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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos (Jorge e Lourdes)



132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

— Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para  outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da Criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Comentários

Não há privilégio na Lei de Deus de justiça e de amor. Espíritos em expiação são os que utilizam mal  seu livre-arbítrio. Quanto mais nos submetemos com amor às leis divinas, mais depressa nos livramos dos sofrimentos. Ao alcançarmos o estado de pureza, tornamos cocriadores das obras divinas, o que ocorre nos mundos sublimados.

A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. Deste modo, por  uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

133. Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem?

— Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.

a) Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal?

— Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são muitas vezes a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos.

Comentários

Como foi dito na questão anterior, não há privilégios nas leis de Deus. Somos criados “simples e  ignorantes”, mas a evolução de nossos espíritos cabe aos nossos esforços. Quanto mais cedo nos livrarmos das paixões humanas, como a inveja, o ciúme, a avareza e ambição de riquezas e poder, mais rápida será nossa ascensão aos planos mais altos da evolução espiritual.

134. Que é a alma?

— Um Espírito encarnado.

a) Que era a alma antes de se unir ao corpo?

— Espírito.

b) As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa?

— Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres  inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.

 Comentário

Somos espíritos no corpo carnal, quando somos informados de que aqui estamos na condição de almas num corpo que, depois de morto, voltamos a ser espíritos e, como veremos nas questões anteriores, continuamos nos manifestando pelo corpo espiritual, que Kardec denomina como perispírito.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos



130. Sendo errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e superiores a todas as outras criaturas, como se explica que essa crença esteja na tradição de quase todos os povos?

— Fica sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda a eternidade e que, muito tempo antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram os homens que eles eram assim desde todos os tempos.

Comentário

Espíritos mais adiantados do que os que foram criados depois, por terem aproveitado a oportunidade de evoluir, tornaram-se perfeitos em relação àqueles e, em consequência do desconhecimento disso, os seres humanos da época os consideravam anjos ou mesmo deuses.

131. Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?

— Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome.

Comentários

Como já vimos antes, Deus criou todos os espíritos partindo igualmente da simplicidade e da  ignorância, cujo livre-arbítrio se desenvolve com o tempo. Os chamados demônios são aqueles espíritos que, fazendo uso do seu livre-arbítrio, optaram pelo mal. 

A palavra demônio não implica a ideia de Espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego daïmon, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplicava aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente.

Por demônios, segundo a acepção vulgar da palavra, se entendem seres essencialmente malfazejos. Como todas as coisas, eles teriam sido criados por Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres prepostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se  não fossem obra de Deus, existiriam, como Ele, desde toda a eternidade, ou então haveria muitas potências soberanas.

A primeira condição de toda doutrina é ser lógica. Ora, a dos demônios, no sentido absoluto, falta esta base essencial. Concebe-se que povos atrasados, os quais, por desconhecerem os atributos de Deus, admitem em suas crenças divindades maléficas, também admitam demônios; mas é ilógico e contraditório que quem faz da bondade um dos atributos essenciais de Deus suponha haver Ele criado seres destinados ao mal e a praticá-lo perpetuamente, porque isso equivale a lhe negar a bondade. Os partidarios dos demônios se apoiam nas palavras do Cristo. Não seremos nós quem conteste a autoridade de seus ensinos, que desejaramos ver mais no coração do que na boca dos homens; porém estarão aqueles partidários certos do sentido que Ele dava a esse vocábulo? Não é sabido que a forma alegorica constitui um dos caracteres distintivos da sua linguagem? Dever-se-á tomar ao pé da letra tudo o que o Evangelho contém? Não precisamos de outra prova além da que nos fornece esta passagem:

Logo após esses dias de aflição, o Sol escurecerá e a Lua não mais dará sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências do ceu se abalarão. Em verdade vos digo que esta geração não passará, sem que todas estas coisas se tenham cumprido (Mateus, 24:29 e 34).

Não temos visto a Ciência contraditar a forma do texto bíblico, no tocante a Criação e ao movimento da Terra? Não se dará o mesmo com algumas figuras de que se serviu o Cristo, que tinha de falar de acordo com os tempos e os lugares? Não e possivel que Ele haja dito conscientemente uma falsidade. Assim, pois, se nas suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, e que não as compreendemos bem, ou as interpretamos mal.

Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos. Como acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. Por demônios se devem entender os Espíritos impuros, que muitas vezes não valem mais do que as entidades designadas por esse nome, mas com a

diferença de ser transitório o estado deles. São Espíritos imperfeitos, que se rebelam contra as provas que lhes tocam e que, por isso, as sofrem mais longamente, porém, que, a seu turno, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem. Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal.

