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sábado, 8 de junho de 2013

Em dia com o Machado 53 (jlo)

            Boa-noite, amigo leitor! Olá, amiga leitora!
            Vamos hoje tratar de um assunto muito sério: a finalidade da vida. Para tal, faremos algumas considerações sobre a existência de Deus e a imortalidade da alma.
            Remontemos à alma. Como surge? Quando? Onde? Por quê? Para quê?
            Dizia Lavoisier (1743 – 1794), o pai da química, que na “natureza nada se cria, nada se perde, tudo de transforma”. Esse sábio teve o auxílio de sua esposa, Marie-Anne Pierrette Paulze, poliglota e ilustradora, que traduziu obras inglesas e latinas para o francês, com o objetivo de auxiliar o marido em seus estudos. Filósofo e gênio francês, Lavoisier teve a infelicidade de viver na época da Revolução Francesa e foi guilhotinado pelos burgueses revoltosos em 1794, quando ainda estava com 50 anos de idade.
            Não pude deixar de citar Marie-Anne, esposa exemplar, por sua conduta proativa junto a Lavoisier, porque ela me recorda minha inesquecível Carolina, sem a ajuda da qual minha obra deixaria muito a desejar. Também poliglota, quantas vezes minha meiga e atenciosa Carola esteve ao meu lado, subsidiando meus trabalhos, revisando, ou mesmo escrevendo meus textos; em especial quando fui acometido de sérios problemas visuais. E sua escrita ocorreu justamente quando elaboramos a memorável obra Memórias póstumas de Brás Cubas, romance que me consagraria definitivamente. Agora faço justiça ao discretíssimo anjo de minha vida, à Carolina, a quem encontrei em plano espiritual superior ao meu, após nossa despedida da Terra.
            No século seguinte ao de Lavoisier, que também foi o nosso, Charles Darwin (1809- 1882), naturalista britânico, apresentaria ao mundo sua teoria da seleção natural e sexual. Essa teoria viria a tornar-se o paradigma central dos diferentes fenômenos biológicos.
            Nesse mesmo século, por meio das vozes dos espíritos, surge a revelação de que, no universo, existem três elementos gerais: Deus, espírito e matéria (questão 27 de O livro dos espíritos — LE). Dizem os espíritos superiores que, “ao elemento material é preciso juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita”.  O fluido universal nada mais é do que a energia em estado quintessenciado.
            Surge mais um século e, em 1905, Einstein demonstra que a energia, chamada fluido pelos espíritos, possui, como a matéria, a propriedade da inércia ou massa. Confirma, assim, a teoria lavoisiana de que “a matéria, ao nível das reações químicas, não desaparece, se transforma”.
            Algumas décadas depois, por intermédio de um espírito chamado André Luiz, recebemos diversos livros, psicografados por Chico Xavier, com narrações sobre a vida espiritual, que nos reafirmam a grande verdade comprovada cientificamente: “a matéria é luz coagulada”, ou: “a matéria é energia condensada”. Além disso, a psicologia confirma-nos que até o pensamento é matéria.
            Estaria assim confirmada a teoria materialista? Não, muito pelo contrário. O que foi confirmado é a teoria dos espíritos sobre a existência, no universo de uma “trindade universal” que não é a do pai, filho e espírito santo, da Igreja, mas a da presença, cósmica de um Espírito ordenador e regulador de tudo o que existe, ao qual podemos denominar Deus, grande Arquiteto, Ser supremo, suma Inteligência, etc., mas que a tudo rege, a tudo prevê e provê. Ele como que ejeta de Si, incessantemente, pela ação de seu pensamento uma força que movimenta inteligentemente a substância do universo: o elemento espiritual, que pode sofrer os mais diversos tipos de transformação, sob o poder da Inteligência divina.
            É desse elemento espiritual que provém a inteligência universal, da qual se formam as individualidades dos espíritos.
            Deus é o Eu sou, citado nas escrituras sagradas, o Ser incriado, eterno, imutável, único, soberanamente justo e bom, a que os espíritos superiores denominam inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas (questão 1 do LE). Pois bem, o próprio Jesus Cristo, ao se dirigir à samaritana que tirava água do poço, esclareceu-lhe: “— Deus é Espírito [...]” (João, 4: 24).
            — Mas nós também não somos espírito, ó Machado?
            — Sim, meu amigo, pois o Cristo confirmou o salmista, em João, quando lembrou aos judeus de sua época: “— Está escrito, vós sois deuses [...]” (João, 10: 34). Somos, pois, deuses criados, espíritos, filhos do Espírito, Pai de tudo o que é formado e se transforma, vez que, viu bem Lavoisier, nada se perde na natureza.
            Podemos, ainda, entender a modificação eterna não somente dos seres, como propôs Darwin, mas também de tudo o que existe.  Segundo os espíritos superiores (questão 607-a do LE), tudo na natureza se encadeia e tende para a unidade. Do elemento inteligente universal (questões 606 e 606-a LE) surgem as almas dos animais e as dos homens, mas a inteligência destes passa por uma elaboração superior à dos animais.
            Antes de responder à pergunta sobre o surgimento da alma, recordo-lhe, leitor inteligente, que, assim como há um mundo material, há também um mundo espiritual, “que preexiste e sobrevive a tudo” (questão 85 do LE).
E o que é a alma? Nada mais que “um espírito encarnado” (questão 134 do LE).  Passemos ao surgimento da alma. Ao longo de milhões de anos, o espírito inteligente é elaborado em sua passagem pelos três reinos: mineral, vegetal e animal. E está confirmada a teoria da evolução das espécies de Darwin.
Esse naturalista equivocou-se apenas num detalhe: tudo provém de Deus e a Ele retorna, numa evolução infinita, pois após o reino mineral, sucedido pelo vegetal, que, por sua vez, evolui para o animal, surge o reino hominal e, por fim, o último degrau da evolução espiritual: o reino angelical, quando já se pode afirmar, como disse o Cristo: — Eu e o Pai somos um” (João, 10: 30).
            E o que fazem os anjos? Tocam trombetas eternamente, sentados à mão direita de Deus? Não, meu amigo, para esses espíritos puros, o trabalho é uma lei. Leia no evangelho o que disse Jesus: “— Meu Pai trabalha até hoje, e eu trabalho também” (João, 5: 17).
Esse trabalho não é, porém, sinônimo de exaustão em atividades monótonas, entediantes. É o poder de transformação com Deus - único que também cria -, de desfrute indefinível, na linguagem humana, das delícias das produções transformadoras muito acima da arte e da ciência medíocres dos homens da Terra.
Concluamos, pois, com o poeta-filósofo do Espiritismo, Léon Denis (In: O grande enigma. Rio de Janeiro: FEB, 2008, cap. 1.):

