.”
Comentário
Para
atingir a pureza, que requer amor e sabedoria, são necessárias inumeráveis
encarnações.
170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?
“Espírito
bem-aventurado; puro Espírito.”
Comentário
A
pureza do Espírito é, portanto a meta de cada um de nós.
171. Em que se funda o dogma da reencarnação?
Comentários
Todos
os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de
alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua Justiça,
porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou
concluir numa primeira prova.
Não
obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para
sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio em que foram
colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento.
Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma
única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria
imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.
A
doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito
muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos
da Justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior;
a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos
oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão
no-la indica e os Espíritos a ensinam.
O
homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na
doutrina da reencarnação. Se crê na Justiça de Deus, não pode contar que venha
a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele.
Sustém-no, porém, e lhe reanima a coragem a ideia de que aquela inferioridade
não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado
lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver
tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito?
Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em
nova existência.
“Não;
vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem
as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.”
Comentário
Assim
como existe a pluralidade das existências na Terra, também há inumerável
quantidade de mundos no Universo. Desse modo, podemos ter vivido em outro mundo,
que pode ter sido pior do que este ou melhor, dependendo do grau de evolução de
cada Espírito. Os que vieram de mundo melhor, em geral reencarnam na Terra em
missão, mas pode ocorrer que também isso ocorra como expiação.
173. A cada nova existência corporal a alma passa de um mundo para outro, ou pode ter muitas no mesmo globo?
“Pode
viver muitas vezes no mesmo globo, se não se adiantou bastante para passar a um
mundo superior.”
a)
Podemos então reaparecer muitas vezes na Terra?
“Certamente.”
b)
Podemos voltar a este, depois de termos vivido em outros mundos?
“Sem
dúvida. É possível que já tenhais vivido algures e na Terra.”
Conforme
dissemos acima, podemos encarnar em diversos mundos, mas em geral o Espírito vive
muitas encarnações num mesmo mundo.
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