Satanás é evidentemente a personificação do mal sob forma alegórica, visto não se poder admitir que exista um ser mau a lutar, como de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação consistisse em lhe contrariar os designios. Como precisa de figuras e imagens que lhe impressionem a imaginação, o homem pintou os seres incorpóreos sob uma forma material, com atributos que lembram as qualidades ou os defeitos humanos. E assim que os antigos, querendo personificar o tempo, o pintaram com a figura de um velho munido de uma foice e uma ampulheta. Representá-lo pela figura de um mancebo fora contrassenso. O mesmo se verifica com as alegorias da fortuna, da verdade etc. Os modernos representaram os anjos, os puros Espíritos, por uma figura radiosa, de asas brancas, emblema da pureza; e Satanás com chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões vis. O vulgo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses emblemas individualidades reais, como vira outrora Saturno na alegoria do tempo.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos


123 — Por que Deus permitiu que os Espíritos pudessem seguir o caminho do mal?

— Como ousais pedir a Deus contas de seus atos? Pensais poder penetrar os seus desígnios? No entanto, podeis dizer isto:  a sabedoria de Deus está na liberdade de escolher que Ele deixa a cada um, pois  cada um tem o mérito de suas obras.

Comentário

É no livre-arbítrio que nos concedeu que Deus demonstra sua suprema sabedoria. Se criasse todos com discernimento suficiente, desde o seu princípio como espírito, para só tomar o caminho do bem, onde estaria o mérito de todos os seus filhos. O livre-arbítrio, porém, desenvolve-se paulatinamente. No início de nossa evolução, somos como crianças a quem a tutela dos pais ou responsáveis nunca deixa de atuar, mostrando-lhes que suas atitudes têm consequências boas ou más. Com o tempo, adquirimos maturidade suficiente para fazermos nossas escolhas, mas sabendo de antemão que consequências elas terão cedo ou tarde.

124 — Uma vez  que há Espíritos que, desde o princípio, seguem o caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, haverá, talvez, gradações entre esses dois extremos?

— Sim, certamente, e constituem a maioria.

Comentário

A maioria dos espíritos ainda é a dos que ora optam pelo bem, ora pelo mal. Com o discernimento sobre as consequências dessa ou daquela escolha é que o espírito pode evoluir mais ou menos rapidamente. Quanto mais apegado à matéria e seus aparentes benefícios, sempre ligados à temporalidade da vida física na Terra, mais tempo levará o espírito para evoluir espiritualmente.

125 — Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros?

— Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.

Comentários

Todos chegaremos à perfeição, mas quem mais trabalha no bem do próximo, mais faz em benefício próprio. Por isso recomenda-nos o Espírito da Verdade, no capítulo 6 d’O evangelho segundo o espiritismo para nos amar, mas também nos instruir.

Por estas palavras — as eternidades — deve-se entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade de seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver, ideia que se renova em todas as provas nas quais sucumbem.

Observação: Até aqui, a tradução é de Evandro Noleto Bezerra. A partir daqui, a tradução é de Guillon Ribeiro. Ambas as obras são excelentes, mas por questão de acesso mais fácil ao arquivo do saudoso presidente da FEB, optamos por utilizar a obra do Evandro nos vídeos e a do Guillon nestes textos comentados. Conforme dissemos, no início deste trabalho, os comentários sem destaque são nossos; os destacados em itálico são de Allan Kardec.

126. Chegados ao grau supremo da perfeição, os Espíritos que andaram pelo caminho do mal têm, aos olhos de Deus, menos mérito do que os outros?

— Deus olha de igual maneira para os que se transviaram e para os outros e a todos ama com o mesmo coração. Aqueles são chamados maus, porque sucumbiram. Antes, não eram mais que simples Espíritos.

Comentário

Isso faz-nos lembrar uma feliz imagem sobre as opções que temos de chegar a um lugar distante, a uma estância feliz. Uns optam por ir a pé, outros de bicicleta, outros de carro, trem, navio ou de avião. Os que vão pelo meio de transporte mais rápido, mais cedo chegarão a seu destino. Se procuramos sempre a via do bem, mais rapidamente chegaremos à perfeição, mas se tropeçamos na caminhada a pé, ou ainda que usando meio de transporte mais lento que o avião, mais tarde chegaremos ao destino final. A imagem pode não traduzir tudo o que se refere à escolha dos espíritos para chegar à perfeição, mas permite-nos ter uma ideia, ainda que apagada, do que podemos escolher para chegar ao termo feliz de nossa viagem. Todos chegarão lá, mas os que fizerem as melhores escolhas chegarão mais cedo e mais rapidamente desfrutarão dos benefícios da estância feliz.

 

127. Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais?

— São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm, preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso. Eles progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como em moralidade.

 Comentários

Partimos do mesmo princípio. Uns tendo sido criados antes, mas o que vai proporcionar a evolução é o bom uso do livre-arbítrio bem utilizado por cada espírito. A evolução tem que ocorrer tanto no sentido intelectual quanto no moral.