De igual maneira que em nós a unidade consciente, a alma, o eu, persiste no meio das modificações incessantes da matéria corporal, assim, no meio das transformações do universo e da incessante renovação de suas partes, subsiste o Ser que é a Alma, a Consciência, o Eu que o anima e lhe comunica o movimento e a vida.

Ou seja, o que se transforma, incessantemente, é a matéria, até atingir a condição de espírito inteligente, a partir do qual participa da vida de eterna aventura; até atingir, com Deus, a imortal ventura da vida, ao compreender e praticar Sua Lei do Amor. Foi o que também levou o filósofo Léon Denis a dizer que a alma dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal, desperta no homem e prossegue evoluindo na condição de anjo (In: O problema do ser, do destino e da dor. Ed. FEB).
Desse modo, a alma é elaborada na matéria, mas para tornar-se individualizada, é-lhe acrescentado o elemento inteligente universal, princípio espiritual. Nesse ponto, é criada a individualidade do espírito.
Por que surge a alma? Porque estamos nos transformando, desde a elaboração divina dos elementos primitivos, para atingir a perfeição (questão 132 do LE). Primeiro, no reino material, em seguida, individualizados, no espiritual. Quando tal acontecer, teremos atingido o para quê: para alcançarmos a felicidade dos espíritos perfeitos, como colaboradores divinos.
Tudo isso, pelo Poder da Vontade de Deus, expresso nesta frase: Fiat lux (Gênesis, 1: 3). E a luz foi feita.
Aproveitemos, pois, para realizar todo o bem que pudermos. Desse modo, aprendendo e trabalhando sempre, em prol do bem de todos e sob a direção de Jesus Cristo, já estaremos recebendo, desde já, o cêntuplo do que dermos ao nosso próximo (Mateus, 19: 29), sem o qual não é possível existirmos.
Como também não haveria necessidade da existência divina sem nossa incessante transformação em seu infinito Amor nos reinos material e espiritual, que interagem eternamente. Assim, a própria razão do Ser divino justifica-se por sua obra, que não se confunde com Ele, mas que, como projeção do Seu pensamento, da Sua vontade, na substância material e espiritual, age de modo incessante, sábio e eterno, amando até mesmo os tolos que duvidam de Sua existência.
Somos todos, portanto, interdependentes, pois, como diz Paulo: "Em Deus existimos, em Deus nos movemos". Ao que completamos: convivemos, nos amamos e nos transformamos.
Fica com Deus, amigo; Deus te proteja, amiga.

Um comentário:

  1. A crônica "Em dia com o Machado 53" trata sobre um assunto que interessa a todo o mundo, mesmo que nem todo mundo se dê conta disso: a finalidade da vida.

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