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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013



Em dia com o Machado 35 (jlo)

            Zé Orozino foi correr no parque daquela cidade onde os políticos fazem de tudo um pouco, até política. E, meu caro leitor, sabe o que ele percebeu, após ter dado uma corridinha de 6 km e ter sentido uma baita dor de barriga?
            É o que lhe vou contar nesta crônica.
            Orozino havia tomado um gatorade e comido uma banana, como sempre o fazia, antes de sua corridinha de 10 km.
            Naquele dia, porém, a corrida encurtara, não somente em virtude da indisposição intestinal sentida por ele, nos primeiros quilômetros da ida, como também em função da chegada de seu irmão e família, da Cidade maravilhosa. Falara, então, com seu botão, ou melhor, com o zíper do calção:
            — Meu delgado está reclamando e meu irmão está chegando, então, é melhor correr só 6 km e depois da corrida tentar ver se dou sorte e consigo um banheiro desocupado no parque para desopilar o grosso.
Correu pesado, voltou mais pesado ainda, com as pernas um tanto duras e atirou-se ao banheiro do parque, situado ao lado do parque de diversões que, por sua vez, fica ao lado da pista de corrida.
Entrou no banheiro que, por incrível que pareça, estava vazio, tinha porta e trinco de fechar e abrir (há trincos que não abrem porque não fecham, como certos estabelecimentos portugueses, que, ao contrário, não fecham porque não abrem, mas isso é outra história).
            Outra surpresa foi que o vaso tinha tampa e branca como a neve, além de limpíssima. Outra ainda, havia um rolo gigante de papel em um grande suporte na parede e, por incrível que pareça, o vaso estava limpinho e nem mau cheiro havia no banheiro.
            Orozino sentou-se, aliviou-se, e, enquanto o fazia, observou que a porta, como não deixava de ocorrer, tinha dizeres diferentes dos de sua época de juventude. A mudança dos dizeres na porta de madeira o fez  falar de novo com seu zíper:
— No meu tempo, escreviam outras coisas. Ó tempos! Como o tempo muda. Enfim... Eu escreveria algo como “Entrei pesado, saí leve.” Outros, porém, falam ou escrevem o que lhes vai no coração. E o pior é que até o número do celular escrevem.
— Com certeza não é o deles e sim de um amigo que desejam sacanear - disse o desopilado.
            Mas foi só. Nada mais havia que depusesse contra a latrina.
            Deu descarga e, em frente à porta, havia uma pia, com a torneira em perfeito estado de conservação, pelo que pôde lavar as mãos. Até sabão havia ali, daquele líquido... Então, Zé recomeçou a matutar:
            — É, as copas estão aí. Primeiro a das confederações, depois a do mundo. Terminado tudo, será que teremos todo esse respeito para com o cidadão brasileiro?
            Outro detalhe, a cada dois quilômetros da extensão do parque, de 10 km, há um banheiro como esse e, à frente dele, um guarda de segurança.             
— Quem sabe - disse o zíper - se você fizer uma sugestãozinha ela não será acatada? A multa fica para o guarda, para ele não brigar contigo.
— E o que você sugere?
— A sugestão é a seguinte: colocar, também, um vigilante sanitário à frente de cada banheiro para, toda vez que um cidadão usar o quartinho, conferir a porta pelo lado de dentro. Havendo algo escrito, o engraçadinho terá que apagá-lo e terá uma multa a pagá-la.
— Só tem um problema, o cheiro...
— Mas isso também se resolve: é só contratar alguém que tenha perdido o sentido do olfato... 
— Um político corrupto, por exemplo...
             - Boa-madrugada.

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