 

Os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos. Não têm, é certo, maus pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançar a perfeição. Podemos compará-los a crianças que, seja qual for a bondade de seus instintos naturais, necessitam de se desenvolver e esclarecer e que não passam, sem transição, da infância à madureza. Simplesmente, assim como há homens que são bons e outros que são maus desde a infância, também há Espíritos que são bons ou maus desde a origem, com a diferença capital de que a criança tem instintos já inteiramente formados, enquanto que o Espírito, ao formar-se, não é nem bom, nem mau; tem todas as tendências e toma uma ou outra direção, por efeito do seu livre-arbítrio.

 

128. Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?

— Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.

 Comentários

Os chamados anjos são espíritos puros, que foram criados, como todos os demais, simples e ignorantes, mas que percorreram mais ou menos rapidamente, ao longo dos milênios as escalas evolutivas, até se tornarem perfeitos em relação a nós.

 A palavra anjo desperta geralmente a idéia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que estão fora da Humanidade. Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas. Neste caso, o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção.

 129. Os anjos hão percorrido todos os graus da escala?

— Percorreram todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões, chegaram depressa; outros, gastaram mais ou menos tempo para chegar à perfeição.

 Comentário

É o que dissemos antes. Quanto mais opção pelo bem e esforço em aprender, mais rápida é a ascensão do espírito.

Essa resposta nos traz à memória o simbolismo da escada de Jacó, que em sonho viu uma escada que se conectava ao céu e nela os anjos subiam e desciam (Gênesis, 28:10- 17). É também essa escada o símbolo de comunicação entre o Céu e a Terra. Ela nos dá também a ideia da condição dos espíritos puros que são os representantes de Deus entre nós.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



122a — De onde vêm as influências que se exercem sobre ele?

— Dos espíritos imperfeitos que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que se sentem felizes por fazê-lo sucumbir. Foi o que se quis simbolizar com a figura de satanás.

 122b — Tal influência só se exerce sobre o Espírito em sua origem?

— Ela o segue na vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os espíritos maus desistam de obsidiá-lo.

Comentários

Consciente de si mesmo, o Espírito adquire total responsabilidade sobre suas escolhas. Não é o determinismo das situações que decide o que o Espírito faz delas e sim, sua vontade e liberdade de escolha. Se cede às influências externas, cabe ao Espírito responder pelas consequências boas ou más de sua escolha. Todos estamos sujeitos às influências do pecado, mas feliz de quem resiste até o fim a essas influências e opta pelo bem.

Como todos os espíritos são criados simples e ignorantes e seu livre-arbítrio se desenvolve aos poucos, aqueles que se deixam influenciar pelos maus, que os antecederam atrasam sua evolução. Essa influência torna-se cada vez menos intensa quanto mais se adianta em conhecimento e moralidade o Espírito, até que seu domínio sobre a vontade e desejo do bem neutralize e mesmo afaste os maus espíritos de obsidiá-lo.

 


terça-feira, 1 de julho de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



120 — Todos os espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem?

— Não pela fieira do mal, mas pela da ignorância.

 Comentário

Criados simples e ignorantes, é natural que os espíritos, no início de suas primeiras existências, passe pela fieira da ignorância e, com o tempo, comece a distinguir o mal do bem, principalmente pelas consequências más ou boas de um e de outro.

 

121 — Por que é que alguns espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?

— Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não criou espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, com igual aptidão para o bem e para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.

Comentário

A partir do momento que o Espírito adquire o livre-arbítrio ele já não tem justificativa para a tomada de decisão equivocada, no que se refere ao bem e ao mal. A aptidão é igual, mas sempre prevalece a vontade do espírito. E a responsabilidade também sobre os resultados de sua decisão.

 

122 — Como podem os espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, ter a liberdade de escolher entre o bem e o mal? Há neles um princípio, uma tendência qualquer que os leve mais para um caminho do que para outro?

— O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, mas fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. Esta é a grande figura da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.

 Comentário

Consciente de si mesmo, o Espírito adquire total responsabilidade sobre suas escolhas. Não é o determinismo das situações que decide o que o Espírito faz delas e sim, sua vontade e liberdade de escolha. Se cede às influências externas, cabe ao Espírito responder pelas consequências boas ou más de sua escolha. Todos estamos sujeitos às influências do pecado, mas feliz de quem resiste até o fim a essas influências e opta pelo bem.


sábado, 28 de junho de 2025

 

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



118 — Os espíritos podem degenerar?

— Não; à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição. Quando o Espírito termina uma prova, fica com o conhecimento que adquiriu e não o esquece mais. Pode permanecer estacionário, mas não retrograda.

Comentário

Nenhum Espírito regride em evolução. Pode acontecer de ele permanecer praticando o mal, caso em que não significa degenerar, mas continuar no nível evolutivo em que está pelo tempo em que ele não desejar melhorar-se. Nesse sentido, os bons espíritos respeitam o livre arbítrio dos maus até que estes se cansem do sofrimento causado a si próprios por não mudarem sua conduta para melhor. Ficar no mesmo lugar, entretanto, embora não seja degeneração, é atrasar-se no objetivo para o qual Deus nos criou: a perfeição, pela prática do bem.

 

119 — Deus não poderia isentar os espíritos das provas que devem sofrer para chegarem à primeira ordem?

— Se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam mérito para desfrutar das benesses dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a luta? Ademais, a desigualdade que existe entre eles é necessária às suas personalidades; e, depois, as missões que eles cumprem nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo.

Comentários

Considerando-se que na vida social todos os homens podem chegar às mais altas funções, seria o caso de perguntar-se por que o soberano de um país não faz de cada soldado um general; por que todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não são mestres. Ora, entre a vida social e a espiritual há esta diferença: a primeira é limitada e nem sempre permite que se suba os degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao grau supremo.

As comparações feitas por Allan Kardec dão-nos uma ideia clara sobre a questão do mérito individual para que alcancemos a condição de pureza. É preciso que passemos pelos desafios da matéria, para que nos tornemos cada vez melhores. Sem superar as provas, qual seria o mérito do Espírito? Nenhum. São várias escalas a serem  percorridas, como já nos foi mostrado pelo esquema que os espíritos intuíram a Kardec. E essas escalas compõem três ordens principais: a dos espíritos imperfeitos; a dos bons espíritos e a dos espíritos puros. Do esforço que fizermos em cada existência física no sentido do conhecimento e do amor é que, gradativamente, galgamos, dentro de cada ordem, as escalas mais altas, até alcançarmos a última ordem, de escala única, por ser a dos espíritos puros.


quinta-feira, 26 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos...



117 — Depende dos Espíritos apressarem seu progresso rumo à perfeição?

— Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido, conforme seu desejo e submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais deperessa do que uma criança rebelde?

Comentário

A comparação é semelhante à do aluno preguiçoso, que permanece nas primeiras fases do estudo em comparação com o esforçado, que não atrasa seus conhecimentos escolares. Quanto mais nos esforçamos em ser melhores, tanto moral quanto intelectualmente, mais rapidamente chegaremos à perfeição. Deus não tem pressa. Cabe a nós apressar ou não nosso progresso no rumo da perfeição.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos (Jorge e Lourdes)

 


116 — Há espíritos que permanecerão para sempre nas ordens inferiores?

— Não; todos se tornarão perfeitos. Eles mudam de ordem, mas isso demora, porque, como já dissemos de outra vez, um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente seus filhos. Pretenderíeis que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?

 

Comentário

Como disse Jesus: “Meu Pai espera que não se perca nenhuma das ovelhas que me foram confiadas. (João, 6:39). Fomos criados “simples e ignorantes”, mas à medida que exercitamos o nosso livre-arbítrio no bem, crescemos espiritualmente. Os que se acomodam no mal sofrerão as consequências disso e, pelo sofrimento advindo de suas escolhas equivocadas, retomarão o caminho do bem. Podemos, pois, estacionar espiritualmente, mas todos deveremos, mais cedo ou tarde, crescer em amor e sabedoria.

 


terça-feira, 24 de junho de 2025

                                Estudo d'O Livro dos Espíritos 



112 — Nesta questão são tratadas as características gerais dos espíritos puros. Informa Allan Kardec que nesses espíritos a matéria já não exerce qualquer influência. Eles possuem superioridade moral e intelectual absoluta em relação aos espíritos das outras ordens.

 

113 — A primeira e única classe desses espíritos é a dos que percorreram todos os graus da escala e já não possuem impurezas. Portanto, não mais necessitam sofrer provas e expiações. Eles não mais estão sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis como os nossos e “realizam a vida eterna no seio de Deus”.

Continua Kardec dizendo que tais espíritos gozam de felicidade permanente e não estão sujeitos às vicissitudes da vida material, mas essa felicidade não é a da contemplação eterna ociosa e monótona. São eles os mensageiros, ministros de Deus, que comandam todos os espíritos que lhes são inferiores. “Assistir os homens nas suas aflições, estimulá-los ao bem” é-lhes ocupação agradabilíssima. São esses espíritos que a Igreja denomina de anjos, arcanjos ou serafins.

“Os homens podem comunicar-se com eles, mas bem presunçoso seria quem pretendesse tê-los constantemente às suas ordens”.

 

114 — Os espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?

— São os próprios espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma ordem superior.

 Comentário

É a lei do mérito que dá “a cada um segundo suas obras”, como já dissera Jesus (Mateus, 16:27). Quanto maior o bem praticado, mais rapidamente evoluímos. Aos que se comprazem no mal ou na ociosidade, mais demorada é sua evolução.

 

115 — Entre os espíritos, alguns foram criados bons e outros maus?

— Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu uma missão, com o fim de esclarecê-los e de fazê-los chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Para eles, a felicidade eterna e sem mescla consiste nessa perfeição. Os espíritos adquirem esses conhecimentos, passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam esas provas com submissão e chegam mais depresssa à meta que lhes foi destinada. Outros só a suportam murmurnado e, assim, por culpa sua, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

 

115a — De acordo com isso, os espíritos se assemelhariam, na sua origem, a crianças ignorantes e sem experiência, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos que lhes faltam ao percorrerem as diferentes fases da vida?

— Sim, a comparação é justa; a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita; seu maior ou menor aproveitamento vai depender da sua docilidade. Mas a vida do homem tem um termo, ao passo que a dos espíritos se estende ao infinito.

 

Comentário

Como vimos, na questão 115 e seu complemento 115a, todos fomos criados semples e ignorantes. A partir do cumprimento das missões que nos são confiadas por Deus com sucesso, vamos evoluindo em perfeição tanto mais rápido quanto menos rebeldes e teimosos formos. Então Kardec compara nosso adiantamento com a da criança dócil, que cresce em sabedoria e bondade por seu acatamento às boas orientações que a família lhe dá. Apenas ocorre que nosso vida tem um prazo definido no corpo físico, enquanto a do Espíritos se “estende ao infinito”.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos...



110 — Terceira classe — Espíritos de sabedoria — São os de qualidades morais mais elevada que os das classes anteriores, mas que ainda não possuem conhecimentos ilimitados, embora dotados de capacidade intelectual que lhes permite juízo reto sobre as pessoas e coisas.

111 – Segunda classe — Espíritos superiores — Esses associam à ciência, a sabedoria e a bondade. Linguagem benevolente e sempre digna, elevada e, por vezes, sublime. A superiorioridade de que são dotados os torna mais aptos que os outros a nos fornecerem mais justas ideias sobre a situação do mundo físico e do espiritual. “Comunicam-se de bom grado com os que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida dos laços terrenos para compreendê-la, mais se afastam dos que são movidos apenas pela curiosidade ou que são desviados do bem pela influência da matéria.” 

Encarnam excepcionalmente na Terra, em missão e oferecem-nos, quando entre nós, “o tipo de perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo”.

 

quarta-feira, 18 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes


108 — Quinta classe – Espíritos benévolos 

São espíritos cuja qualidade predominante é a bondade. Sentem prazer em auxiliar e proteger às pessoas. Entretanto, seus conhecimentos são limitados, pois progrediram mais no sentido moral do que no espiritual. 

109 — Quarta classe – Espíritos de ciência

A amplitude de seus conhecimentos é o que distingue esses espíritos. Não se ocupam muito com as questões morais, pois seu objetivo é ser úteis à Humanidade no campo científico. Já superaram as paixões próprias dos espíritos imperfeitos.

 


segunda-feira, 16 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes




106 — Sexta classe — Espíritos batedores e perturbadores — São aqueles espíritos que podem pertencer a qualquer das classes anteriores e que se manifestam pelos ruídos, deslocamentos materiais (principalmente na época de Allan Kardec) e outras atuações desagradáveis ou não. Diz Kardec que eles parecerem ser os principais agentes das tempestades, atuando sobre o ar, a água e o fogo, quando isso ocorre não costumeiramente, mas sob sua ação sobre os elementos da natureza. Foi a esses espíritos que Jesus repreendeu quando, sob tempestade, dormia no barco com seus apóstolos despertos e apavorados e ficaram surpresos por Ele ter ordenado aos responsáveis pelos fortes ventos e chuva intensa que se acalmassem (Mt, 8:23 a 27; Mc, 4:35- 41; Lc, 8:22-25). Os espíritos superiores utilizam-se deles, se julgarem útil as manifestações desses espíritos.

107 — 2ª Ordem – Características gerais

Esta é a classe dos bons espíritos. Nessa segunda ordem, temos quatro classes de espíritos bons. Kardec começa por descrevê-los em ordem decrescente, como fez anteriormente, da 5ª à segunda classe.

Como suas características gerais, podemos citar o predomínio do espírito sobre a matéria. O grau de adiantamento do Espírito está diretamente relacionado às suas qualidades morais e intelectuais para fazerem o bem. Os mais adiantados equilibram amor e conhecimento. “Compreendem Deus e o infinito e são muito felizes. A união entre eles é sempre motivo de muita felicidade. Ficam contentes pelo bem praticado e o mal que podem impedir. São esstes bons espíritos que nos inspiram os pensamentos bons.

sábado, 14 de junho de 2025

 

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



102 — Estão na décima classe os espíritos impuros. Têm inclinação para o mal, com o qual estão sempre ligados. Incentivam a discórdia e a desconfiança, como espíritos. Têm prazer em dar maus conselhos e se apegam às pessoas fracas de caráter, que cedem às suas sugestões. Sua linguagem é grosseira e são inferiores moral e intelectualmente. Se tentam enganar, fazendo-se de sensatos, logo se contradizem. São conhecidos como “espíritos do mal”. Quando encarnados, são inclinados a todos os vícios e paixões degradantes. Fazem o mal por prazer. Atacam as pessoas honestas. “São flagelos para a Humanidade”.

 

103 — Nona classe — Espíritos levianos. “São ignorantes, maliciosos, inconsequentes e zombeteiros. Intrometem-se em tudo e a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade”. Têm prazer em causar pequenos desgostos, em aborrecer e mistificar, tentando enganar... Sua linguagem é espirituosa e divertida, além de, quase sempre, não ter profundidade. “Se tomam nomes supostos, é mais por malícia do que por maldade. São conhecidos como diabretes, duendes etc.

 

104 — Oitava classe — Espíritos pseudossábios. São os de conhecimento razoável, mas acreditam que sabem mais do que realmente conhecem. Ainda guardam preconceitos terrenos. Misturam verdades com os erros em que prevalecem a “presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que não se puderam livrar. Podemos idendificar essas características em espíritos encarnados que, por possuírem grande conhecimento em determinada área, adotam posições ideológicas nem sempre razoáveis e discordam de quem possui ideias diferentes das suas, muitas vezes sem ter os conhecimentos que outrem possui.

 

105 — Sétima classe – Espíritos neutros. Tanto têm inclinação para o mal como também para o bem, mas “não se elevam acima da condição vulgar da Humanidade, seja no aspecto moral, seja no intelectual. Ficam apegados às coisas deste mundo, sentindo saudades das suas alegrias grosseiras. Encarnados, são almas que ainda não desejam esforçar-se em melhorar, seja no aspecto moral, seja no intelectual, mas invejam os que possuem o que eles não têm. Encarnados, gostam da boa vida, de farras e de viver como diz a letra de música conhecida: “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”. Um dia, arrepender-se-ão do tempo desperdiçado, mas enquanto isso não ocorre vão se divertindo em explorar a boa fé e os recursos de quem se relaciona com eles.


terça-feira, 10 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



98 — Os espíritos da segunda ordem têm apenas o desejo do bem ou terão também o poder de praticá-lo?

— Eles têm esse poder conforme o seu grau de perfeição; uns possuem a ciência, outros, a sabedoria e a bondade, mas todos ainda têm que sofrer provas.

 

Comentário

Como diz o Espírito Vítor Hugo, em obra psicografada por Divaldo Franco, a ascensão espiritual é árdua. O título da obra é exatamente Árdua Ascensão. São precisos milênios de esforços, para que alcancemos a condição de espíritos superiores. Ainda assim, todos esses espíritos ainda necessitam “sofrer provas” que, entretanto, quanto mais evoluído é o Espírito, mais este se empenha em testemunhar, pelo amor e trabalho em benefício do próximo, seu conhecimento, humildade, perdão, compaixão e altruísmo. Somente assim, alcançaremos a felicidade plena dos espíritos puros um dia.

 

99 — Os espíritos da terceira ordem são todos essencialmente maus?

— Não; uns não fazem nem o bem nem o mal; outros, ao contrário, se regozijam no mnal e ficam satisfeitos quando encontram ocasição de praticá-lo. Há também os espíritos levianos ou estouvados, mais astuciosos do que maus, que se comprazem antes na malícia do que na malvadez, encontrando prazer em mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem.

Comentário

Tais espíritos, quando encarnados, trazem consigo essas imperfeições, que são alimentadas pelos espíritos da terceira ordem. Percebe-se, pela resposta obtida por Kardec, que há alguns espíritos muito maus, mas há também aqueles levianos, que gostam de divertir-se às custas das contrariedades que causam, levando-nos, pelos pensamentos negativos que os atraem, a praticar algumas faltas, que vão das inconsequentes às mais graves, como a difamação, a traição, o furto, o roubo e o assassinato, quando a influência espiritual, nos últimos casos, é de espíritos que têm prazer em praticar o mal, enquanto não sofrem as consequências disso.

100 — Informa Allan Kardec, nesta questão sobre a “Escala espírita”, que a classificação dos espíritos se baseia no seu grau de adiantamento, nas suas qualidades adquiridas e em suas imperfeições, mas essa classificação não é absoluta. A transição de um grau para outro é quase imperceptível.

Kardec alerta-nos de que não é por ser Espírito que este tudo sabe. Também há muitos ignorantes no mundo espiritual. Os Espíritos da terceira ordem são os que se inclinam ainda para o mal. Os espíritos da segunda ordem são os que têm o desejo do bem; são espíritos bons. Os da primeira, são os espíritos puros.

101 — Na terceira ordem estão os espíritos imperfeitos. Kardec os classifica em cinco classes, da décima à sexta classe. Como características gerais, há o predomínio da matéria sobre o espírito e inclinação ao mal.  Paixões relacionadas ao egoísmo, orgulho e ignorância estão presentes nesses espíritos. Ainda não compreendem Deus, mesmo que tenham sua intuição. Nem todos são “maus”, na essência, pois “em alguns, há mais leviandade do que maldade”. Há os que não fazem o bem nem o mal, mas só por não fazerem o bem já demonstram sua inferioridade, diz o Codificador. Outros gostam de fazer o mal. Aliam a inteligência à maldade.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



Questão 94 — De onde tira o Espírito seu envoltório semimaterial?

— Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.

Comentário

Pelo exposto acima, percebemos que os espíritos encarnados na Terra ainda possuem um perispírito bastante grosseiro em relação aos espíritos encarnados noutros mundos mais felizes, como Júpiter, por exemplo, que foi afirmado a Allan Kardec ser a morada de almas muito mais elevadas do que as nossas. Imaginemos o sacrifício de Jesus, Espírito puro, para encarnar entre nós. Precisou aguardar milênios, antes de tomar um corpo espiritual grosseiro, como o nosso, e encarnar na Terra. Enquanto isso, era anunciado por profetas,como Moisés, Isaías e outros, ao longo dos séculos, até que pudesse nascer de Nossa Senhora, Maria Santíssima e também de grande pureza, que vela por nós das altas esferas espirituais. Em especial, Maria socorre, por meio de sua equipe,  os suicidas, como podemos ler na obra Memórias de um suicida, psicografado por Yvonne do Amaral Pereira e ditado pelo grande romancista português Camilo Castelo Branco, que se suicidou após ter sido atacado pela cegueira.

Questão 94a — Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?

— É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.

Comentário

Já foi dito que nosso corpo espiritual, o perispírito, ainda é feito de uma espécie de tecido semimaterial, mas tão etéreo que não o podemos ver com os olhos físicos e nem mesmo com os instrumentos eletrônicos disponíveis ainda hoje, na Terra. Ainda assim, para espíritos mais elevados, nosso perispírito é bastante denso. Por isso, tais entidades necessitam adapar seu perispírito às condições do princípio universal que envolve a Terra, ao virem em missão aqui, provindos de mundos superiores.

Questão 95 — O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?

— Sim, tem a forma que o Espírito queira; é assim que ele vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível e mesmo palpável.

Comentário

Espíritos superiores têm o perispírito envolvido em intensa luz, como é o caso de Jesus, ao aparecer para Paulo de Tarso, a caminho de Damasco, quando este, ainda sob o nome de batismo Saulo, perseguia Ananias e os cristãos. Espíritos atrasados aparecem-nos em sonho ou visões, muitas vezes assumindo forma grotesca, e mesmo animalizada do perispírito, para nos assustar.

96 — Os espíritos são iguais ou existe entre eles uma hierarquia qualquer?

— São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição a que chegaram.

 Comentário

Mais adiante, estudaremos essas ordens, mas os espíritos puros estão no topo delas, que é a primeira ordem segundo o esquema adotado por Kardec sob a orientação dos espíritos enviados por Jesus para ditar-lhe as obras do chamado pentateuco kardequiano, composto de cinco obras consideradas básicas: a primeira é esta, O Livro dos Espíritos, em seguida vem O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, e A Gênese.

97 — Há um número determinado de ordem ou de graus de perfeição entre os Espíritos?

— Seu número é ilimitado, porque não há entre essas ordens uma linha de demarcação traçada como barreira, de modo que se podem multiplicar ou restringir as divisões à vontade. No entanto, considerando-se as características gerais dos espíritos, pode-se reduzi-las a três ordens principais.

Na primeira ordem colocar-se-ão os que atingiram a perfeição: os espíritos puros. Na segunda ordem encontram-se os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é a sua preocupação. Na terceira, os que ainda se acham na parte inferior da escala: os espíritos imperfeitos, que se caracterizam pela ignorância, pelo desejo do mal e por todas as paixões más que retardam o progresso.

Comentário

Essa sugestão dada a Kardec será desenvolvida no item 100, mas é importante observar o que os espíritos superiores dizem genericamente sobre as diferentes ordens. Mesmo na última, a terceira, embora a predominância da ignorância, já há grande diferença entre um Espírito e outro. Mais adiante, veremos com detalhes essas nuances evolutivas e o quanto ainda precisamos nos esforçar, não para alcançar a primeira ordem, mas para sermos promovidos à segunda, onde já estão espíritos muito mais adiantados espiritualmente do que nós.

domingo, 1 de junho de 2025

 Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



Questão 91 — A matéria oferece obstáculo aos Espíritos?

— Não; eles penetram tudo: o ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente acessíveis.

Comentário

O Espírito é incorpóreo, liga-se à matéria pelo perispírito que não se sujeita à influência material, embora ainda sinta as impressões do corpo físico, quando não totalmente liberto deste, como é o caso de suicidas. Fora disso, nada lhe oferece obstáculo, como foi informado na resposta acima.

 

Questão 92 — Os Espíritos têm o dom da ubiquidade? Em outras palavras, o mesmo Espírito pode dividir-se ou existir em vários pontos ao mesmo tempo?

— Não pode haver divisão de um mesmo Espírito, mas cada um é um centro que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos lugares ao mesmo empo. Vês o Sol? É somente um; no entanto, irradia-se em todas as direções e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.

Questão 92a — Todos os Espíritos irradiam com a mesma força?

Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.

 

Comentários

Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode expandir seu pensamento em diversas direções, sem por isso se dividir. Apenas nesse sentido é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos Espíritos, tal como uma centelha que projeta longe a sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte; tal, ainda, um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, pode transmitir ordens, sinais e movimento a diferentes pontos.

Hoje, após o surgimento da internet, fica claro para nós o que ocorre com a manifestação dos Espíritos superiores. A pessoa está num determinado ponto do globo e pode ser vista em todos os pontos em que haja quem esteja sintonizado com ela. Apenas difere isso da manifestação dos espíritos superiores o fato destes irradiarem sua luz para onde desejarem e se manterem conscientes do que ocorre à distância de onde estão, ainda que não sejam percebidos e até mesmo desejados. A ideia do Sol irradiando-se ao longe foi o que, em sua época, os espíritos puderam citar como exemplo, mas já nas obras psicografadas por Chico Xavier e ditadas pelo Espírito André Luiz percebemos que essa condição é tanto maior quanto maior é a elevação do Espírito. Os espíritos de condição inferior só vão aonde lhes é permitido, embora possam ser atraídos pelos nossos pensamentos negativos.


Questão 93 — O Espírito propriamente dito tem alguma cobertura ou, como pretendem alguns, está envolvido numa substância qualquer?

— O Espírito está envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.

Comentários

Assim como o gérmen de um fruto é envolvido pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido por um envoltório que, por comparação, se pode chamar perispírito.

O perispírio é o corpo espiritual do Espírito, como o apóstolo Paulo já intuíra, quando ele diz: “Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos com Jorge e Lourdes



Questão 90 — O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessou aou é subtamente transportado ao lugar aonde quer ir?

— Ambas as coisas. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, dar-se conta da distância que percorre, mas essa lembrança pode desaparecer completamente; isso depende da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada.

 Comentário

Lemos sobre essa possibilidade de deslocamento do Espírito nas obras psicografadas por Chico Xavier, iniciadas pelo livro Nosso Lar, cujo autor espiritual é o Espírito André Luiz. Os Espíritos menos depurados podem, sob orientação dos seus mentores espirituais, que também existem nas regiões mais próximas da Terra, visitar seus familiares. Mas, por vezes, seu deslocamento ocorre em viaturas semelhantes às que atualmente já existem no mundo físico. Quanto aos Espíritos mais depurados, estes vão a qualquer lugar com a rapidez do pensamento e tendo plena noção do espaço percorrido, se quiserem.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Estudo d'O Livro dos Espíritos, com Jorge e Lourdes 



Questão 89 — Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o Espaço?

— Sim, mas com a rapidez do pensamento.

 

Questão 89a — O pensamento não é a própria alma que se transporta?

— Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois é a alma quem pensa. O pensamento é um atributo.

 

Comentário

Quando pensamos em algum lugar distante de nós, nossa alma transporta-se para lá. É o que explica a identificação de médiuns de pessoas presentes em certo local, quando elas estão distantes dali. Isso aconteceu com Santo Antônio de Pádua, que, estando pregando  em Pádua, na Itália, salvou seu pai de ser condenado pelo assassinato de um vizinho, enterrado no quintal da casa do pai de Antônio em Lisboa, conforme narra Almerindo Martins de Castro na obra Antônio de Pádua, livro publicado pela Federação Espírita Brasileira em 2013.

Estudo d'O Livro dos Espíritos (Jorge e Lourdes) 132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? — Deus lhes impõe a encarnação com ...